Há quatro meses o assunto dos noticiários, das rodas de conversa entre amigos e no bate papo de casa é apenas um: o novo coronavírus. A pandemia trouxa uma nova realidade. E com os crescentes casos da doença, as pessoas vão sobrevivendo como podem e tirando algumas lições importantes.
Nesta edição o IMPACTO traz a visão de seis profissionais da microrregião de Adamantina, de diferentes áreas de atuação. Porém, ao contrário da maioria dos relatos sobre a Covid-19, que enfatiza a dor da perda de um ente querido ou as consequências da crise econômica, eles pontuam as lições positivas ensinadas por este período que ainda causa muitas incertezas sobre o futuro. Confira:
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MARCIO CUNHA
Empresário em Osvaldo Cruz
A minha empresa é um e-commerce, e por ser um negócio 100% online, minha dificuldade foi mínima. Algumas fábricas estão com dificuldades para entregar a mercadoria por falta de funcionários, mesmo assim as transportadoras continuam funcionando. Muitos que não compravam pela internet passaram a comprar e minhas vendas aumentaram significativamente. Foi dado um voto de confiança para essa relação de compra e venda virtual, o que acarretou em novos clientes.
Com a pandemia descobrimos uma capacidade de adaptação e resiliência. Como pensar e agir rápido, quebrar alguns preconceitos, mudar hábitos. Muitos encontraram no universo online uma alternativa de sobrevivência. Quem tem um comércio ou qualquer tipo de empresa está sujeito a mudanças de várias origens, aprendemos que existem eventos que mesmo não estando sob o nosso controle ainda assim podem ser contornáveis.
TATIANA SAYURI JO
Agricultora, agroflorestora e permacultora em Lucélia
Estar em isolamento me trouxe muitas reflexões. Mudei e venho mudando diversos aspectos da minha vida. Estou buscando diminuir o ritmo, organizar as ideias para poder definir o que é de fato prioridade e fazer tudo curtindo cada momento.
Trabalho com sistemas agroflorestais e agroecologia, e este momento de pandemia me trouxe uma clareza sobre a importância do trabalho no campo, porque o alimento é a primeira forma de garantir a manutenção da vida das pessoas. Por isto, estou começando um trabalho de unir agricultores conscientes para que possamos, juntos, fazer este papel fundamental que traz segurança alimentar à todos que vivem na região.
Momentos de crise trazem mudanças de perspectivas e olhares sobre a vida. Quando esta fase de isolamento passar, sairemos mais fortes e unidos!
HENRIQUE IEMBO
Vereador em Sagres
Com certeza muitas mudanças, não só a minha, mas de todo meu entorno, trabalho, família, amigos. A gente teve que se adaptar o dia a dia, no trabalho, aos cuidados com a saúde, poupar nossos familiares, sentir um pouco de saudade agora para não ter que sentir muita saudade depois. As lições são a compaixão com o próximo, cuidar e orientar. E a nossa humanidade que tem que prevalecer acima de tudo. Enfim, que esse momento passe logo e tudo se normalize!
LEANDRO BUTURI
Consultor de empresas em Osvaldo Cruz
Neste momento de constantes mudanças, empresas e pessoas estão passando por um processo de aceleração no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico. Organizações tirando projetos da gaveta e se vendo obrigadas a buscar alternativas por meio da tecnologia. Da mesma forma, pessoas se descobrindo e se reinventando como profissionais para se manterem ou se recolocarem no mercado de trabalho.
Os efeitos da pandemia causaram um crescimento exponencial quanto ao uso da tecnologia, para muitos, vindo a ser um risco trágico, mas para quem possui outra visão, pode representar uma oportunidade épica. A tecnologia fez a informação passar por um processo de democratização, ou seja, hoje com um smartphone temos acesso à mesma quantidade de informações que o presidente Bill Clinton na década de 90. É responsabilidade das pessoas transformar essas informações em conhecimento, e consequentemente em vantagem competitiva no mercado de trabalho.
ÂNGELA AP. DE ANDRADE BALSALOBRE
Gestora da educação em Rinópolis
O coronavírus trouxe mudanças significativas em minha vida, pois em toda minha existência jamais tinha passado por tal situação, levando-me a entender quão vulneráveis somos.
Minha adaptação levou um bom tempo, até que pudesse assimilar todas as informações do dia a dia, a respeito de um inimigo que não conhecia e não sabia como encará-lo.
As lições aprendidas por mim, por conta da pandemia, é que nem sempre temos controle de tudo, nem das nossas vidas, nem na dos outros, e o principal é que se intensificou a importância da solidariedade àqueles que sofrem, é dar ouvidos àqueles que precisam desabafar, manter-se unido em todos os segmentos da sociedade em que você faz parte: família, amigos, trabalho, etc.
JEFERSON VAGNER
Personal trainer em Adamantina
As dificuldades impostas pela pandemia na vida das pessoas foram muito grandes, muitos passando por problemas financeiros, familiares e outros. Para mim, em um primeiro momento, foi uma turbulência muito grande, academias fechando as portas, alunos com muito medo de tudo que vinha acontecendo e cancelando aulas, o faturamento do mês despencando, tudo isso faz com que passasse um filme de terror na cabeça da gente. Porém, após alguns dias passei a analisar tudo o que estava acontecendo com outros olhos, vi que algumas mudanças seriam necessárias e primordiais naquele momento, daí tive a ideia de levar para esses alunos o trabalho de personal trainer na casa deles, uma vez que todas as academias estavam impedidas de funcionarem. Não pensei duas vezes e logo peguei meus materiais de aula, comprei mais alguns e fui em busca deles novamente, além disso, fiz da minha casa o meu outro ponto de apoio, levei alguns alunos para treinar lá também, no final deu tudo certo, graças a Deus.