A semana seguinte às eleições é marcada por análises sobre o novo panorama político nacional. Qual partido ou coligação saiu ganhando, quais foram os recados dos eleitores nas urnas e as projeções sobre o futuro são algumas das questões que buscam responder cientistas políticos, dirigentes partidários e estudiosos.
Apesar destas eleições serem para representantes em âmbito estadual e federal, a escolha dos eleitores também interfere no cenário local.
O IMPACTO apresenta um raio-x do pleito em Adamantina e análise do prefeito Márcio Cardim (DEM). Ao mesmo tempo em que afirma que houve amadurecimento em relação à escolha dos candidatos, o Chefe do Executivo local diz que a pulverização de votos não é boa ao Município.
“Presenciamos um amadurecimento da população em relação à escolha dos candidatos. Muito dos políticos que estão envolvidos em corrupção, seja no Senado ou Câmara dos Deputados (federal e estadual), foram rejeitados pelo voto popular, não conseguindo reeleição. Por outro lado, tem candidato (a deputado) que recebeu uma votação expressiva por veiculação na mídia em função de algum evento ocorrido com sua pessoa. Isto não é bom, pois acredito que o voto é muito mais do que isto. Nada garante que este candidato vai olhar para as necessidades do município. Diferente quando a escolha é feita pelo trabalho realizado ou propostas do candidato para o município ou região”, destaca ao IMPACTO.
Como os adamantinenses votaram
Em Adamantina foram 27.728 eleitores aptos a votar nas 80 seções eleitorais distribuídas em oito locais de votação. Desse total de eleitores aptos, 20.591 (74,34%) compareceram às urnas. Ainda, segundo a Justiça Eleitoral, foram 18.786 votos válidos (91,23%). Por outro lado, foram contabilizados 789 votos em branco (3,93%) e 1.016 votos nulos (4,93%).
Ao cargo de Presidente da República, se dependesse dos moradores de Adamantina, Jair Bolsonaro (PSL) conquistaria a Presidência da República no primeiro turno. Ele teve a preferência de 70,13% do eleitorado – uma das maiores porcentagens do Estado.
Na disputa presidencial, 13.175 votaram em Bolsonaro, 1.788 votos
(9,52 %) em Geraldo Alckmin (PSDB), 1.741 (9,27 %) em Fernando Haddad (PT), 1.075 (5,72 %) em Ciro Gomes (PDT) e 529 (2,82 %) em João Amoêdo (NOVO).
“Esperamos que a população enxergue o momento político que o país atravessa e que precisamos de mudanças”, pontua Cardim, sobre a disputa de segundo turno entre Bolsonaro e Haddad.
Na eleição de 2014, Adamantina se consolidou um reduto do PSDB. A grande maioria dos eleitores apoiou os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin. E, dois anos depois, no pleito municipal, o Democratas foi o partido com maior número de votos e eleitos na cidade.
Porém, este ano, os partidos conseguiram emplacar dois candidatos entre os 10 mais votados para deputado estadual e apenas um no ranking dos primeiros colocados para deputado federal.
Para Assembleia Legislativa em Adamantina foram Mauro Bragato do PSDB (eleito), Janaina Paschoal do PSL (eleita), Reinaldo Alguz do PV (eleito), Ed Thomas do PSB (eleito), Monica Cury do NOVO (não eleita), Fabio Sato do PSD (não eleito), Cauê Macris do PSDB (eleito), Alex da Madureira do PSD (eleito), Marta Costa do PSD (eleito) e André do Prado do PR (eleito) que receberam mais votos.
Já para o Congresso Nacional os preferidos dos adamantinenses foram Eduardo Bolsonaro do PSL (eleito), Joice Hasselmann do PSL (eleito), Dr. Eleuses Paiva do PSD (não eleito), Ricardo Bentinho do PRB (não eleito), Enrico Misasi do PV (eleito), Fausto Pinato do PP (eleito), Milton Carlos de Mello – o Tupã do DEM (não eleito), Capitão Augusto do PR (não eleito), Cezinha de Madureira do PSD (eleito) e Luiz Flavio Gomes do PSB (eleito).
