Hoje o assunto é um pouco diferente do habitual. Como já disse aos meus poucos leitores, tenho muitas anotações sobre a política de Adamantina. Aliás, pretendo um dia reunir esse material num livro. Sei que essa proposta é até certo ponto arriscada, pois pode desconstruir a imagem de muita gente perante a sociedade. No entanto, por acreditar que devemos preservar a história, penso em correr esse risco. Assim, como aperitivo daquilo que estou pensando em publicar, vamos a um caso ocorrido após a eleição de 2012.
Não que o resultado oficial do pleito daquele ano esteja errado, ou que tenha havido fraude nas urnas eletrônicas. Longe de isso ter acontecido em nossa cidade. O fato é que pouco tempo depois da contagem dos votos, os eleitores que declaravam ter votado no João Grandão se multiplicaram. Após a posse do novo governo, o tal fenômeno aumentou ainda mais. Com a cruzada dos 45 contra os 25, o número de eleitores que diziam ter votado no petista cresceu de tal forma que não deixava dúvidas, ele havia “ganho” a eleição.
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Diante de situação tão estranha, não me restou outra alternativa a não ser procurar especialistas em política para saber o que realmente estava acontecendo. E não é que eles, contradizendo a tese de Nelson Rodrigues, chegaram a uma conclusão unanime sobre a migração de votos. Muitos eleitores estavam envergonhados por ter perdido uma eleição que contavam como macuco no embornal, e para evitar gozações “mudaram” o voto depois do pleito. Outros, com receio de sofrer perseguições haviam seguido o mesmo caminho.
Porém, o laudo técnico dos especialistas não era conclusivo. Eles entendiam que com o passar do tempo os votos poderiam retornar aos seus verdadeiros donos. Mas para que isso ocorresse era necessário que o novo governo tivesse mais acertos que erros no decorrer do mandato. Como alguns membros do alto escalão da administração não corresponderam aos anseios da população, em meados de 2015, segundo uma dessas pesquisas secretas que nenhuma pessoa vê, o número de eleitores que diziam ter “votado” em João Grandão atingiu a expressiva marca dos 55%.
Acontece que o poeta Cazuza estava certo quando cantava que o tempo não para. Neste ano teremos novas eleições. Ou, como algumas pessoas preferem, acerto de contas na política da cidade. A propósito, pelo que se fala nos bastidores, no pleito que se aproxima não haverá lugar para os fracos. Dessa forma, quem viver poderá ser testemunha de uma história que pode ter um final trágico. Resta saber quem será o agraciado com os votos pós-eleição, que pelo andar da carruagem deverá quebrar o recorde conquistado por João Grandão.
Obs: Agradeço a colaboração dos especialistas em política Carlinhos Bibi, Fernando Jacinto, Orlando Japonês, Toninho da Câmara e Turra. Este texto só foi possível graças às informações que recebi desses amigos.