“A experiência bem mostra que os melancólicos de que hoje nos compadecemos nada mais são do que os deslumbrados que outrora tivemos de aturar”. (Mauro Cardin)
Com o quarto escuro da política lotado até a tampa, escrever sobre certos assuntos em Adamantina, além de ser muito arriscado, é a mesma coisa que chover no molhado. Por isso, hoje recordarei mais alguns daqueles casos inusitados que só acontecem em nossa cidade.
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Em maio de 1958, os cidadãos Francisco Dario Toffoli, Oswaldo Fiorillo e Tino Romanini, participaram de um evento público que demonstrava bem o espírito cristão e o caráter dos grandes pioneiros da Cidade Joia. Explico.
Como fazia muitos anos que o cavalo Guarani puxava a carroça que fazia a coleta do lixo urbano, as autoridades citadas entenderam que estava na hora de aposentar o valoroso animal. Assim, fizeram uma justa homenagem ao equino, com direito a discurso e tudo o mais que a ocasião exigia. Com certeza, o nobre gesto foi o primeiro ato em defesa dos animais registrados em Adamantina.
Tempos depois, outro fato envolvendo um Guarani, desta vez o extinto time de futebol, entraria para a história da cidade. Na época, o time de Flórida Paulista era um dos mais difíceis adversários do bugre da Nova Alta Paulista, e num dos épicos confrontos envolvendo as duas equipes, alguns adamantinenses montaram uma estratégia que pensavam ser infalível para vencer o disputado clássico: dopar alguns jogadores adversários.
Seguindo a risca a tática montada, Julião e Fauzer Santos colocaram um forte sonífero numa das bolsas d’água que a equipe usava para matar a sede dos atletas, mas se esqueceram de avisar o massagista Luizão que aquela bolsa d’água era para o time visitante. Não deu outra, um jogador do Guarani se machucou, e Luizão correu para o campo com as bolsas d’água. Por azar, a água “batizada” foi parar nas mãos dos jogadores bugrinos. Resultado: mais uma derrota para o time de Flórida Paulista e muita confusão entre os membros da diretoria do Guarani.
Mas esquecendo um pouco o passado, agora vamos a dois fatos recentes que podem muito bem entrar para o rol dos casos inusitados da cidade. O primeiro envolve os pescadores Arvim, Mario Sã e Maia Eletricista, e termina de maneira trágica para pelo menos três dúzias de caranguejos. Não é que o vendedor do genérico do café Mirandinha enfiou na cabeça do representante de comércio exterior (Maia vende bugigangas do Paraguai) que o pescador Nivaldo de Araçatuba faz ceva com caranguejo para pegar piauçus.
Mario Sã desconfiou da conversa de Arvim, mas o incauto Maia tanto insistiu que a dita ceva daria certo, que acabou convencendo o japonês. Depois de levar várias furadas nas mãos ao prepararem gaiolas velhas para colocar os pobres caranguejos, os dois rumaram para o rio Feio. Chegando lá, mergulharam o estranho apetrecho com os bichinhos na água, e ficaram esperando as fisgadas dos piauçus. Muitas horas depois, como nada acontecia, resolveram mudar as gaiolas de lugar e finalmente perceberam que caranguejo…morre afogado.
Já o segundo caso inusitado recente não tem nada de engraçado, e está fazendo muita gente refletir. Começando pela lisura das pesquisas eleitorais divulgadas, passando pelas malfadadas coligações proporcionais que alguns autointitulados conhecedores da política local fizeram, e terminando com 9.056 eleitores não votando em nenhum dos dois candidatos ao cargo de prefeito, ou seja; 6.798 abstenções, 1.224 votos nulos e 1.034 votos brancos.