De líder do grupo da situação a opositor ferrenho do prefeito Ivo Santos, o vereador Luiz Carlos Galvão (PSDB), concede entrevista ao IMPACTO onde ‘solta o verbo’.
Vereador por cinco mandatos, Galvão foi secretário municipal de Gabinete, no início desta gestão, é atual líder da bancada tucana no Legislativo. Graduado em Letras e Pedagogia, possui especialização em Linguística e Produção de Texto. É professor da FAI nas áreas de comunicação e expressão.
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Galvão fala sobre rompimento com Ivo Santos e entre outros assuntos faz uma análise sobre a atual situação política em Adamantina e revela com exclusividade sua saída do PSDB e uma possível mudança para a REDE.
No último pleito o senhor foi um dos maiores apoiadores da campanha que elegeu Ivo Santos. Inclusive comenta-se que grande parte da vitória naquele pleito se deu graças a seu prestígio e trabalho nos bastidores. Hoje pelo que vemos, o senhor é o crítico mais ferrenho que a Administração Municipal enfrenta. Porque houve esta reviravolta? O que realmente ocorreu?
Galvão: Não me considero crítico ferrenho. Faço oposição pontual. Sempre apoiei os bons projetos. Nem apoio incondicional, nem oposição “a priori”. Não podia compactuar com posturas políticas externas a valores que cultivo.
A oposição pontual é extremamente saudável, já a crítica pela crítica somente atrapalha o andamento de qualquer gestão. Neste contexto, não seria melhor criticar assuntos contundentes da cidade e ir realmente fundo na solução deles?
Galvão: Posicionei-me com propostas alternativas. Justificando votos contrários e indicando saídas racionais. Exemplos: votei contra aumentos de impostos, da taxa de iluminação, do Programa ‘Minha Casa Minha Vida’, apresentando, todavia, alternativas viáveis para o aumento da arrecadação e a diminuição de despesas. Propus a casa popular da CDHU em vez da favelização. Oposição, cidadã, agostiniana! “Prefiro os que me criticam porque me constroem, aos que me bajulam porque me corrompem”.
Na entrevista concedida ao IMPACTO na edição passada, a ex-secretária Maria Cristina Dias afirmou que perdia muito tempo respondendo diariamente ofícios a Promotoria sobre denúncias sem fundamentos. O senhor concorda com a afirmação dela?
Galvão: Discordo. As oito denúncias que apresentei ao Ministério Público tornaram-se imprescindíveis. Não se pode ser conivente com malversação do dinheiro público e ações ímprobas e impudicas.
Nos bastidores da política há boatos que o senhor perseguia a ex-secretária Maria Cristina Dias, inclusive chamando-a de ‘prefeita’. Isso realmente aconteceu?
Galvão: Foi ela quem, reiteradamente, agiu, como se ‘prefeita’ fosse. Em várias postagens asseverou: “nesta gestão não”, “vamos irreversivelmente fazer isto”, “decidimos que”, “garanto que”… Ousadia, imodéstia e atrevimento, não, prezados leitores?
Sobre a ‘briga’ do senhor com a secretaria de Cultura Natália Bacchi. O que realmente aconteceu?
Galvão: Não houve ‘briga’ no sentido denotativo da palavra. E sim indignação contundente, vez que ela boicotou uma Emenda de R$ 60mil, destinada a meu pedido, pelo deputado Aldo Demarchi (DEM), à nossa Biblioteca Municipal. Maior crime cultural contra nossa comunidade, mormente contra jovens e estudantes, que deixaram de receber gratuitamente mais de 2000 livros. A farsa foi ‘desmontada’ na Justiça.
Existe a possibilidade de uma aliança entre o senhor e o prefeito Ivo futuramente?
Galvão: No referente a eventuais proposições que visem ao bem-comum, SIM. Em termos de convivência partidária e de apoio eleitoral, NÃO.
Sobre a contração da ‘Castelucci’ pela Prefeitura qual a análise que o senhor faz sobre este assunto?
Galvão: Ilegal e imoral! Segundo técnicos e estudos abalizados, não há mais o que se COMPENSAR. Temo que a insistência de alguns interessados em descumprir DETERMINAÇÃO judicial promova prisão ou prisões.
Como o senhor avalia a gestão Ivo Santos? Vemos uma população muito descontente com a Administração Municipal. Porque isso ocorre?
Galvão: Muito abaixo da expectativa inicial. Secretariado fraco, incapacidade de reação administrativa, ingerência indevida de membros da família do prefeito nas decisões da gestão municipal, além da ação nefasta de falsos “gurus”.
