Mais uma vez o assunto é sério, e merece reflexão. Não é de hoje que algumas pessoas insistem em saber a minha opinião sobre a política adamantinense. Por isso resolvi publicar alguns trechos das anotações que fiz sobre as disputas eleitorais que presenciei em Adamantina. Acredito que a resposta pode estar nesses arquivos. Entretanto, como os fatos que registrei são muitos, procurei resumi-los para não castigar os meus poucos leitores. Feita a explicação que o tema exige, vamos às sete últimas eleições municipais.
Em 1988, a eleição foi disputada por dois representantes da velha guarda política, Élio Micheloni e Tino Romanini, sendo vencida pelo primeiro. Fato importante: o apoio daquele que é considerado um dos maiores prefeitos que a cidade já teve, Sergio Gabriel Seixas, foi o divisor de águas na difícil disputa eleitoral. Infelizmente, o prefeito eleito faleceu antes de terminar o mandato, sendo sucedido pelo vice Lulu, que não mediu esforços na tentativa de cumprir as metas estabelecidas pela coligação vencedora.
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Em 1992, a eleição teve três candidatos: Antonio Granado, Cícero Mortari e Ivo Santos, sendo vencida por Ivo. Fato importante: a campanha vitoriosa contou com uma ampla coligação e, também, com o apoio do eficiente grupo do ex-prefeito Sergio Seixas. Com uma equipe de governo jovem, o mandato de Ivo foi marcado por vários equívocos, entre os quais o rompimento dele com o vereador Galvão na véspera das convenções de 1996. Essa briga iria custar caro no futuro, pois a mágoa muitas vezes é eterna.
Em 1996, a eleição novamente teve três candidatos: César Molina, Gildomar Pax Pedroso e José Laércio Rossi, sendo vencida por este último. Estava quebrada a tradição de a situação sempre fazer o sucessor, e começava um período de grande turbulência na política adamantinense. Fato importante: não demorou muito para o prefeito eleito enfrentar uma série de denuncias que iriam culminar numa inédita tentativa de instalação de Comissão Especial de Investigação na Câmara Municipal. No entanto, o secretariado de Laércio, em negociações “misteriosas” com alguns vereadores, evitaria que isso acontecesse.
Em 2000, a eleição teve dois candidatos: José Laércio Rossi e Mauro Cardin. Numa disputa acirrada, o candidato lançado por Toninho Bazzo foi derrotado nos detalhes. Aliás, na reta final da campanha, enquanto eram afastados do comitê de Laércio os correligionários com rejeição popular, no comitê de Mauro acontecia o contrário. Fato importante: tendo vencido o pleito com uma diferença de apenas 67 votos, Laércio logo enfrentaria um processo de cassação no legislativo, porém o seu competente secretariado, em novas negociações “misteriosas” com alguns vereadores, mais uma vez, iria reverter a situação.
Em 2004, a eleição teve quatro candidatos: Galvão, Ivo Santos, Kiko Micheloni e Kleber Bragato. Apoiado por diversas lideranças, Kiko foi o vencedor de uma disputa que ficou marcada pelo jogo rasteiro de parte de seus adversários. Fato importante: mesmo não sendo eleito com a maioria dos votos da população e tendo ao seu lado um secretariado até certo ponto inexperiente em administração pública, em pouco tempo o governo Kiko conseguiu resgatar a credibilidade que o município havia perdido nos anos anteriores. E assim, abriu o caminho para a sua reeleição.
Em 2008, a eleição teve apenas dois candidatos: Kiko Micheloni e Genildo dos Santos. Isso porque o elevado índice de aprovação do prefeito acabou assustando a maioria dos seus adversários. Fato importante: com uma reeleição avassaladora, o novo governo Kiko Micheloni passou a sofrer com o desgaste causado pelos equívocos de alguns de seus secretários, o que é natural em qualquer grupo que fique muito tempo no poder. Apesar disso, ninguém percebeu o perigo que esse desgaste poderia representar nas futuras eleições.
Em 2012, a eleição teve quatro candidatos: Beth Meirelles, Ivo Santos, João Grandão e José Roberto Ferreira. Com uma estratégia de campanha bem elaborada, Ivo Santos foi o vencedor. Fato importante: com algumas pessoas complicadas na equipe de governo, e com o antigo aliado Luiz Carlos Galvão no comando da oposição, o mandato de Ivo foi interrompido duas vezes. A primeira pela justiça, e a segunda pelos vereadores. Resta ao prefeito a esperança de reverter sua difícil situação nas instâncias superiores do Poder Judiciário. Enquanto isso, o vice Pacheco vai fazendo sua parte frente aos problemas herdados.
Encerrando este longo e cansativo texto, gostaria de dizer que as noticias sobre as articulações para a eleição deste ano ainda são poucas. Os blefes e as brigas de bastidores já começaram, o que é normal em período pré-eleitoral. De novidade mesmo, podemos citar apenas a inobservância do prazo mínimo permitido para o afastamento do cargo de quem deseja ser candidato, mas ocupa certas funções no serviço público. Esse detalhe pode ter ceifado o sonho dos muitos admiradores do diretor da grande autarquia adamantinense.