A economia parcialmente paralisada desde março devido à pandemia do novo coronavírus resultou em demissões em Adamantina. A cidade, que teve saldo positivo na geração de emprego nos meses de abril dos últimos quatro anos, fechou abril de 2020 com menos 128 postos de trabalho.
O recorte divulgado pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), na quarta-feira (27), considera apenas os empregos com carteira assinada. Os trabalhos informais, também atingidos pela crise, não são aferidos para o levantamento do Ministério da Economia.
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Se comparar com os números do ano passado, a crise econômica causada pela Covid-19 na cidade fica mais evidente. No primeiro quadrimestre de 2019, Adamantina tinha aberto 764 postos de trabalho. Este ano foram 180. Somente em abril do ano passado foram 264 contratações a mais do que demissões.
TRADICIONAL SETOR NÃO MUDA CENÁRIO
Abril é um período com número expressivo de contratações devido ao setor agropecuário. Apesar do Caged não divulgar mais o cenário detalhado de cada município, o setor foi o único positivo nos quatro primeiros meses do ano em todo o país com saldo de 10.032 empregos, fruto de 275.464 contratações e 265.432 desligamentos.
Mesmo com resultado expressivo considerando o atual cenário, a área agrícola não reverteu o balanço negativo na geração de emprego na maioria das cidades, como Adamantina. Porém, duas cidades da microrregião seguiram caminho inverso, com mais contratações do que demissões em abril.
Os saldos de 196 postos no mês passado em Lucélia (no ano são 967) e de 39 em Parapuã (394 em 2020) podem ter relação com as usinas sucroalcooleiras que estão em período de safra.
EM ADAMANTINA, COMÉRCIO É PRINCIPAL FORÇA
Apesar de também contar com usina de produção de álcool e açúcar – o que pode ter minimizado as perdas, Adamantina tem no comércio a principal fonte de geração de emprego. A cidade teve em abril 328 contratações e 456 demissões.
As lojas do Centro da cidade estão a 69 dias de portas fechadas devido às restrições impostas pelo Governo do Estado e Prefeitura para se evitar aglomerações. Junto com o setor de serviços, o comércio é responsável por gerar 68% dos empregos formais em Adamantina.
“Os números do Caged, apesar de não especificar a situação de cada setor, enfatizam nossa preocupação desde o início da quarentena. Conforme já relatado, entendemos sim as ações visando resguardar a integridade física da população, mas salvar vidas é também garantir emprego, renda e comida às famílias de nosso Município”, pontua o presidente do Sincomercio Nova Alta Paulista (Sindicato Patronal do Comércio Varejista), Sérgio Vanderlei.
Segundo ele, o problema vai além de demitir ou pagar salários, sendo uma questão de continuar funcionando ou não as empresas. O governador João Doria anunciou, também na quarta, a retomada das atividades econômicas consideradas não essenciais a partir da próxima semana por etapas.
O setor industrial também foi atingido em Adamantina com demissões.
MAIORIA DAS CIDADES FICA NEGATIVA NA MICRORREGIÃO
O cenário de demissões em abril se repete em oito das 14 cidades da microrregião. São elas: Adamantina (-128), Flora Rica (-29), Flórida Paulista (-3), Inúbia Paulista (-9), Irapuru (-1), Osvaldo Cruz (-172), Rinópolis (-14) e Sagres (-2). Estes municípios tiveram saldo negativo 358 vagas.
Os números da microrregião também são reflexos da pandemia do novo coronavírus, que leva a economia mundial para uma forte recessão. No Brasil, estimativa mais recente dos economistas dos bancos é de uma queda de quase 6% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Emprego em Adamantina
Abril Ano
2020 -128 180
2019 264 764
2018 110 616
2017 271 516
2016 3 –
MEDIDAS PARA MINIMIZAR DEMISSÕES
No país, abril teve a maior demissão registrada em um único mês em 29 anos. Foram 598.596 contratações e 1.459.099 demissões.
O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, avaliou que o Caged revelou “números duros” e que “reflete a realidade de pandemia que vivemos”.
Para tentar evitar uma perda maior de empregos, o governo federal baixou, no começo de abril, uma Medida Provisória que autorizou a redução da jornada de trabalho com corte de salário de até 70% em um período de até três meses.
O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda prevê que o trabalhador permanecerá empregado durante o tempo de vigência dos acordos e pelo mesmo tempo depois que o acordo acabar. Os números do Ministério da Economia mostram que, até esta quarta-feira (27), mais de 8,1 milhões de trabalhadores aderiram ao programa.
“A preservação [dos empregos] é algo para se comemorar. Temos de olhar o copo meio cheio e não o copo meio vazio. Estamos preservado empregos e renda”, afirmou Bianco.
Apesar de algumas empresas de Adamantina terem adotado o Programa, parte do empresariado local não está tendo acesso às medidas anunciadas pelos governos estadual e federal para manutenção das empresas e, consequentemente, dos empregos, o que também preocupa o Sincomercio Nova Alta Paulista.
Emprego na microrregião
Abril/2020 Ano/2020
Flora Rica -29 -31
Flórida Paulista -3 71
Inúbia Paulista -9 -33
Irapuru -1 -1
Lucélia 196 967
Mariápolis 2 -8
Osvaldo Cruz -172 -169
Pacaembu 10 60
Parapuã 39 394
Pracinha 5 -3
Rinópolis -14 2
Sagres -2 0
Salmourão 13 42