Isaura Vieira Bitencurt é uma figura bastante conhecida em Adamantina. Há 16 anos, ganha a vida entregando panfletos pelas ruas da cidade. O curioso é que ele faz o trabalho, vestida de uma maneira inusitada. “Na época era faxineira, meu cunhado era radialista e queria colocar algo novo em frente que ele fazia propaganda. Me procurou e perguntou se tinha coragem de me fantasiar de palhaça e entregar panfletos da loja. Disse que sim! Pedi para comprar roupa e maquiagem e comecei a trabalhar imediatamente”, conta.
Relata que durante 3 anos trabalhou em ‘boca de loja’ fazendo divulgação e animando festas de aniversário. Com o tempo foi conhecendo outros comerciantes que ofereceram trabalho para fazer panfletagem pelas ruas. Começando assim a ‘profissão’ de arrancar sorrisos das pessoas. “Quem me deu a primeira oportunidade foi o Mauro Hiroshi, proprietário de uma empresa de fotografia, e o Ivanildo Maia, dono de uma marmoraria. Eles me ajudaram muito no início. Devo muito aos dois. Hoje tenho uma boa clientela e não falta serviço”, relata com gratidão.
Palhacinha Giba
Viúva há pelo menos 30 anos, dona Isaura mora em uma casa simples, no Parque Itamaraty. Toda manhã a rotina é a mesma, após pintar o rosto e se vestir com roupa colorida, sai à tímida Isaura para dar espaço a divertida ‘Palhacinha Giba’. “Quem me conhece sabe que sou muito tímida, mas quando me visto me sinto corajosa. É muito gostoso”, explica. Conta que demorou para descobrir que tinha uma personagem engraçada dentro dela. “Este trabalho me faz um bem danado. É gratificante como sou acolhida pelas pessoas. Quando por algum motivo não posso trabalhar, sinto falta. Demorei para descobrir minha vocação”, conta entusiasmada.
Nesse tempo todo, a ‘Palhacinha Giba’ conta que já conquistou o respeito de muita gente. “Em todo lugar mexem comigo: Olha a palhacinha, olha a palhacinha. Nos poucos segundos de cada entrega, procuro fazer todo mundo sorrir mesmo sem motivo. Acredito que um simples sorriso é capaz de mudar o dia até de quem acordou mal humorado. O que me dá força é a alegria das pessoas.” Assim, todos os dias, a ‘Palhacinha Giba’ trabalha nas ruas de Adamantina e região. Uma rotina de pelo menos 7 horas diária. Ela diz que cobra R$ 50 para entregar mil panfletos e se orgulha de ter conquistado ao longo dos anos uma carteira de cerca de 100 clientes.
De panfleto em panfleto (entregue religiosamente em mãos), ele ganha a vida e a admiração de muita gente. “Entrego os panfletos como se estivesse divulgando meu trabalho. Valorizo quem me dá uma oportunidade, por isso, faço questão de entregar os panfletos de mão em mão, além de fazer propaganda”.
Viúva há cerca de 30 anos, recebe todo mês um salário mínimo de pensão do marido. O dinheiro conquistado com o trabalho de panfletagem reforça o orçamento doméstico. “Consigo ganhar uma média R$ 800 por mês. Ajuda bastante em casa. Se não fosse esse dinheiro a situação ficaria bem difícil. Foi vestida de ‘Palhacinha’ que consegui criar os meus três filhos: Adilson, Rosemeire e Adailton”, relata.
Razão de viver
Isaura conta que deseja continuar trabalhando até o fim da vida. “Enquanto minhas pernas aguentarem e os empresários continuarem acreditando no meu trabalho, continuarei levando alegria pelas ruas de Adamantina. Esse trabalho é minha razão de viver”, encerra.