Principal instituição de ensino superior da Nova Alta Paulista, a UniFAI (Centro Universitário de Adamantina) é a “menina dos olhos” de Adamantina, movimentando a economia, gerando emprego, além de oferecer oportunidades de graduação próximo a casa dos estudantes. Por ser uma autarquia municipal, a Instituição também é alvo constante de questionamentos, de alunos, pais, políticos e membros da comunidade local.
E, nos últimos meses, protestos, fechamento de cursos por falta de demanda e cobranças do Legislativo trazem preocupação aos adamantinenses sobre o futuro da Instituição.
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O IMPACTO traz nesta edição uma entrevista com o reitor Paulo Sérgio da Silva, que mostra otimismo e é enfático ao dizer: “sou tranquilo em relação ao futuro da UniFAI”. O professor universitário assumiu o comando da autarquia municipal em junho de 2017 e segue até junho de 2021. Confira:
IMPACTO – A impressão que parte da sociedade tem é que hoje a UniFAI é uma “caixa preta”, pouco transparente e que esconde uma realidade preocupante em relação ao futuro da Instituição. O que tem a afirmar sobre isso?
Paulo Sérgio – Não concordo que a sociedade pensa desta forma. Acredito que apenas algumas pessoas pensam assim. Costumo sempre dar o exemplo do copo pela metade: você pode dizer que está quase vazio ou que está quase cheio, questão de ponto de vista. Reafirmo: acredito que os questionamentos são de algumas pessoas, mas a sociedade adamantinense não pensa desta forma. A UniFAI está indo muito bem. É uma Instituição totalmente transparente, todas as informações estão disponíveis no Portal da Transparência. Somos fiscalizados pelo Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público, Câmara Municipal, Ministério do Trabalho, Conselhos dos cursos, e não temos nenhum processo, nenhum impedimento do ponto de vista legal. Então não vejo motivos para dizer que não somos transparentes. Somos totalmente transparentes e, se não fossemos, não estaríamos aqui trabalhando, pois a Lei não deixa. Sou tranquilo em relação ao futuro da UniFAI e, sobre minha gestão, respondo com números: em 2017 pegamos a Instituição com R$ 14 milhões em caixa e, hoje, está com R$ 32 milhões. Este resultado diz muito. E tenho esse posicionamento, pois os cursos estão se consolidando e criando novas graduações.
IMPACTO – Os movimentos de cobranças e protestos de alunos do curso de Medicina acabaram “arranhando” a imagem da Instituição fora de Adamantina. O que a direção tem feito para reverter isso?
Paulo Sérgio – Costumo dizer que todas as cobranças do curso de Medicina são legítimas, os alunos estão no direito de reivindicar. E se eu estivesse no lugar deles, também cobraria. Estamos trabalhando, fazendo convênios, realizando a licitação do laboratório virtual, construindo o Bloco V, contratando professores, fazendo o curso de Medicina ficar redondinho e atender todas as demandas. Apoiamos no ano passado o 1º Congresso de Medicina e continuaremos apoiando. São avaliadas com sucesso as Ligas [grupos que buscam complementar a formação do aluno em determinada especialidade], o trailer está funcionando, sendo possível realizar atendimento aos alunos da escola Eurico, o Ambulatório de Especialidades também vem sendo importante para a população, os estudantes estão nos Postos de Saúde… tudo mostra que estamos avançando! Quero deixar claro que todo começo de um novo curso passa por isso, é algo natural. Como os professores de Medicina sempre dizem: a cada semestre é um parto, pois tudo é novo. Estamos fazendo o possível. Os alunos elogiam a parte teórica e, a prática, estamos construindo, avançando.
IMPACTO – As promessas feitas em relação ao curso de Medicina, que visam tornar Adamantina um centro regional de saúde, devem ser concretizadas em que prazo?
Paulo Sérgio – Adamantina como referência em saúde já começou a ser concretizada. Nós tivemos avanços, como exemplo, o Centro Integrado de Saúde, a reforma da UTI [Unidade de Terapia Intensiva] da Santa Casa, investimentos no Pronto Socorro, todas as UBSs [Unidades Básicas de Saúde] estão com estudantes, tudo começou. Você pode dizer, mas é pouco. Medicina é um curso diferenciado, uma graduação que não pode andar sozinha. Medicina é um curso desenvolvido junto a Prefeitura, Câmara dos Vereadores, Judiciário, comunidade, o curso de Medicina é criado para corresponder à sociedade. Sabemos que a UniFAI é uma autarquia, e tudo precisa de Lei. Queríamos que fosse mais rápido, mas a burocracia, a legislação não deixa. Porém continuamos insistindo nas coisas que faltam, e posso te garantir que falta muito pouco. O reconhecimento do curso vai acontecer!