Qual a análise que o senhor faz da atuação do Legislativo adamantinense?
Galvão: Razoável, mas em ascensão. Todas as emendas destinadas à melhoria da nossa malha asfáltica e à Santa Casa foram fruto do trabalho exclusivo dos vereadores.
O senhor á filiado ao PSDB, o mesmo partido do atual prefeito. Sabemos que os senhores são ‘opositores’ neste momento. Como ficará a situação dentro do partido no próximo pleito? PSDB irar ‘rachar’ de vez?
Galvão: Tenciono sair do PSDB. O partido já não me seduz como outrora, malgrado ainda abrigue excelentes quadros. Covas e Montoro já não existem! No momento, ‘namoro’ a REDE.
Pela situação atual da política adamantinense, o senhor avalia que a oposição tem grandes chances de vencer as próximas eleições? O grupo do Ivo tem alguma ‘carta na manga’ e conseguirá modificar a situação?
Galvão: Qualquer previsão, hoje, seria açodada, sem credibilidade alguma. Quem pertence ao grupo do Ivo ou vai carregar a bandeira dele…?
Sobre uma possível candidatura nas próximas eleições. Existe possibilidade de o senhor encabeçar uma chapa a prefeito ou ser vice ou prefere continuar no Legislativo?
Galvão: Sem definição alguma. Sei apenas que não devo me omitir, mesmo apenas indicando nomes comprometidos com o desenvolvimento de Adamantina, a probidade na gestão da “res pública”, tendo a “práxis” política como principal alavanca da Democracia e das transformações desejadas pela comunidade, tão cidadã! Para se fazer política não é imprescidível ocupar cargo eletivo ou comissionado, basta exercer o direito e o dever de cidadania.
Quais foram os principais trabalhos realizados durante esta gestão?
Galvão: Mais de R$1 milhão em Emendas federais e estaduais, 4 mesas cirúrgicas para a Santa Casa, academia ao ar livre para o Bela Vista, câmara fria para a merenda, 20 toneladas de alimentos para reforço da merenda, 20 mil livros na área de meio ambiente; Projetos, anteprojetos e emendas que ajudaram na conquista do Selo Verde-Azul. Quase 500 indicações, dezenas de ofícios e requerimentos. O mais importante: ajudei a aprovar dezenas de bons projetos do Executivo, rejeitei os não convenientes.
Em qual momento o senhor e o Ivo romperam? Ficou alguma mágoa?
Galvão: Quando fui expulso da secretaria de Gabinete, quatro meses após o início da gestão. Não alimento mágoas! Não poderia, contudo, ver as esperanças que semeamos, durante campanha, nas almas de milhares de adamantinenses, serem carregadas enxurrada abaixo. Não se pode trair o povo.
Quais são os principais problemas enfrentados hoje pela administração municipal e que poderiam ser evitados com boa gestão e vontade política?
Galvão: Falta de liderança do prefeito, de paixão pelo fazer- acontecer. Não engajamento pleno de alguns secretários, diretores e chefes. Ingerência de falsos “gurus” e da família do alcaide.
Quais os pontos positivos da gestão Ivo Santos até o momento?
Galvão: Não perseguição a funcionários, pequeno avanço na área da Saúde e a conquista de 12 equipamentos: ônibus, caminhões, ambulância, retroescavadeira e niveladora.
Quem dentro da Administração realiza um bom trabalho?
Galvão: Alguns diretores, chefes, dois ou três secretários, pessoal da EMDA e centenas de servidores que atuam em todas as secretarias. Registre-se, outrossim, a existência de maus exemplos dentre os trabalhadores da Prefeitura.
Como se dará o cenário político no próximo pleito eleitoral? Ivo será reeleito?
Galvão: Impossível de se precisar hoje. Ele será candidato…? Às vezes, penso que será difícil alguém se apresentar como pretendente à ‘cadeira do 5º andar’. Temos hoje uma dívida em torno de R$ 4 milhões, mais de R$ 3 milhões de Precatórios a saldar, máquina pública ‘inchada’ (mais de 1300 funcionários). ICMS e FPM em queda contínua. Um deveras preocupante…
Considerações finais
Galvão: Parafraseando Graciliano Ramos, “não sei se exerço de boa ou má o mandato popular, talvez pudesse ser pior”! Agradeço sensibilizado as contribuições, via sugestões, críticas e reflexões, de centenas de adamantinenses que, autruísticamente, sempre enriqueceram o meu mandato.