Preocupada com os alunos da sala de leitura da escola Helen Keller, e que durante a pandemia foram orientados a não frequentar a escola, a professora adamantinense responsável pelo espaço na instituição, Ana Luiza Cordeiro, resolveu arregaçar as mangas e fazer algo pelos alunos.
Durante a quarentena, a educadora ficou pensando como estes livros poderiam chegar aos alunos, e resolveu pendurar as obras em uma árvore em frente à sua casa na Vila Itapuã. “Resolvi pendurar os livros na minha calçada para quem quisesse retirar. Sem cobranças de devolução, pois são todos meus”, conta.
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Ana Luiza percebeu que as pessoas tinham dificuldades para enxergar e entender o significava aqueles livros pendurados nas árvores. Com a ajuda dos filhos Lorenzo e Sofia, ela sinalizou o local. “Fizemos cartazes e espalhamos recadinhos pelos postes das ruas próximas da minha casa”, diz.
Impressionada com a participação e colaboração dos vizinhos, Ana Luiza que mora no bairro há três meses viu o projeto crescer. “Fiquei impressionada com a participação dos meus vizinhos. Eles começaram a pedir os livros e levarem para seus netos e filhos”, comenta.
A educadora relata que, depois que muitos livros foram retirados, resolveu sair da sua calçada e levou o projeto para as árvores do Parque dos Pioneiros – já que a prática chamou a atenção de muitas pessoas que passaram a doar muitos livros.
“Com a frase ‘Se tem para doar, é só pendurar’, consegui muitos livros que podem ser lidos por todas as idades. Inclusive doei vários para idosos que passavam pelo Parque durante a caminhada”, explica.
Ana Luiza explica que na semana retrasada com a chuva e o frio o projeto no Parque dos Pioneiros teve que ser cancelado. Segundo ela, as árvores do local também foram cortadas – para dar lugar ao plantio de gramas –, o que impediu a continuidade do projeto.
“Por tudo isto voltei para a minha calçada. Alguns me pediram para eu ir na praça Hélio Micheloni, mas com medo da aglomeração achei por bem não ir”, comenta.
Todos podem colaborar com doações, já que a professora busca os livros nas residências e os higieniza antes de colocar a exposição. Os exemplares não precisam ser devolvidos, mas Ana Luiza salienta que pode haver uma troca. “Não precisa devolver, mas se tiver outros para doar nós aceitamos”.
Para doações o telefone da professora é o (18) 99603-6640. Para retirar um livro o endereço é na rua José Brás Filho, nº 100, na Vila Itapuã.
DEPOIMENTO
“No início da prática era apenas para me sentir melhor, fazendo alguma coisa que pudesse me deixar mais feliz nesse momento que estamos todos confinados em aulas online. Depois, com a aceitação acima do esperado, resolvi sair com a árvore para outros cantos.
As pessoas elogiam, agradecem e falam para quem é o livro. Dois idosos levaram livros de autoajuda. Perguntam sobre os títulos e se era adequado para a idade deles.
Um idoso levou “Mandela”. Disse que queria ler sobre ele pois nunca havia tido a oportunidade. Esse era um livro que meus filhos doaram para árvore. Eles haviam lido na escola.
Nessa pandemia, é muito difícil não dividir, não partilhar e não ser solidário. Nossa profissão nos dá a oportunidade de enxergar o que para muitos pode ser exagero. Tenho enviado livros para os alunos através do WhatsApp. Ainda não posso levar a árvore para bairros mais movimentados e nem no centro da cidade, pois pode haver aglomeração e isso não seria bom para eles e nem para mim.