Pela primeira vez em 67 anos, uma mulher comanda o Poder Legislativo Adamantinense. Maria de Lourdes (Dinha), do Democratas preside a Câmara até o fim de 2016.
Com experiência de 12 anos na vida pública, Dinha é vereadora cumprindo seu terceiro mandato. Foi eleita pela primeira vez no ano de 2004 com 525 votos. No mandato seguinte consegui a reeleição ao obter 576 votos. Em 2012, foi a segunda vereadora mais votada. Foi novamente eleita desta vez com 900 votos.
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Dinha é atual vice-presidente do DEM. É graduada em Ciências Biológicas pela FAFIA (hoje FAI), e em Ciências Contábeis pelo Cealpa de Lucélia. Atualmente trabalha no departamento pessoal da Portage.
Na entrevista ao IMPACTO, a presidente da Câmara destaca quais foram suas principais conquistas como vereadora. Revela que está preparada caso o DEM indique seu nome para encabeçar a chapa como Prefeita e afirma “Sem uma coisa que aprendi na polícia foi me preparar e não fugir de toda e qualquer responsabilidade”. Revela como a Câmara está avaliando a sugestão da Loja Maçônica ‘Estrela de Adamantina’ propondo a diminuição dos salários dos vereadores para a próxima legislatura.
Pela primeira vez uma mulher preside a Câmara. Qual o desafio de comandar o Legislativo Adamantinense?
Dinha: Sinto me honrada e claro feliz em ser a primeira mulher a presidir a Câmara, e espero que outras mulheres também ocupem este posto. Por outro lado, tenho plena consciência da dificuldade e responsabilidade que o cargo exige, diariamente, devido à seriedade do Poder Legislativo, mas com a colaboração dos gabaritados funcionários e o apoio e a compreensão dos demais vereadores acredito que tenho cumprido meu papel e por isso estou satisfeita com o que consegui fazer durante o meu mandato.
Quais foram suas principais conquistas como vereadora neste mandato?
Dinha: Além do trabalho diário de atendimento à população, seja na Câmara, no meu trabalho ou pelo telefone, procuro resolver os pedidos dos cidadãos que me procuram junto ao Poder Executivo. Na maioria das vezes este trabalho é silencioso, mas bastante intenso. Porém, quero destacar aqui as verbas para recape que nós do DEM de Adamantina conseguimos trazer nos últimos três anos para o nosso Município, que totalizam cerca de R$ 1,3 milhões e contaram com os trabalhos dos nossos deputados Mauro Bragato, Jorge Tadeu Mudalem (Aguinaldo Galvão), Eleuses Paiva, Mendes Thame e outros amigos. Foram recursos para pavimentação e recapeamento, Santa casa, Lar dos Velhos, Apae, entre outras áreas.
Você é atual vice-presidente do DEM que conta com a maioria na Câmara. Quais as principais contribuições que sua bancada trouxe para Adamantina nos últimos anos?
Dinha: Todos que compõem a bancada do DEM na Câmara Municipal se dedicam para trazer conquistas para o município. Como já citado anteriormente, a maior contribuição sem dúvida foi a conquista de mais de R$ 1,3 milhões para Adamantina. Mas acredito que outra grande marca dos Democratas no Legislativo seja a postura independente, porém, voltada ao bem de Adamantina, sem interesses particulares, dessa forma temos fiscalizado, cobrado e aprovado todos aqueles projetos que beneficiam a população como um todo e claro rejeitando os que não vêm ao encontro com o interesse dos adamantinenses.
Passado todo o processo, como avalia a atuação do Legislativo. Acredita que os vereadores cumpriram seu papel com imparcialidade ou foram movidos por questões políticas?
Dinha: Fomos muito cobrados quando não podíamos fazer nada, porque o processo corria em Segredo de Justiça, porém, na hora que chegou a nós cada um cumpriu o seu papel de representante da população com responsabilidade e imparcialidade e acima de tudo de fiscalizador dos atos do Executivo.
