Arvim, Danielzinho, Doradinho, Toninho e Valtinho da GM. Não, não se trata da formação de um grande time de futebol de salão, e muito menos de uma equipe de basquete. Ainda assim, como Moisés Neto disse enquanto degustávamos um caldo de piranha preparado por Mario Sã e Luiz Canjirão, os cinco nomes acima citados têm gostos e costumes muito parecidos.
A começar pelas cervejas que tomam, que têm que ser daquelas garrafinhas conhecidas por buldoguinhas. Também gostam de pescar, isso apesar dos acidentes que costumam sofrer no rio Tietê. É difícil saber quantas mordidas de traíras e piranhas o quinteto já levou em suas pescarias. Aliás, existe até uma proposta de estudos científicos em torno desse assunto.
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Dizem que o Toninho, na condição de vítima preferida dos peixes, deveria ser estudado pelos doutores de 18 mil reais da FAI. Explico. As mãos desse nosso amigo, quando mutiladas por traíras e piranhas se regeneram mais rápido que rabo de lagartixa. O duro é encontrar alguém que tenha coragem suficiente para encarar um caldo feito com as piranhas que ele pesca.
Arvim, por motivos óbvios, costuma dizer que quem come peixe pescado por Toninho, tem vocação para canibal. Porém, Arvim também tem o seu ponto fraco. Segundo os amigos, basta passar pela fazenda Jacarezinho para esse nosso herói chorar mais que as famosas carpideiras nordestinas. Tudo porque num passado distante, ele foi muito feliz naquelas paragens.
A propósito, no sagrado local da choradeira só existe as ruínas do antigo lar e parte das árvores que Arvim plantou: um pé de sete copas, um pé de abacate e um pé de jaca. Do pé de limão galego que nosso amigo tanto gostava, não resta nem sinal. Mas deixando de lado as saudosas memórias do grande vendedor de café Brasil, vamos ao chefinho do grupo.
Doradinho é um sujeito emblemático. Era praticante da pesca predatória, e de uma hora para outra virou ambientalista. Diante de tamanha mudança, há quem diga que ele recebeu uma graça divina. Na cidade é uma pessoa tranquila, mas na beira do rio se transforma. Presa fácil das traíras e das piranhas, costuma confundir cachorro do mato com urso.
Danielzinho e Valtinho da GM também são pescadores, mas participam pouco das aventuras dos outros três amigos. No máximo se encontram no Mercadinho Dia-a-dia, para tomar as cervejinhas de 300ml. Mesmo assim, se a turma do bairro resolvesse formar um time de futsal, por algumas “coincidências”, os dois seriam titulares absolutos, como pode ser visto a seguir.
Na fictícia selva de Bengala, na África Equatorial, habita um conhecido personagem dos amantes das histórias em quadrinhos. O Fantasma, também chamado de espírito que anda, é um grande defensor dos fracos e dos oprimidos. São famosas as lutas dele contra os malfeitores que lá existem, principalmente quando estes atacam as tribos mais indefesas.
E é justamente nas características de uma etnia dos amigos do Fantasma que reside a grande semelhança entre os coleguinhas pescadores. O povo Bandar, cujas armas são zarabatanas municiadas com dardos envenenados é, literalmente, a versão africana do quinteto das cervejinhas de 300 ml. Quanto as tais “características”, pesquise caro leitor, pesquise… Afinal, um dardo envenenado deve doer bastante.
Dedico este texto aos amigos Djalma da oficina, Nenê borracheiro, Luiz japonês, Antonio Namba, Geraldo Namba, Fernando mecânico, Gildo do Tupãzinho, Biro-biro de Lucélia, Xamega de Lucélia, Marquinhos encanador, Cido dos móveis usados, Marcos cabeleireiro e a todos os cachaceiros da região.