Entre os diversos setores afetados pela crise do novo coronavírus, o mercado de casamentos poderá registrar os maiores prejuízos financeiros.
Sem possibilidade de negócios à distância ou entrega por delivery – a exemplo das medidas adotadas pelo comércio, empresários que movimentam as festas em Adamantina estão impossibilitados de trabalhar durante o período de quarentena.
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Uma vez decretadas às medidas de isolamento, sumiram do calendário todos os eventos entre março e, para os mais otimistas, meados de agosto.
Mesmo que com a maioria das celebrações reagendadas para o segundo semestre ou para 2021, o impacto dificilmente será atenuado, diz alguns empresários. “Os impactos da pandemia para o setor foram grandes. Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar, já que o nosso segmento é de aglomeração de pessoas, de várias cidades e estados”, diz a cerimonialista Solange Matos.
Segundo ela todos os casamentos que não aconteceram na data prevista, foram reagendados. “Graças a Deus até agora nenhum casamento foi cancelado, eles continuam sendo sonhados”, diz.
A profissional explica que tem na agenda casamentos marcados para agosto, porém acredita que até lá a situação não esteja normalizada. “Casais que marcaram de setembro em diante, estão reagendando para 2021. O medo é que para o próximo ano aconteça uma sobrecarga nas datas, além das questões econômicas que envolvem padrinhos e convidados”, explica.
Segundo ela vários contratos haviam sido fechados para 2021 – antes da pandemia, com os novos agendamentos, acredita que será um ano sobrecarregado devido à quantidade de remarcações.
“Vamos trabalhar de segunda a segunda se Deus quiser, e sem reclamar de cansaço (brinca). Mas até acabar tudo isso, será bem difícil. Estou pensando em fazer outra coisa até tudo passar. Agora é tempo de se reinventar”, comenta.
A mesma situação de prejuízos e incertezas vive a cerimonialista Rose França. A empresária comenta que a organização de festas é a sua única fonte de renda, e com os adiamentos, o impacto econômico foi bem grande. “Acredito e espero que tudo passe logo. O nosso setor será o último a voltar, mas espero que tudo se normalize logo. Sou trabalhadora autônoma e trabalho apenas com festas, por isso, ficou bem complicado”.
Ambas cerimonialistas dizem que buscam neste momento ajudar os clientes de todas as formas, orientando e alinhando todos os profissionais envolvidos para a nova data. Segundo elas, nenhum contrato sofreu alterações devido à pandemia.
“É uma situação bem difícil para quem é cerimonialista, mas coloco em primeiro lugar a vontade deles, mesmo sabendo que vou ficar sem receber todos esses meses”, explica Solange Matos.
Silvia Maion, do Buffett Massines, também acredita que o setor de casamentos foi o mais afetado com a pandemia. “Fomos os primeiros a parar e seremos com certeza os últimos a voltar. A maioria dos eventos do primeiro semestre está sendo remarcado para o segundo, porém, sem a segurança de que estará tudo bem para serem realizados. Muitos casais estão reagendando para 2021”, comenta.
A empresária explica que vive um momento de insegurança na economia e teme o futuro. “Não sabemos se os contratantes conseguirão ficar no mesmo emprego. Alguns já deram entrada, com estes sentamos e conversamos, para buscar a melhor solução. O momento é de conscientização de ambas as partes”, finaliza.
FESTAS DO FUTURO
O empresário Mário Celso Oliveira Utiyama do Buffet Sentimental Express comenta que depois do decreto de isolamento social nem mesmo os orçamentos estão acontecendo, já que as pessoas – segundo ele, não estão com espírito de festa.
Mario Celso acredita que tudo voltará ao normal, já que nenhuma festa foi cancelada. “Todos os casamentos foram prorrogados, mas, acredito que quanto começar a acontecer, as festas serão diferentes das que estávamos fazendo. Muitos de nós já estamos com projetos de festa adequada para essa situação. Chamamos de festa do futuro”, explica.
O empresário acredita que os costumes irão ser diferentes após a pandemia. “O que sabemos é que, inquieto esse setor não voltará. A economia que, já estava frágil, não irá se levantar tão fácil, pois 70% do comércio dependem deste setor – roupas, sapatos, salão de beleza. Nossa cidade tem mais de mil pessoas ligadas às festas de casamento – segundo o grupo de empresários que montamos para enfrentar a pandemia”, conclui.
