Surto da Síndrome da Mão-Pé-Boca: 100 casos confirmados em Adamantina

Secretário de Saúde, Gustavo Rufino, fala sobre a situação da doença em Adamantina

Secretário de Saúde, Gustavo Rufino, confirma surto de doença em Adamantina (Foto: Arquivo | João Vinícius | Grupo IMPACTO)

Uma doença conhecida como Síndrome da Mão-Pé-Boca causa preocupação em muitos pais depois que cerca de 100 crianças de Adamantina com até sete anos apresentaram os sintomas da infecção. O surto ganhou repercussão após a morte de uma criança de um ano e 10 meses, que frequentava a Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Sonho de Criança, no bairro Mário Covas.

Gabriel Valentin de Souza foi internado no dia 20 de março na Santa Casa de Adamantina, em estado febril, e foi liberado no dia seguinte. Com uma piora no estado do menino, a mãe o levou para um neurologista em Marília, que identificou uma hipertensão intracraniana. Diante de um estado de saúde já grave, a criança ficou internada no Hospital Materno Infantil, onde morreu na segunda-feira (2).

Após a divulgação do caso, o secretário de Educação, Osvaldo José, descartou novo caso de meningite na cidade em entrevista a rádio Life FM. Porém, na quarta-feira (4), a Secretaria Municipal de Saúde divulgou que a causa do falecimento da criança era mesmo meningite viral. “A informação inicial era que se havia descartado a doença. Porém, quando tivemos acesso à declaração de óbito constava que era meningite viral”, informou o secretário de Saúde, Gustavo Rufino.

Morte da criança

A enfermeira técnica da Secretaria de Saúde, Rosemary Mantovani, explicou que Gabriel teve amidalite – inflamação na garganta – e foi internado, bem como afastado da creche. Na época, começou na unidade de educação um surto de diarréia e o surgimento da Síndrome da Mão-Pé-Boca.

“Esta doença, como é causada por Enterovirus A71, pode ter complicação, que dependendo do caso imunológico da criança pode evoluir em uma encefalite, a meningite, alterações neurológicas desencadeadas pela complicação da própria doença”, explicou a enfermeira ao IMPACTO.

Esta é a segunda morte por meningite registrada em Adamantina em seis meses. Em outubro, uma criança de 7 anos, que frequentava a escola Eurico Leite de Moraes, no Jardim Adamantina, morreu por meningite bacteriana.

“Neste último caso, a doença é transmitida por vírus. Não sabemos de onde pode ter contraído, pode ter sido em outra cidade, outro local. Claro que a situação é preocupante, porém a meningite do tipo viral preocupa menos que a bacteriana. Na bacteriana, quem teve contato com a criança deve passar por tratamento, tem cuidados específicos. Já a viral não. Tanto é que não fomos notificados pela Vigilância Epidemiológica de Marília. Quando é bacteriana somos notificados para realizar os procedimentos recomendados nas pessoas que tiveram contato com o paciente”, explicou Rufino.

Síndrome da Mão-Pé-Boca

A creche do Mário Covas tem 70 crianças matriculadas e, destas, 12 foram diagnosticadas com a Síndrome da Mão-Pé-Boca, que já foram afastadas da unidade de ensino. Porém, em todo o município, cerca de 100 crianças podem já ter sido infectadas pela doença, que em alguns casos pode levar a meningite viral.

O principal cuidado para se evitar a doença, segundo a Secretaria de Saúde, é a higienização física e pessoal. “As recomendações giram em torno dos cuidados com a higiene física e também pessoal. Lavagem das mãos e dos alimentos, separar chupetas e mamadeiras, e limpeza de superfícies”, disse Romeire. Na última semana, a unidade de ensino do Márcio Covas ficou fechada para higienização.

Ainda, segundo ela, a doença não tem tratamento específico. “O que existe é tratamento para os sintomas. Amidalite, um antibiótico se for o caso. Febre, um antitermico. Hidratação, e assim por diante. Orientamos também que o profissional médico não pense na internação como primeira opção. A criança já esta debilitada, e se tiver condições de fazer este tratamento em casa que é assintomático, não é exclusivo, então deve-se evitar a internação”, disse.

A Secretaria de Saúde recomenda que o tratamento seja realizado em casa. “Vai dar uma febre alta nos primeiros dias e depois aparecimento de bolhas na boca, na mão e no pé. Mas, o tratamento deve-se fazer em casa. Somente em casos extremos tem que se levar a criança no Pronto-Socorro para internação. Hoje, temos duas pessoas internadas. Caso suba para quatro, o médico infectologista pedirá a interdição da pediatria da Santa Casa. Então, nossa orientação é realizar o tratamento em casa”, disse o secretário.

Procedimentos

Além da higienização da unidade do Mário Covas, a Secretaria de Saúde informou que todas as pré-escolas e creches receberam orientações de como proceder neste momento de surto de Mão-Pé-Boca. “Todas as orientações foram passadas nas escolas, estão tomando cuidados redobrados na higienização dos locais e alimentos. As crianças devem ir à escola e creche. Porém, como é viral, não podemos garantir se pegarão ou não a doença, já que até em casa corre risco”, pontuou Rufino.

Ele informou ainda que o surto atinge outros municípios do interior do estado de São Paulo. “Não é apenas em Adamantina, é um surto regional”.

Sintomas

O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os do resfriado comum. Quando a sintomatologia típica da doença mão-pé-boca se instala, a erupção das lesões na orofaringe é antecedida por um período de febre alta e gânglios aumentados, seguido de mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia. Por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação. Por isso, é preciso redobrar os cuidados para mantê-la bem hidratada e recebendo alimentação adequada.

Recomendações

* Nem sempre a infecção pelo vírus Coxsackie provoca todos os sintomas clássicos da síndrome.  Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes. Fique atento, portanto;

* Alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir; já os alimentos ácidos, muito quentes e condimentados são mais dificeis;

* Bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles;

* Crianças devem ficar em casa, em repouso, enquanto durar a infecção;

* Lembre sempre de lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro. Se ela puder fazer isso sozinha, insista para que adquira e mantenha esse hábito de higiene mesmo depois de curada.

Colaborou: drauziovarella.uol.com.br

FONTEDA REDAÇÃO | COM INFORMAÇÕES DE PORTAIS DE NOTÍCIAS
Conteúdo anteriorUm ciclo interminável de más notícias: surto da síndrome mão-pé-boca
Próximo conteúdoConcurso da Prefeitura começa a ser aplicado neste domingo