
Era 11h30 da manhã desta segunda-feira (30), quando o fornecimento de energia elétrica em cerca de 10 propriedades rurais da Estrada 14, em Adamantina, foi interrompido. Logo em seguida, os produtores entraram em contato com a concessionária responsável, a Energisa, solicitando uma solução.
Passado 6h, prazo de emergência para o religamento da energia elétrica, os produtores rurais contabilizavam prejuízos e indignação devido ao “descaso”. Segundo a produtora Franciele Simionato Silvéria, a energia foi restabelecida somente às 3h, já na madrugada desta terça-feira (31), ficando 14h30 sem o fornecimento no local.
Porém, o caso não é esporádico. Na sexta-feira (27), quando a forte chuva interrompeu o fornecimento em Adamantina por cerca de 2h, os produtores ficaram 12h sem energia, retornando apenas na manhã do sábado (28). Somente na última semana, foram cinco quedas no fornecimento, além de oscilações constantes de energia.
De acordo com os produtores, o problema ocorre devido aos cabos de transmissão serem antigos. Por não terem capa protetora, a fiação em contato com as árvores causa curto circuito, o que faz a tensão da rede cair. “É um problema simples. O que mais revolta é que em apenas 10 minutos os técnicos da Energisa resolvem a questão. O local que precisa trocar os fusíveis é de fácil acesso, fica cerca de 50 metros da estrada. Não tem justificativa para o descaso”, pontua o produtor Valdinei Manzano.
Rodrigo Pereira relembra que há oito anos a linha de transmissão era de responsabilidade dos próprios produtores, que realizam a manutenção e relingavam a energia quando casos, como este, ocorriam. “Agora, não podemos mexer. A responsabilidade é da Energisa. Mas, é tão simples a solução do problema que até mesmo nós resolvíamos. Então, não tem justificativa para tamanha falta de consideração. Se atrasamos o pagamento, logo vem juros ou corte. Porém, todos estão em dia com suas faturas”, enfatiza o produtor.
Prejuízos
Com as quedas constantes, os produtores rurais acumulam prejuízos. Com as últimas duas interrupções no fornecimento, Franciele – que possui um fábrica de queijos e derivados do leite – teve que descartar mais de 20 quilos de produto e correu o risco de perder 900 litros de leite devido à falta de energia para refrigeração. “O padrão de acidez do leite é de 14 a 18°D (graus Dornic). Isso significa que perdeu qualidade e já não posso utilizá-lo. Vou ter que produzir queijos que ‘aceitem’ essa acidez. Em relação aos produtos prontos, como queijos, com a falta de refrigeração solta soro que faz azedar, tendo que ser descartados”, diz.
Produtores de banana também sofrem prejuízos. Segundo Manzano, a fruta tem que ser climatizada durante o processo de maturação. Caso fique 2h sem a refrigeração correta ocasiona a perda de qualidade. “O prejuízo é incalculável. Apesar de o produto poder ser consumido, não ter qualidade para ser vendido em supermercados, por exemplo. Se entregarmos um produto despencando, ele não será comercializado e perderemos o cliente”, explica o produtor, que já teve prejuízo de R$ 2.800 para troca do motor da câmera fria devido oscilação na energia.
Para Pereira, o que revolta é a falta de atenção da concessionária responsável. “Ficamos 10, 15 minutos em uma ligação, ouvindo uma música, e quando somos atendidos não há uma explicação. Desta vez, falaram que estavam trabalhando em outras localidades, por isso não cumpriu o prazo estabelecido de 6h”.
Cansada de acumular prejuízos, Franciele disse que procurará seus direitos. “Irei até o Procon buscar informações do que pode ser feito. Sabemos que a energia pode cair, mas que pelo menos tenhamos um retorno mais rápido. Têm famílias, crianças e idosos que ficam a mercê da vontade da Energisa”, diz, indignada.
