Com decreto municipal mais restritivo que do Estado, Prefeitura é questionada por vereadores

O documento, mais restritivo que do Estado, foi base para questionamento dos vereadores Alcio Ikeda e Acácio Rocha, ambos do Podemos

Vereador Alcio Ikeda (Podemos) compara restrições entre os decretos municipal e estadual (Foto: João Vinícius | Grupo IMPACTO)

Três dias após questionar decisão do governador João Doria (PSDB) que determinou quarentena em todo o estado de São Paulo até 10 de maio, o prefeito de Adamantina, Márcio Cardim (DEM), voltou atrás e seguiu as orientações do governo estadual, estendendo o período de isolamento por mais 18 dias.

A nova determinação amplia a vigência do decreto municipal, em vigor desde 22 de março. O documento, mais restritivo que do Estado, foi base para questionamento dos vereadores Alcio Ikeda e Acácio Rocha, ambos do Podemos. Eles apresentaram, na sessão de quarta-feira (22), requerimento pedindo a flexibilização em três pontos, em que a Prefeitura local é mais proibitiva.

O texto, que deve ser encaminhado ao Ministério Público, órgão que recomenda “o fiel seguimento, pelos municípios, da normatização estadual”, considera os decretos estaduais e as deliberações do Comitê Administrativo Extraordinário Estadual de Covid-19.

Ao IMPACTO Alcio informa que foram publicados 21 decretos municipais até 20 de abril, entre formação de comitê, determinações, revogações e prorrogações, o que dificultou a análise dos documentos. “O intuito, desta verificação, é encaminhar estas opiniões para a Prefeitura e Ministério Público para um estudo em conjunto. Isso poderia minimizar os efeitos da quarentena na economia da cidade, sem deixar de seguir as recomendações do Estado”, disse o vereador.

O requerimento pontua três itens, que poderiam estar funcionando para o Estado, mas, em Adamantina, estão restringidos pelo menos no papel.

Um deles é a construção civil, sendo liberada em sua integridade pela Deliberação nº 2 do Comitê Estadual. “[…] as seguintes atividades essenciais não estão abrangidas pela medida de quarentena: a) construção civil […]”, consta na regulamentação. Na cidade é permitido obras apenas em locais que não há moradores.

Outro serviço permitido pelo governo estadual é o ‘drive-thru’. Neste formato de atendimento, o consumidor busca o produto no estabelecimento. “É nítida e clara a determinação estadual (que contempla não somente os decretos autônomos do governador, mas também as deliberações do comitê instituído esse fim) de que quaisquer estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço poderão realizar o sistema ‘drive-thru’. Desta forma, por não haver definições legais sobre o conceito de ‘drive-thru’, caberia ao Município autorizar e regulamentá-lo em âmbito local, observada a autonomia e suas atribuições constitucionais”, explica os vereadores, no documento.

Para o presidente do Sincomercio Nova Alta Paulista (Sindicato Patronal do Comércio Varejista), Sérgio Vanderlei, tal autorização é uma medida que poderia minimizar os impactos econômicos do novo coronavírus. “Qualquer tipo de ação, no sentido de dar alguma flexibilização ao comércio, é bem-vinda. Todos estão preocupados com as questões de higiene e saúde, mas precisamos sim achar maneiras para o comércio continuar com seu atendimento e a manutenção dos empregos”, ressalta o sindicalista.

Há diferença, também, na regulamentação dos serviços de táxi e moto-táxi. “O Município de Adamantina proibiu o funcionamento dos moto-táxis, o que transtornou o trabalho da Classe. Ocorre que o Estado, em momento algum, proibiu trabalhos como este. Pelo contrário, em suas próprias deliberações definiu que os transportes coletivos e individuais não foram abrangidos pelas medidas de quarentena”.

Para Alcio Ikeda, a necessidade de verificação destes pontos pela Prefeitura deve ser feita de forma imediata, “a fim de equilibrar minimamente a situação econômica, observadas e respeitadas as orientações do setor de saúde”.

O funcionamento de alguns setores, como de oficinas mecânicas, também foi restringido em um primeiro momento, mas liberado após questionamentos junto à Prefeitura. Outras atividades proibidas em Adamantina vêm sendo liberadas em cidades próximas, como o funcionamento de salões de beleza e barbearias com um cliente por vez, em Osvaldo Cruz.

“Desta forma, comprova-se que o Município proibiu os serviços por determinações próprias, o que poderia estar em funcionamento com medidas rígidas de higienização”, consta no requerimento.

Conteúdo anteriorCidades do interior paulista questionam na Justiça quarentena de Doria
Próximo conteúdoAdamantina dá seguimento ao recapeamento de ruas