Tempranillo, a uva espanhola que gera vinhos de corpo médio complexos, com boa estrutura, maduros, de paladar suave e agradável, um dos meus vinhos preferidos quando o assunto é harmonização com carne de porco, sobretudo se for a carne vermelha do animal, mais gordurosa, como a costela, a paleta ou o pernil.
A Tempranillo, também chamada de Tinto Fino e Tinta del Pais é a uva mais famosa da Espanha sendo a principal responsável pelos grandes rótulos da Rioja, Ribera del Duero e de outras regiões espanholas.
Seu nome Tempranillo faz referência ao seu brotamento precoce, amadurecimento rápido e crescimento curto. Traduzida do espanhol sua denominação foi inspirada na palavra cedo (temprano).
Em Portugal, outro grande produtor dessa casta, é chamada de Tinta Roriz no Douro e Aragonez no Alentejo. É também plantada com sucesso em outros países, mas sua melhor adaptação se faz em regiões de clima frio com solos argilosos ou rochosos. Na Argentina a Tempranillo costuma dar origem a vinhos leves, macios e com aromas de frutados.
Os vinhos de Tempranillo se dão muito bem com amadurecimento em barris de carvalho, de forma que quem aprecia vinhos com aromas e sabores de madeira certamente vai apreciar.
A Tempranillo harmoniza maravilhosamente com carne de porco porque seus vinhos são maduros, com bom corpo, o que resulta numa combinação perfeita com a gordura da carne, limpando a boca e o paladar.
Costumo preparar carnes de porco como a costela ou o pernil temperando com limão, laranja, bastante alho, páprica picante, cominho, pimenta do reino e sal (o grosso é melhor). Bato tudo no liquidificador fazendo uma pasta que depois esfrego na carne e deixo marinar por umas duas horas. Coloco por cima um pouco de pimenta dedo de moça picada. No forno brando, coberto com papel alumínio, uma peça de 2 kg exige cerca de duas horas.
Dessa vez para harmonizar com a costela escolhi o vinho Senda, Tempranillo, safra 2017, da Bodega La Candelaria, região de La Mancha, vendido no Brasil pela Grande Cru, ao preço de R$ 99,90. É um vinho 100% Tempranillo, envelhecido por 6 meses em barris de carvalho americano, com 15% de álcool, com notas de frutas vermelhas e minerais, de coloração vermelho rubi intenso e que na boca revela notas de morango, baunilha e chocolate, com acidez média, boa persistência e taninos presentes e maduros. Deu muito certo!
Esse prato pode ser uma boa pedida para o Domingo de Páscoa, mas atenção, se a costela for servida com molho barbecue a harmonização com Tempranillo não é recomendada. Ocorre que os taninos do vinho não casarão com o adocicado do molho. Nesse caso uma boa opção é a combinação com vinho da uva Zinfandel (americana) ou Primitivo (italiana) porque esses vinhos tem por característica uma leve doçura de final de boca que combinam perfeitamente com a carne.