No final do ano passado, aproveitando que os filhos estavam em casa, minha esposa resolveu preparar o Bife Wellington, cuja receita ela havia compartilhado com os leitores da Revista VOX, edição de julho/18.
O Bife Wellington é um prato complexo, um filet mignon envolto em massa folhada, recheado com purê de cogumelos e presunto parma.
A harmonização mais tradicional para o prato é um Bordeaux, contudo, como estávamos no calor do verão, resolvi harmonizar com um vinho menos denso, razão pela qual escolhi um Merlot nacional, o Vallontano, reserva, 2012.
A merlot é uma uva cultivada no mundo inteiro, contudo, os vinhos mudam de característica dependendo da região de origem. Na França são produzidos merlots complexos e densos, no Chile eles são frutados e frescos, a Austrália produz merlots viris e robustos, a Nova Zelândia produz vinhos suculentos e osmerlots californianos são sedosos e profundos.
De toda sorte, seja qual for à origem do vinho, os merlots sempre são coringas e tendem a harmonizar com os mais variados tipos de comida. Portanto, quando você ficar em dúvida sobre que vinho harmonizar, opte por um merlot, a possibilidade de errar será pequena.
Claro que há merlots e merlots. Um merlot produzido para ser bebido jovem apresentará características diferentes de um outro, que passou longo tempo amadurecendo em madeira. O primeiro será mais frutado e fresco, enquanto o segundo será mais complexo, menos frutado, com toques de baunilha e tostado, com final mais longo.
A uva merlot é das castas que melhor se adaptou no Brasil. É possível encontrar bons exemplares nacionais a preços convidativos.
O Vallontano que harmonizei com o Bife Wellington é um vinho elegante, safra 2012, 100% merlot, com 13,5% de volume de álcool, de corpo médio, de cor vermelha profunda, com aromas de frutas como cereja e ameixa seca, muito sedoso e redondo no paladar.
Harmonizou bem com a intensidade do prato, sobretudo por causa do calor do verão, pois fosse inverno, o prato certamente pediria um vinho mais encorpado.