Em diferentes continentes, adamantinenses contam como o novo coronavírus está afetando a rotina de milhões de pessoas. Enquanto alguns lugares a rotina aparentemente se mantem a mesma, em outros a doença trouxe novos hábitos. Veja os relatos de seis conterrâneos, que vivem na América, Ásia e Europa:
Moro na Irlanda há 11 meses e nunca imaginei que pudesse passar por uma situação como essa. Com o meu relato espero passar a experiência que estou vivendo de modo a prevenir que o mesmo ocorra no Brasil.
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No começo todos pensavam que era somente uma gripe e que logo surgiria uma vacina. A população continuou trabalhando e viajando normalmente até que o governo se deu conta da dimensão da pandemia, em especial na Itália, onde se concentra o maior número de casos da Europa.
No último dia 12 de março, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, fez um pronunciamento avisando que escolas, universidades, centros culturais e outros locais públicos deveriam ficar fechados até o próximo dia 28 de março.
Na terça feira (24), Leo Varadkar fez um novo pronunciamento divulgando que as medidas de contenção do vírus continuarão até 19 de abril, orientando que ginásios, academias e igrejas fossem fechados, assim como cinemas, lojas, cassinos, clubes noturnos e locais para entretenimento permanecessem fechados. Estamos de quarentena total e só mercados e farmácias estão funcionando, além do transporte público.
Com o fechamento do comércio e outros empreendimentos, muitos intercambistas ficaram sem seus empregos e quem já tem visto permanente foi orientado a trabalhar em home office.
Uma medida que o governo lançou para ajudar as pessoas que ficaram desempregadas foi uma ajuda de custo 350 euros semanais.
Atualmente pouquíssimas pessoas continuam indo trabalhar e a orientação é “cuidado máximo” para não contrair o vírus.
Cheguei aqui em Dublin – Irlanda no dia 27 de fevereiro. Passei uma semana tranquilo, mas com notícias sobre o caso, minhas aulas que começaram no dia 9 foram paralisadas três dias depois, pois, no dia 13, houve um pronunciamento do primeiro-ministro mandando fechar escolas, creches e faculdades.
No mesmo fim de semana já começou a parar tudo: restaurantes, pubs, hotéis, a cidade parou geral.
Os dois primeiros dias viraram um caos, acabou muitas coisas no mercado por causa do pânico, mas, no domingo seguinte, já estava tudo controlado!
As pessoas aqui estão obedecendo rigorosamente as medidas que o governo impôs, inclusive eles disponibilizaram uma verba para os trabalhadores de 350 euros por semana, pediram para que os bancos congelem as taxas e financiamentos, hospitais que eram particulares se tornaram públicos.
Em relação ao aluguel que é muito caro, alguns donos de casas estão deixando de cobrar por dois meses para ajudar. A rotina depois de tudo está sendo ficar em casa, cozinhando, estudando, vendo filmes e interagindo com as pessoas que moro, que graças a Deus, são maravilhosas, que me tratam como se fosse da família.
Saiu novo pronunciamento que vai continuar até dia 19 de abril, tudo fechado e parado, funcionando apenas supermercados e farmácias.
O medo já passou, aqui está controlado os casos, porque as pessoas estão respeitando bastante. Os primeiros dias foram de pânico e medo, mas acredito que todos estão mais tranquilos.
Imagino que o susto com o Coronavírus tenha acontecido no mundo todo, quase que ao mesmo tempo. Tínhamos viagem marcada para o Brasil em abril e ficamos esperançosos de que o “barulho” fosse maior que o problema, mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Aqui no Reino Unido a primeira coisa que presenciamos foi a correria aos supermercados e o esgotamento de papel higiênico, lenços e afins. Em seguida foi a vez de enlatados, macarrão e arroz; mas o essencial e produtos frescos continuam sendo disponibilizados normalmente, assim como os que citei anteriormente já voltaram às prateleiras. As aulas nas escolas foram canceladas e o Sistema de Ensino tenta disponibilizar atividades, mas antes de tudo, informação e conscientização.
Só nesta terça-feira (24) que recebemos alerta via mensagem de texto no celular decretando que saída de casa somente para trabalhos essenciais, saúde ou comprar comida.
Seguimos calmos pois sabemos que não há nenhum lugar que seja mais seguro que outro ou alguém que tenha a resposta para tantas dúvidas. E acredito que a chave seja essa – se cuidar, cuidar do próximo, ter calma e seguir todas as orientações dos órgãos competentes. Com saúde não se brinca.
Moramos há pouco mais de um ano em Dungannon, no Reino Unido.
O primeiro-ministro Boris Johnson decretou nesta semana que está proibido sair de casa, não podemos sair de casa. Não podemos ter contato com mais de duas pessoas, apenas com aquelas que convivemos dentro de casa. Só é autorizado sair para alguma atividade física, tipo caminhar, uma vez ao dia, sendo sozinho ou com alguém que mora com você. Passivo de multa se desrespeitar a determinação, e até detenção. As regras são válidas por três semanas.
