Técnica realizada em Adamantina ajuda prevenir morte prematura do maracujá

Polo formado por Adamantina, Mariápolis e Pracinha é um dos maiores produtores da fruta no estado de São Paulo

Pesquisar da APTA – Polo Regional de Adamantina, José Carlos Cavichioli, com o fruticultor Celso Novo em uma produção de maracujá com uso de enxertia (Foto: João Vinícius | Grupo IMPACTO)

Conhecido como calmante natural, o maracujá nem sempre trouxe tranquilidade para os produtores da fruta. Isso é devido fungo no solo que causa a morte da planta, geralmente no pico da produção.

Os municípios de Adamantina, Mariápolis e Pracinha formam um dos principais polos produtores da fruta no estado de São Paulo. E foi nesta região que se desenvolveu técnica que ajuda a prevenir morte prematura do maracujá, trazendo esperança aos fruticultores.

O método foi desenvolvido pelo pesquisar da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) – Polo Regional de Adamantina, José Carlos Cavichioli, que há pelo menos 35 anos trabalha com os produtores de maracujá – inicialmente na Secretaria de Agricultura de Adamantina, com organização e assistência, e posteriormente na pesquisa, através do órgão estadual.

Se identificando com a cultura e percebendo a demanda do Município, Cavichioli escolheu a fruta para ser objetivo de estudo de seu mestrado, há cerca de 12 anos. De lá para cá, vem desenvolvendo a técnica, que passou a ser referência nacional para o cultivo do maracujá.

“Já existia algum trabalho que era desenvolvida pela Unesp de Jaboticabal (SP) com enxertia de maracujá. Eles forem precursores dos estudos. Mas, este trabalho nunca tinha ido para o campo. Nós não fomos os descobridores, mas validamos a tecnologia”, pontua.

“A raiz é da espécie resistente e colhemos o fruto da outra variedade. O fruto da espécie da raiz é pequeno, sem valor comercial. O valor dele é a resistência que tem para o fungo”, explica pesquisador da APTA (Foto: João Vinícius | Grupo IMPACTO)

Durante o período de estudos foram testadas inúmeras espécies da planta quanta a resistência ao fungo Fusarium, principal doença que afeta a produção de maracujá e que não há controle químico.

“Peguei as espécies que já haviam apresentado alguma resistência para o fungo e fui trabalhando no campo, junto aos produtores. Todos os experimentos foram realizados aqui em Adamantina, com produtores de maracujá. Aí chegamos nesta espécie conhecida como Passiflora Gibertii, que apresentou resistência ao fungo do solo”. Atualmente o Brasil possui 120 espécies de maracujá catalogadas.

O pesquisador da APTA esclarece que a técnica consiste na utilização de espécies tolerantes à morte prematura como porta-enxerto, já que todas as variedades de maracujá amarelo ou azedo – com valor comercial – existentes são suscetíveis a doença.

Cavichioli enfatiza que é uma técnica sustentável, que não utiliza defensivo agrícola. “A raiz é da espécie resistente e colhemos o fruto da outra variedade. O fruto da espécie da raiz é pequeno, sem valor comercial. O valor dele é a resistência que tem para o fungo”.

A técnica é recomendada para áreas com histórico da doença, como fez o produtor Celso Novo, de Flórida Paulista. Há 16 anos cultivando maracujá, o fruticultor ficou satisfeito com resultado da produção com aplicação da técnica.

O pesquisador recomenda que a utilização da tecnologia ocorra apenas quando o solo da propriedade estiver condenado pela presença dos fungos causadores da morte prematura. Em condições normais a produção de maracujazeiro enxertado é menor do que a sem enxerto.

Para o agricultor de Flórida Paulista, que teve 100% de aproveitamento das plantas com a técnica, a produção foi equiparada, já que ainda está colhendo frutos da safra atual, que geralmente termina em meados de fevereiro com a produção sem o uso de enxertia. “Estou muito satisfeito com resultado”, pontua Celso Novo.

Em áreas que há presença do fungo, a produção sem o enxerto pode ser comprometida em até 100%. Por isso aumenta o número de produtores da região utilizando a tecnologia. Hoje cerca de 35 fruticultores adotaram o método.

A tecnologia foi apresentada nas últimas duas edições da Agrishow – uma das maiores feiras em tecnologia agrícola do país, que acontece em Ribeirão Preto (SP).

Produção de maracujá sem uso de enxertia atingido por fungo no solo (Foto: João Vinícius | Grupo IMPACTO)
Conteúdo anteriorAcácio Rocha confirma pré-candidatura a prefeito de Adamantina
Próximo conteúdoFesta do Peão de Lucélia tem novas datas: sábado, domingo e segunda