Há dois meses a Clínica de Repouso Nosso Lar corria o risco de encerrar as atividades. Com engajamento da sociedade civil de Adamantina, mobilizada pelo Poder Judiciário e Ministério Público, a entidade iniciou transformação para se tornar referência nacional em cuidado com a saúde mental.
Como novo nome e nova proposta, o PAI (Pólo de Atividades Integrado) foi apresentado oficialmente na terça-feira (21), mas já começou a se estruturar visando dinamizar o atendimento realizado pela instituição.
Ao final da transformação, o PAI beneficiará 60 mil pessoas de toda a região, que passarão a contar com pólo de atividades esportivas, culturais, saúde e integração.
De acordo com projeto, serão criadas três residências terapêuticas em um prazo de aproximadamente seis meses, que receberão parte dos pacientes de acordo que determina a Política de Saúde Mental. Desde 2001, os hospitais psiquiátricos vêm sendo, gradativamente, fechados e substituídos pela Rede de Atenção Psicossocial. “A Política de Saúde Mental foi estabelecida pela Lei Federal 10.216/2001, que proibiu a permanência da internação definitiva do paciente portador de transtorno mental. O modelo de hospital manicomial precisa ser transformado para o modelo de residências terapêuticas, o que já vem sendo providenciado pela Prefeitura de Adamantina”, explica o promotor de Justiça, Rodrigo de Andrade Figaro Caldeira.
Além disso, serão criados leitos psiquiátricos na Santa Casa, comunidade terapêutica para atender os dependentes de álcool e droga e serviço de reabilitação comunitária, o CAPS tipo 3 (Centro de Atenção Psicossocial). Este serviço ambulatorial minimizaria os encaminhamentos para internações, já que o paciente é assistido, dentro de um protocolo específico, priorizando a convivência dentro do próprio núcleo familiar, o que é mais positivo à sua recuperação e qualidade de vida. “Serão multiplicados os serviços na área de atenção psicossocial”, destaca o consultor contratado pelo Ministério Público, Nelson Fernandes Júnior.
Ainda segundo o consultor, o recurso disponibilizado à Clínica por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), de R$ 218 mil, é suficiente para implantação da rede de saúde mental até o Governo Federal disponibilizar a verba de auxílio às estruturas propostas.
PAI
No atual espaço físico da Clínica, sete pólos serão construídos visando transformar em um espaço de convivência. O projeto foi elaborado pelo escritório do arquiteto Pedro Garcia Lopes, que envolveu, também, cinco integrantes da sua equipe: Andrelise Trindade, Caio Puiani, Diego Rodrigo, Izabel Vieira e Karina Funayama.
O PAI contará com pólos Livre (formado por bosque, espaço de convívio, hortas, cultivo de flores e playground), Esportivo (quadras, campo, piscinas, entre outras atividades), Cultural (oficinas terapêuticas de artesanato, gastronomia e leitura), Produtivo (tudo o que for produzido pelas oficinas será comercializado pelo PAI), Administrativo (recepção, administrativo e serviços técnicos), Cuidado (atendimento imediato e permanente de pacientes) e de Integração (teatro multiplataforma).
Gestão
Após a definição dos novos rumos da Clínica, teve inicio o processo de capacitação dos profissionais objetivando uma nova estrutura de atendimento, que será gerida por conselho diretor formado por membros da sociedade civil, em parceria com Prefeitura e UniFAI (Centro Universitário de Adamantina). O Ministério Público e Poder Judiciário darão suporte à nova gestão.