Lojas, restaurantes e pubs também estão fechados até segunda ordem.
O governo injetou 300 bilhões de libras, seis vezes o valor do real, para empréstimos as empresas. Por exemplo, quem é registrado receberá normalmente o salário, mesmo ficando em casa, sem o corte de salários.
Tem um site que você se inscreve para ficar isento de pagar por três meses o equivalente ao IPTU, aluguel e gás. O governo está dando todo o suporte, o pessoal está mais com medo do vírus, diferentemente do Brasil, que fica com medo do desemprego, da fome.
Então estamos nos preocupando apenas para não pegar o vírus e transmitir. Aqui a população é muito respeitosa, segue as determinações, hábitos de higiene.
Todas escolas estão fechadas e algumas pessoas comentam que seguirão desta forma até o fim do ano escolar, que é em junho. No domingo retrasado fecharam os parques, e o comércio também está fechado.
Fui caminhar, que ainda é permitido, e tem muita gente na rua, principalmente do grupo de risco. O pessoal não está respeitando muito. Mas mantém um certo distanciamento.
Como a cidade de Montclair é muito próxima de Nova Iorque, parte da população trabalha lá, e aderiu ao sistema home office desde a semana passada. Há relatos como a suspensão de parte do transporte público e que policiais estão nas ruas multando.
Aqui também está com toque de recolher, às 20h, tudo está fechado, funcionando apenas mercados, farmácias e lojas de bebidas.
Estou aqui como Au Pair, que é um programa de intercâmbio de trabalho mais estudo. Como as crianças estão sem aulas, estamos em casa quase o dia todo. Não podemos ir em parques, que estão fechados, no máximo podemos chegar é até a calçada ou dar uma volta no quarteirão.
As universidades estão fechadas, e preciso cumprir carga horária de estudo estabelecida no programa, se não a empresa não paga minha passagem de volta ao Brasil. Também não poderei renovar por mais um ano, se desejar. Isso é o que mais me afeta e me preocupa.
A empresa disponibilizou cursos online, mas estou aqui para ter experiência ao vivo, ter contato com as pessoas, e não para fazer cursos online. Viagens e cursos que estava realizando também tiveram que ser cancelados. É uma nova rotina, estou me dedicando em cursos onlines gratuitos, me exercitando em casa e fazendo atividades diferentes com as crianças.
Mas como estou apenas no segundo mês de intercâmbio, tenho esperança de que irei completar meu curso e também realizar as viagens que pretendo! Sei que cada período difícil nos ensina algo valioso e que Deus continue no controle de todas as coisas, então sigo fazendo minha parte e confiante!
Moro em uma cidade do interior, com grande número de idosos. O que temos percebido é que a vida continua normal. Houve sim uma mudança nas fábricas, nos horários de trabalho (não é nem tanto pela pandemia e, mas, sim, porque exporta para outros países que também estão parados), e nas escolas. Aqui, é um período que se inicia as férias de primavera, então muitas pararam devido a este momento, e não por causa do coronavírus.
É claro que temos bastante medo. O que o governo japonês passa na televisão é bem diferente do que acontece no mundo. Não sabemos se realmente estão passando o que ocorre no país ou se relatam o que querem que assistimos e pensemos. Então fica a dúvida.
Acabamos acompanhando pela internet a realidade do Brasil, da Itália, de outros países, é bem diferente do que estamos vivenciando aqui.
A única coisa que está faltando são as máscaras. O restante está normal. As pessoas estão trabalhando, você vai ao shopping, aos mercados, estão todos lotados. Como se tivesse tudo ok!
Mas, para gente, afetou, pois, temos uma loja online de cosméticos, que enviamos produtos para o Brasil e outros países. Compramos muitos produtos da Coreia do Sul, e as compras estão demorando para chegar e algumas foram até canceladas. Então isso afeta no nosso orçamento, na nossa credibilidade com o cliente.
O Brasil, local que mais enviamos mercadorias, o pessoal parou de comprar. Até porque não sabem o que vai acontecer.
No nosso cotidiano, não afetou muito. Mas na nossa vida financeira está afetando, pois parou tudo!
O governo pede sim para se cuidar, se prevenir, mas aqui a população já tem hábitos comuns de higiene, que agora estão sendo difundidos pelo mundo, por exemplo, não entrar com sapatos dentro de casa e todo local tem álcool em gel. Além disso, a população já tem o hábito de usar máscaras.
Então a nossa maior angustia é com os familiares que estão do outro lado do mundo, aí no Brasil. Se em uma situação normal já é difícil ir para aí, de uma hora para outra, agora ficou mais complicado!