Qual o principal problema que Adamantina enfrenta atualmente (de maneira geral e na política)?
Dinha: A crise financeira, sem dúvida alguma. Como já comentei em outras entrevistas, se o prefeito Ivo Santos tivesse administrado a Prefeitura com os pés no chão, valorizando mais os funcionários de carreira para cargos importantes (diretor e secretário) em vez de trazer pessoas de fora, como também lidado melhor com certas situações administrativas, com pensamento empreendedor e não de político, a situação hoje estaria melhor; ele não soube escolher seus secretários, sendo a maioria de fora, porque em Adamantina existem pessoas com potencial suficiente para serem ótimos secretários; enfim, faltou pulso e amor por Adamantina. E os fatos lamentáveis e desencontros ocorridos durante a administração dele contribuiu para que política em Adamantina se desgastasse e generalizasse a classe política de maneira negativa. É uma pena!
Não é segredo para ninguém a crise financeira que a Prefeitura enfrenta atualmente. Postos de saúde sem medicamentos, obras paralisadas, ruas esburacadas, etc. Como você analisa esta situação. Consegue enxergar uma solução a médio e longo prazo?
Dinha: É difícil. Solucionar 100% em um espaço tão curto de tempo, acredito ser impossível. O novo prefeito tem ido pelo caminho certo, tem enxugado ao máximo os gastos da Prefeitura e buscado convênios, parcerias de forma que crie condições de receber mais um pouco dos de impostos atrasados. Espero estar equivoca nesta questão, para o bem do nosso Município.
Você cumpre seu terceiro mandato como vereadora. Comentam-se nos bastidores que você tem experiência e nome forte para encarar uma possível disputa como prefeita ou vice. O único impedimento é que o DEM tem muitos nomes de peso dentro do partido. Caso seu nome seja aprovado você está preparada para encarar o desafio?
Dinha: Nosso partido é hoje composto por pessoas com boa reputação no cenário político, que querem o bem de Adamantina e não do seu próprio bolso ou de seus aliados, o que as colocam como ótimas opções para uma candidatura a prefeito. E a população pode ter certeza que decidiremos pelo melhor nome, levando em consideração justamente esses princípios.
Agora, apesar de ter apenas 12 anos de trajetória política, se tem uma coisa que aprendi nesse tempo, inclusive como presidente da Câmara, foi me preparar e não fugir de toda e qualquer responsabilidade.
Até o momento, a Câmara não aprovou o requerimento da Loja Maçônica ‘Estrela de Adamantina’ protocolado em 20 de janeiro propondo a diminuição dos salários dos vereadores para a próxima legislatura. Qual o motivo?
Dinha: Vale deixar claro que o requerimento não veio para ser aprovado, e sim na forma de sugestão. E temos ainda um tempo para avaliar e trocar ideias com nossos colegas vereadores até resolver a questão. Quando tivermos um consenso, será elaborado um projeto e este sim será colocado em votação no plenário.
Você é contra ou a favor a diminuição dos salários dos vereadores?
Dinha: O atual valor já na tem correção desde 2015. Temos segurado exatamente porque sabíamos que a situação econômica do país poderia se complicar. Na minha opinião cada vereador deve “pagar” o seu salário, com trabalho e conquista de verbas para o município. Eu tenho certeza que faço minha parte. Além disso, nossa Câmara é muita enxuta, todos os anos trabalha com um orçamento bem abaixo do que tem direito, deixando o restante para a Prefeitura, e no final do ano ainda devolve dinheiro para ser investido em áreas necessárias. Outro ponto que precisa ser esclarecido: o vereador não trabalha somente nas duas sessões ordinárias que ocorrem no mês, temos extraordinárias e, principalmente, atendemos todos os dias na Câmara e colaboramos muito financeiramente entidades, associações, eventos, etc. Enfim, em vez de redução, compete a população analisar se o seu vereador tem feito jus ao salário.