FUTURO PREOCUPANTE
O baterista Renato Belloni, da banda Sem Limites, avalia o futuro como confuso e preocupante. Segundo o cantor, até julho todas as festas foram desmarcadas, ou reagendadas. “Na verdade não temos a data certa para o retorno das atividades. Estou ansioso pelo retorno que está teoricamente previsto para agosto, porém a incerteza toma conta de todos”.
Belloni também é educador musical. Segundo ele com a pandemia, 20% dos seus alunos cancelaram as aulas. “Estou ministrando aulas online e tentando me enquadrar a atual situação”.
IMPACTOS IMEDIATOS
Os impactos do coronavírus foram imediatos, de acordo com Flávio Dorigo. O empresário atua no setor de locação de espaço para festas e eventos.
Ele explica que a pandemia atingiu diretamente os recursos econômicos da empresa, estendendo aos seus colaboradores. “Infelizmente atingiu a todos, temos as monitoras e equipe da limpeza que contavam com o dinheiro do trabalho como renda extra, todos foram prejudicados”.
O empresário explica que a situação de cada cliente está sendo avaliada, com senso e coerência para que tudo se resolva de forma amigável. “Temos sucesso em nossas negociações e por enquanto não tivemos nenhum cancelamento. Todos os pagamentos antecipados serão utilizados para próxima data sem nenhum acréscimo por conta do locador”.
EMPRESÁRIO OTIMISTA
Mesmo com as incertezas deste período, o empresário Jorge Sakai Júnior, da Ilumilight, diz estar otimista para o fim da pandemia. “Estou bastante otimista, vi algumas entrevistas de médicos especialistas, que falam da descoberta de medicações eficazes e pesquisas voltadas para o combate ao coronavírus, isso deixará pessoas mais tranquilas”.
O empresário diz que o comércio começará a reagir com a retomada completa de todas as atividades, isto inclui o setor de eventos, que segundo ele, é responsável por grande parte das vendas. “O setor de eventos é importante para o comércio, gerando fluxo em outros segmentos. Se não voltar os eventos, acredito que as vendas serão devagar. A retomada mais forte será quando voltar todas as atividades por completo, isto inclui o nosso setor”.
CAMPANHA DE INCENTIVO
Empresários do setor de festas e ventos estão criando estratégias para diminuir os impactos da pandemia do novo coronavírus. Uma corrente nacional viralizou na internet, ‘Não cancele seu evento, remarque!’.
As incertezas e os desafios deste momento fizeram o empresário adamantinense Alex Sandro, sócio proprietário da empresa Ilumilight, pegar carona neste movimento e trazer a ideia para a cidade e região.
Cerca de 300 empresários e colaboradores do setor estão envolvidos na campanha, que leva a mensagem do grupo para o não cancelamento das festas.
CASAMENTO ADIADO
A tatuadora Geisa Paula Alves Sichieri e o educador físico Lucas Louzada de Moraes estavam com o casamento marcado para 2 de maio. Devido à pandemia o sonho de dizer “sim” a frente de 230 convidados teve que ser adiado. “Foi um choque, não só com o ajuste da data, mas com o motivo real do cancelamento. A gente nunca espera uma situação como esta, pode até haver situações mais simples, mas não uma pandemia”.
Segundo Geisa, ela e o noivo não tiveram outra opção a não ser cancelar e remarcar a festa, mesmo porque a família do noivo é toda de São Paulo, e por mais este motivo tiveram que manter a calma e pensar no bem de todos.
Agora em nova data, 28 de novembro, o casal espera que até lá tudo esteja normalizado. “O choque foi grande, por enquanto não estamos tão animados como estávamos há dias atrás. Mas ainda estamos um pouco distante e este momento é de incertezas”.
O casal espera que até a nova data da festa tudo esteja normalizado, mas confessam que ainda sentem medo do casamento não ser realizado.
FESTA INCERTA
Com tudo praticamente pronto para uma festa com 200 convidados, a técnica de enfermagem Marina Daiane de Lima Benitez e o cabeleireiro Tiago Coletti não desmarcaram o casamento. A data no mês de outubro ainda é incerta para o casal, que diz ter esperança de casar no dia escolhido.
“Ainda estamos na esperança de voltar à normalidade e podermos casar na data marcada, mesmo porque as coisas já estão encaminhadas. O mais o complicado é que ninguém sabe falar nada a respeito das festas. Estou sem saber o que fazer”, diz a noiva.