Combater abusos e violação de direitos humanos sofridos pelos usuários da saúde mental é o objetivo do movimento antimanicomial. Neste sentido, o curso de Psicologia das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) realiza nesta quarta-feira, 18, uma programação especial para celebrar o Dia da Luta Antimanicomial.
“Essa é uma questão muito relevante que começou em 1989, em Bauru, quando tivemos equipes de saúde discutindo a possibilidade de construir uma política de saúde mental que não fosse pautada apenas na farmacologia e na atenção psiquiátrica. Por isso é recorrente a gente falar em luta antimanicomial, ou seja, uma mobilização pelo fim dos manicômios. Sendo assim, a gente teria que pensar serviços em saúde mental no cotidiano das cidades que envolvessem a atenção primária [como as unidades do Programa de Saúde da Família e os Postos de Saúde], a atenção secundária [ambulatórios e hospitais de atendimentos gerais] e, se necessário, a internação na atenção terciária [hospitais especializados]”, explicou o coordenador de Psicologia da FAI, Prof. Me. Cassiano Ricardo Rumin.
Essa mobilização culminou na aprovação, em 2001, da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001), também conhecida como “Lei Paulo Delgado”, que determina o fechamento progressivo dos leitos manicomiais e a estruturação de serviços de saúde mental tanto na atenção básica quanto na secundária.
A programação do evento desta quarta na FAI prevê que, das 9h às 12 horas, os participantes acompanhem no Auditório Miguel Reale, no Câmpus II, uma palestra intitulada “Serviço Residencial Terapêutico: relato de experiência do Serviço Cândido Ferreira”. À tarde, das 14h às 16 horas, a palestra pretende questionar: “Saúde Mental existe?”.
A palestrante convidada para os dois momentos é a psicóloga Veridiana Fátima Marucio, mestre em Psicanálise pela Université Paris 8 (França), membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise e gestora dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) Cândido Ferreira, de Campinas.
“O Cândido Ferreira é um serviço público de saúde mental que presta uma diversidade de serviços ligados a essas políticas públicas da Reforma Psiquiátrica. No caso específico, a Veridiana é responsável pela supervisão do funcionamento dos Serviços Residenciais Terapêuticos, que são moradias que existem no município de Campinas e que abrigam pessoas que tiveram históricos de longa internação hospitalar e que têm uma boa condição de se cuidar no cotidiano, de viver no espaço da cidade. Eles recebem monitoramento, têm cuidadores, pessoas que organizam o cotidiano dessas residências, mas estão morando numa casa fora do hospital psiquiátrico. Esse modelo de prestação de serviço residencial terapêutico é muito importante para o estabelecimento dessa nova política de saúde mental”, pontuou Rumin.
O evento, gratuito, deve ser finalizado com uma oficina de artes plásticas entre as 16h e 17 horas e é aberto para alunos de diversos cursos, profissionais de diferentes áreas e a comunidade em geral.