Um estudo realizado na University of Montreal concluiu que pessoas que se entediam ou se frustram facilmente têm mais inclinação para desenvolver comportamentos compulsivos, como roer as unhas, puxar a barba ou mexer nos cabelos.
O estudante de arquitetura e urbanismo, Caio Vinicius Puiani, tem uma rotina bem agitada e considera-se uma pessoa muito perfeccionista, em relação a faculdade, trabalho, amigos e família. “Procuro deixar todos os momentos da maneira que eu gosto, inclusive os projetos que desenvolvo. Busco sempre alinhar tudo nos mínimos milímetros e nisso tudo quem acaba sofrendo são as minhas unhas”, conta o estudante.
Até agora, roer as unhas era visto como um sinal de stress, ansiedade, nervosismo, fome ou até mesmo aborrecimento. Essa pesquisa contradiz esta ideia e prova que roer as unhas é, afinal de contas, um gesto comum entre pessoas perfeccionistas.
Foram meses de pesquisa com cerca de 50 pessoas participantes. Os cientistas escolheram pessoas que não tinha características de ter qualquer tipo de hábito considerado nervoso (roer as unhas ou arrancar fios de cabelo). Depois de colocar todos os participantes em contextos de stress, relaxamento, frustração e aborrecimento, a equipe de investigadores chegou a uma conclusão.
“Acreditamos que os indivíduos que apresentem este tipo de comportamento são, provavelmente, perfeccionistas”, reforçou Kieron O’Connor, professor de psiquiatria e chefe de equipe que desenvolveu a pesquisa.
Ainda segundo a pesquisa, os investigadores concluíram que este tipo de comportamentos – roer as unhas ou arrancar fios de cabelo – têm uma função temporária quando os indivíduos não estão a conseguir canalizar toda a sua energia de uma forma mais produtiva e, por isso, descarregam a sua energia a roer as unhas em busca da “perfeição”.
Segundo Kieron O’Connor, este tipo de comportamentos podem ser superados através de uma terapia comportamental que exige uma alteração da rotina. Também é possível recorrer a uma técnica que incida sobre todos os fatores subjacentes ao desenvolvimento da tensão.
Embora sejam considerados indesejáveis, esses comportamentos também têm um efeito positivo, segundo os pesquisadores, já que funcionam como uma válvula de escape em situações de estresse ou dificuldade. “Agir repetidamente parece satisfazer a sensação de urgência e proporcionar algum tipo de recompensa”, disse Kieron.