IMPACTO – Os demais cursos da Instituição caminham bem? Faça um balanço:
Paulo Sérgio – Tem uma frase do Obama que gosto muito: “o mundo mudou, e precisamos mudar com ele”. Alguns cursos mudaram e a Instituição precisa mudar algumas demandas que não existem mais. Em compensação tem outros cursos que caminham muito bem: Agronomia, Medicina Veterinária, Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Ciências Contáveis, Direito e outros. Agora, alguns cursos que não temos demanda, para não perder a área, podem ser transformados em tecnológico ou ser modificados para novas graduações. Estamos formando uma comissão voltada para captação e retenção de bolsas, além de inovar, e criar novos cursos e novas oportunidades. Então fico com essa frase do Obama, precisamos sim acompanhar essa mudança. Enfatizo que a oferta de cursos não é estática. E, tem que se avaliar também que a UniFAI é uma autarquia municipal que concorre com outras instituições particulares do mercado. As coisas aqui acontecem de maneira mais lenta, pois tem que seguir uma legislação.
IMPACTO – Como analisa sua gestão como primeiro reitor da UniFAI? Sua posição é de autonomia ou você apenas representa as vontades do Poder Executivo?
Paulo Sérgio – No meu plano de gestão elenquei 66 pontos, sendo que 62% começamos e muitos outros já terminamos, concretizamos os projetos. Mas ainda falta bastante coisa. A nossa gestão não concretizou nem dois anos, então acredito que estamos no caminho certo. Convido todos para que tenham acesso ao nosso plano de gestão, e vejam o que planejamos e estamos trabalhando. Na questão de autonomia, claro que temos uma autonomia relativa, ninguém caminha sozinho. Tenho buscado governar junto com a Prefeitura, Câmara, Judiciário, com a sociedade civil, comunidade, sempre fazendo as coisas de acordo com a Lei. Porém, sempre buscando opinião, sendo aberto. Quer um curso mais envolvido com a sociedade que o curso de Medicina? Mais envolvido com a Prefeitura, com a Câmara, precisamos de Lei para tudo. Então é uma gestão democrática, que não é feita sozinha. Muitos presidentes da República acreditam que o governo tem que ser participativo, tem que haver este diálogo, não pode haver decisões unilaterais e, sim, um diálogo com a sociedade, com os poderes e comunidade. A autarquia tem uma responsabilidade social, então não posso me trancar e ser um ditador, tenho que dialogar. Também delego muita coisa, pois acredito em minha equipe. Sou uma pessoa descentralizada, mas, ao mesmo tempo, quando tenho que centralizar algumas ações assumo a responsabilidade. Busco uma gestão decentralizada, participativa e democrática. Não vejo outro caminho se não for a união. Exemplo disso é a reforma da UTI da Santa Casa, que contou com a união do Legislativo, do Executivo, do Judiciário, da comunidade e da UniFAI.
IMPACTO – Qual a importância dos investimentos da UniFAI na Santa Casa e no Centro Integrado de Saúde?
Paulo Sérgio – A UniFAI tem um compromisso com Adamantina, e a Santa Casa tem que ser a referência. Os investimentos vão trazer mais volume, mais demandas, mais aprendizado aos alunos. E não será feito apenas pela UniFAI, que tem que ter ajuda da Prefeitura, dos municípios da região, Câmara, Judiciário, pois em um futuro próximo os pacientes vão ficar aqui, ao invés de serem encaminhados para Marília ou Presidente Prudente. Outro diferencial são os atendimentos nas UBSs de pediatria, dermatologia, áreas que não havia atendimentos. Então acredito que o copo está pouco mais da metade, já deflagrou este processo.
IMPACTO – Em sua fala você demonstra otimismo, números positivos, mas por que acredita que ainda há pessoas que questionam sua administração?
Paulo Sérgio – “O otimista pode errar, mas o pessimista já começa errando”, diria Juscelino Kubitschek. Sou otimista e na democracia temos que aprender a conviver com o diferente. Fernando Henrique dizia isso! Temos que conviver com as diversidades de opiniões, então acho normal ter pontos de vista contrários. Entendo com bastante tranquilidade, e oposição tem que ter! A sociedade tenho certeza que não olha com desconfiança para UniFAI, ao contrário, tudo que estamos fazendo por Adamantina e pela comunidade tem sido retribuído com vários elogios e muito carinho. Adamantina é a terra da UniFAI.