A chegada do inverno põe à mesa o mais tradicional prato da culinária nacional, a famosa feijoada. E como harmonizar vinho com esse prato robusto, gorduroso, vigoroso, cheio de sabores?
Há grande controvérsia em torno da harmonização: uns dizem que os vinhos tânicos não combinam com o prato, outros afirmam que é exatamente a tonicidade que é a responsável pela boa harmonização. Uns indicam vinhos leves e refrescantes para contrastar com a gordura e densidade, outros afirmam que tais vinhos são muitos delicados para a opulência da feijoada.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Levando em conta que gosto não se discute e que a melhor harmonização é aquela que lhe traz prazer, minha intenção é simplesmente compartilhar algumas experiências.
Pois bem! Duas harmonizações de que gostei foram com vinho tinto tânico e espumante rosé seco.
É bom lembra que quando se fala em harmonização temos duas regras básicas: ou se harmoniza por semelhança, ou se harmoniza por contraste.
A harmonização por semelhança leva em conta que a feijoada é um prato pesado, robusto e complexo, que exige um vinho também pesado, robusto e complexo. Um tinto encorpado, portanto.
Já na harmonização por contraste o peso do prato deve estar em oposição à delicadeza e frescor do vinho, portanto, pode ser um bom espumante seco.
Na harmonização por semelhança levamos em conta que a feijoada tem dois elementos principais, que são a gordura e o sal. Para a gordura nada melhor do que vinhos com bastante taninos, pois eles enfrentam muito bem a gordura, limpando o paladar. Ademais, o peso do prato e o clima frio requerem um vinho encorpado e tânico. Por outro lado o vinho deve apresentar boa acidez (lembre-se da combinação com caipirinha) que traz uma sensação de frescor e ajuda a quebrar a gordura e a atenuar o sal . Já o defumado das carnes recomendam vinhos com passagem por carvalho, que se alinham ao sabor do prato. Então um vinho produzido com uvas tannat, com passagem por madeira, são os ideais, em minha opinião. Cabernet sauvignon também pode ser uma boa pedida.
Os grandes tannats são produzidos no Uruguai, mas temos também alguns bons nacionais. É o caso do Don Laurindo, safra 2012, um vinho de bela cor vermelha, com aroma frutado e presença da madeira de carvalho, que combinam perfeitamente com o defumado da feijoada. Na boca apresenta-se bastante complexo e estruturado, com taninos robustos e maduros que fazem frente à gordura do prato e ótima acidez que traz frescura para aguentar o sal e os condimentos. Além disso, tem um excelente custo/benefício, R$ 70,00 na loja virtual da vinícola.
Na harmonização por contraste, que também gostei, embora para mim, fique melhor quando o clima não está muito frio, uma ótima opção é um espumante brut rosé. A perlage (bolinhas) do espumante tem o poder de limpar a gordura e a acidez do espumante traz refrescância para contrastar com o sal e o apimentado, deixando uma sensação muito agradável na boca. Como o Brasil produz ótimos espumantes, minha opção foi por um rosé nacional, o Guatambu rosé brut, produzido com uvas gewürztraminer e pinot noir. Vinhos feitos a partir de gewürztraminer são aromáticos e com sabores agridoces, indicados para enfrentar pratos picantes. Já os vinhos produzidos com pinot noir são leves e delicados e apresentam boa acidez, indicados para contrastar com a gordura da feijoada. Também apresenta ótimo custo/benefício, R$ 64,75 no site da vinícola.
Serviço
Don Laurindo: www.donlaurindo.com.br
Guatambu – Estância do Vinho: www.guatambuvinhos.com.br