17 de abril é o Dia Mundial da Malbec, mas em meio ao confinamento social me esqueci da data e só degustei um malbec em comemoração no dia 19.
A malbec, uva símbolo de nossos hermanos, conquistou os brasileiros, transformando-se na queridinha por aqui, mas o que muita gente não sabe é que a Argentina não é sua terra natal. Na verdade a malbec é uma uva francesa e ao contrário do que se possa imaginar não é apenas a Argentina que produz malbecs reconhecidos internacionalmente, a região de Cahors, na França também faz varietais afamados mundo afora.
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A principal diferença entre o malbec de Cahors e da Argentina é que em território americano a altitude, o solo seco e pobre, a baixa umidade e a intensa exposição ao sol, sobretudo na província de Mendoza originam vinhos com uma grande expressão de fruta, acidez moderada, taninos maduros e macios e alto teor alcóolico, enquanto que em Cahors, a uva não atinge a mesma maturidade razão pela qual os vinhos são mais rústicos, de menor teor alcoólico e com acidez maior e que geralmente não passam por madeira. Não se trata de saber qual vinho é superior, se trata, isto sim, de descobrir qual vinho agrada mais o nosso paladar. Se você nunca experimentou um malbec de Cahors, faça a experiência na primeira oportunidade que tiver.
Mas mesmo na Argentina os malbecs apresentam características diferentes, dependendo da região em que são produzidos. Os mais populares e fáceis de encontrar são os de Mendonça, vinhos de grande reputação, cujas características são a coloração intensa e escura, próximo ao vermelho púrpura, com aromas frutados lembrando geleia de frutas vermelhas e ameixas e quando envelhecidos em carvalho ganham estrutura e os seus aromas se tornam muito mais complexos.
Outra região argentina famosa é a de Salta, localizada no noroeste do país e que se destaca pela sua altitude, entre 1.700 a 2.300 m acima do nível do Mar. As características climáticas e de solo fazem com que os malbecs de Salta sejam mais encorpados, opulentos e intensos.
Para comemora o Dia da Malbec eu escolhi um vinho de Salta, produzido pela Colomé, a Bodega mais alta do mundo: o Colomé, Estate Malbec, 2016. Seu rótulo vermelho escuro já exerce uma atração intensa, como se fosse uma flor amarela para as abelhas. Sua cor púrpura concentrada na taça e seu aroma de compota de ameixa e jabuticaba são um convite para a degustação. Deixei decantar por cerca de 30 minutos e mesmo assim o vinho entrou na boca de forma vigorosa, explodindo taninos nervosos, porém, com certa doçura e excelente estrutura. Também, pudera, tem 14,9% de álcool, amadureceu por 15 meses em barricas de carvalho francês (20% novas) e o restante de 2ª passagem e teve mais 6 meses em garrafa antes de ir para o mercado. Um vinho que grita por um churrasco de carnes gordurosas. Custa R$ 220,00 no site da Decanter, mas eu havia ganhado essa garrafa no meu aniversário.
Ah! Sobre o malbec de Cahors, você poderá experimentar o Purple, do Château Lagrézette, também comercializado no Brasil pela Decanter, custando em torno de R$ 130,00. É um bom representante do estilo francês, de cor purpúra, com aromas de frutas vermelhas, elegante, de médio corpo, com taninos amaciados e boa acidez.
Serviço: https://www.decanter.com.br/
Em tempo: a Decanter tem uma bela loja física em Marília (Enoteca Decanter), localizada na Av. das Esmeraldas, 107, fone 14 3453-5679, facebook.com/enotecadecantermarilia