Dos 71 deputados federais eleitos pelo estado de São Paulo, 51 receberam votos dos adamantinenses. E dos 94 parlamentares estaduais, 47 foram votados em Adamantina.
“Houve uma pulverização de votos em Adamantina, no total 463 candidatos a deputado federal e 358 candidatos a deputado estadual receberam votos e desses 51 federais e 47 estaduais foram eleitos. Indo mais além nos números, dos eleitos a federal 19 receberam mais de 100 votos e a estadual, apenas 14 receberam mais de 100 votos. Isto mostra que a grande maioria dos votos se perdeu”, diz o prefeito. “Agora, o poder público inicia tratativas de buscar junto a esses deputados ajuda, em emendas, em captação de recursos e soluções de problemas do nosso município. Essa pulverização de votos não é boa para o município, pois quanto mais voto um deputado recebe da população, mais força ele tem de cobrar investimentos para sua cidade nas áreas essenciais”, completa.
Para o governo do Estado, o candidato do PSDB João Doria venceu com vantagem para o segundo colocado, Márcio França (PSB), que possui grupo forte de aliados na cidade. Aqui, o tucano recebeu 38,81% dos votos e o atual governador foi escolhido por 27,33% do eleitorado local.
Representação regional
Os dois candidatos – uma para deputado estadual (Mônica Cury) com forte ligação familiar com a cidade e outro para deputado federal, Ricardo Bentinho – com vínculos com Adamantina não foram eleitos. Porém, o Oeste Paulista elegeu três nomes para Assembleia Legislativa.
Ed Thomas (PSB) foi eleito ao cargo pelo quarto mandato consecutivo, e ressalta, ao jornal O Imparcial, de Presidente Prudente, que dará sequência ao que já tem sido feitos nos últimos anos. “Sempre trabalhei junto ao Estado buscando incentivos à saúde e emprego. Digo que o meu foco é cuidar das pessoas, e tenho a obrigação de buscar o que é material para que as necessidades sejam atendidas”, salienta.
Por sua vez, Mauro Bragato (PSDB) reforça o compromisso que mantém com a região nos nove mandatos anteriores em que exerceu o cargo no Legislativo do Estado. “Pude trazer muitas conquistas para os municípios regionais, o que permitiram avanços e, obviamente, isso aumentou a possibilidade de termos vencido as eleições por mais uma vez”, afirma o deputado, que aponta o trabalho municipalista como prioridade.
Já Reinaldo Alguz (PV) afirma que vai dar continuidade aos trabalhos que já tinha encaminhado nos três mandatos anteriores na Assembleia Legislativa, e diz que é preciso o fortalecimento e a reorganização das instituições. “O país está passando por uma mudança política, em que a prioridade é o fortalecimento dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, para que cada uma passe a exercer individualmente suas funções como deve ser. Quando isso não ocorre, a insatisfação é generalizada”, pontuou Alguz, ao periódico.
Outros 36 postulantes da região não conseguiram votos suficientes para se elegerem. “O que se percebeu no decorrer das eleições, principalmente para deputados é um desconhecimento, por parte das pessoas, em relação aos projetos apresentados pelo candidato ou ao trabalho já desenvolvido na nossa cidade ou região. Assim, muitos votos foram levados pelo pedido feito por um amigo, parente ou cabo eleitoral”, lamenta Cardim. “Na verdade, a grande maioria desses candidatos não apresentou projeto de trabalho para seus eleitores, ficando inclusive difícil de decidir entre um e outro. Tem também aqueles candidatos que por estarem em evidência nas redes sociais, conquistam muitos votos, mas depois de eleito não consegue atender a todos os municípios que o apoiaram”, disse o prefeito de Adamantina ao IMPACTO.