A paixão pelo desenho acompanha o adamantinense Fabiano Burgos Balbino desde criança. Nas primeiras séries da escola já esbanjava talento desenhando figuras realistas.
Mas, foi nos últimos quatro anos que as artes plásticas – através da pintura – entraram em sua vida. Traços precisos, pincel, tintas e muita inspiração dão luz ao trabalho artista plástico autodidata. No ateliê improvisado, cada tela é matematicamente e artisticamente pintada. Fabiano tem quatro anos de carreira, e neste período já produziu mais de 70 obras.
“Uma das obras que mais gostei de produzir e também a mais famosa é o ‘Jardim da Loucura’ (2014). Ela se supera sozinha pelos seus efeitos. Utilizei materiais recicláveis para compor a tela. Foi um trabalho cansativo, porém, prazeroso. Demorei cerca de 20 dias e cheguei a ficar pintando por 16 horas a fio em um único dia”, relata.

A obra é valiosa. Foi a grande vencedora da fase regional do Mapa Cultural Paulista (categoria artes visuais), que aconteceu em outubro do ano passado, em Presidente Epitácio.
“Jardim da Loucura” foi classificado para a fase Estadual que deve ocorrer no primeiro semestre deste ano, na capital paulista.
Resgate do talento
O adamantinense conta que teve seus primeiros contatos com a pintura aconteceu durante um dos piores momentos da sua vida.
“Durante minha adolescência tive envolvimento com drogas. De todo mal temos que tirar as melhores lições. Devido a um surto psicótico causado pela mistura de álcool e droga, fui encaminhado para um hospital psiquiátrico, onde permaneci internado. Foi um dos piores momentos da minha vida, mas, ao mesmo tempo o melhor. Foi ali que minha história com as tintas começou”, relata emocionado.

“Não tinha nenhuma perspectiva de alta, os dias ali eram longos. Num determinado dia, vi numa sala alguns materiais de pintura (telas e tintas) e pedi para usar. Queria ver se o tempo passava mais rápido. Mas, foi a partir dali que teve inicio uma nova fase da minha vida. Através de Deus e da pintura consegui me libertar do vício e deixei o dom de desenhar que me acompanha desde criança se manifestar em sua plenitude. Através das tintas, expresso aquilo que não sou capaz de dizer em palavras”, relata.
Arte singular
“Nunca tive aula de pintura. Não sei dizer qual técnica me enquadro”, afirma. Artista autodidata, Fabiano relata que a pintura abre espaço para um novo mundo. “É como se eu entrasse na historia do quadro que estou criando. Quando finalizo uma obra sento na frente dela e observo por um longo tempo e agradeço a Deus pelo dom”, diz.
Hoje as obras de Fabiano Burgos se destaca pela singularidade. O branco e o preto são marcantes na maioria das obras. “Sempre gostei do desenho com poucas cores (o famoso branco e preto). No início, não tinha condições de comprar os materiais necessários para desenhar temas coloridos, por isso, fui obrigado a me aperfeiçoar neste estilo. Gosto de pintar quadros que façam as pessoas reflexionarem sobre a vida, a se interrogarem”, descreve.
Disseminar a arte
Fabiano cursa atualmente o 5º termo de Desenho Industrial, na FAI. E pretende dar aulas de pintura para sua comunidade do Jardim Brasil, para que outras pessoas tenham uma oportunidade que ele não teve.
“Meu objetivo maior é disseminar a arte. Infelizmente, ainda não dá para viver da arte aqui no interior. Falta incentivo e o que deveria ser ensinado nas escolas esta se perdendo ao longo do tempo. Pretendo fazer minha parte e tentar mudar a realidade do lugar onde vivo”, encerra.