Como você avalia a situação política local que culminou com a cassação do ex-prefeito Ivo Santos?
Dinha: Fico triste por Adamantina ter que passar por isso, porque ficará marcado na história da nossa cidade. Mas o sentimento meu e dos demais vereadores é de dever cumprido, com certeza.
Comentam-se nos bastidores que o Dr. Pacheco poderá não aguentar a pressão e deixará o cargo de prefeito antes de terminar o mandato. Caso se confirme esta teoria, como presidente da Câmara teria que assumir a Administração Municipal. Você está preparada caso isso ocorra?
Dinha: Acredito muito que o Dr Pacheco irá concluir seu mandato. A Câmara tem o apoiado para isso. E espero que não seja necessário eu assumir a Prefeitura, mas, digo com toda a certeza, com o apoio dos meus companheiros de partido e também de Câmara, dos amigos e de toda a população, me sinto capaz para enfrentar tal responsabilidade se ela surgir. Mas quero deixar claro que não torço para isso.
Acredita que o prefeito Dr. Pacheco mesmo com boa vontade vai conseguir realizar um bom trabalho?
Dinha: O Dr. Pacheco começou fazendo o certo, alias, o que todos sabiam que era preciso fazer, cortar gastos e tomar decisões definitiva sobre assuntos fundamentais para Adamantina, por exemplo, a oficialização da Fatec, a construção Delegacia Seccional e a regularização do Aterro Sanitário. O que o senhor Ivo Santos não conseguiu fazer em três anos.
Temos vários maus exemplos em Adamantina de obras paradas (UPA, Delegacia Seccional) e outras que demoraram a saírem do papel como o caso da Fatec. A gente sabe da responsabilidade da Prefeitura. Os vereadores são cobrados nas ruas pela negligência e falta de planejamento da gestão municipal. O papel dos vereadores é somente fiscalizar ou poderiam atuar de outra forma? Até que ponto o Legislativo tem responsabilidade nestas situações?
Dinha: Nestas questões fizemos tudo que estava ao nosso alcance e continuamos cobrando. Os vereadores foram várias vezes até São Paulo, participaram de reuniões com representantes pela Fatec, Delegacia Seccional e responsáveis pelos demais impasses existentes no Município, com objetivo de resolver ou pelo menos encontrar possíveis saídas para os problemas que se arrastam por anos. Infelizmente, o vereador não tem a caneta na mão e o poder de executar, por isso não pode ser responsabilizado diretamente pelo atraso dessas obras, afinal em todas as reuniões com o prefeito manifestamos nossa indignação de querer uma solução para esses impasses.
Como você avalia a participação das mulheres na política? Faltam lideranças femininas em Adamantina?
Dinha: Boa, mas precisamos estar em maior número para “lutar” pelos nossos direitos e também mostrar cada vez mais que somos capazes de ocupar postos importantes na sociedade. Para isso necessitamos que mais mulheres se disponibilizem a entrar na política e estar no poder, seja Executivo ou Legislativo, já que toda eleição faltam candidatas a vereadoras nos partidos. Claro que hoje a participação, felizmente, é muito mais expressiva, e espero que neste ano cresça ainda mais nas eleições municipais.
Nas redes sociais é nítida a cobrança que a população faz sobre o trabalho realizado pelos vereadores. Porque isso ocorre?
Dinha: Essas cobranças sempre existiram. Hoje parece ser maior porque o acesso das pessoas às redes sociais está mais fácil. Não acho ruim, pelo contrário, serve também para o político ou ocupante de cargo público saber o que a população realmente espera dele. Mas existe aquela máxima: Se o prefeito vai bem, o vereador é ótimo. Mas se o prefeito vai mal, o vereador não presta. Aproveito a oportunidade para deixar a Câmara aberta aos cidadãos para que venham conhecer de perto o nosso trabalho.