Na noite de terça-feira (23) o Brasil parou para escutar a palavra “eliminada”. O BBB – Big Brother Brasil, maior reality show nacional, tornou-se palco de disputa de poder, denúncia social e cultura do cancelamento. Karol Conká foi a personagem central do drama, sendo taxada como a vilã, que caiu por terra, gerando uma catarse, muitos sentiram como um gol quando ela deixou a casa, houve coletividade com a derrocada do “mau”, precisávamos odiar alguém. Agora, a vida continua e a cultura do cancelamento também?
BRASIL: TERRA DE CANCELADOS
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Quanto a cultura do cancelamento, você já deve ter ouvido, ganhou espaço, em especial, com a chegada das mídias sociais, mas essa cultura transpassa gerações.
Ela diz muito sobre a História do Brasil, as formas de cancelamento são múltiplas, desde calar outra pessoa e, até, a morte. O Brasil cancela, elimina e exclui diariamente, principalmente em 1970 quando há o aumento de mobilidade espacial das pessoas, forte êxodo rural, saída do campo para a cidade, o cancelamento aumenta e passa-se a viver em bolhas, em condomínios fechados com a própria imagem e tudo que se assemelha a ela.
O país almeja dias melhores, deseja mais catarses, assim como os gregos antigos e para que tal aconteça há um meio: educação libertadora. Um sujeito chamado Paulo Freire a defendia e dizia: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”.
BBB, POLÍTICA E MÍDIA
O movimento das redes sociais é pauta de estudos. Quem nunca ouviu a palavra “influencer”? A venda e a criação de uma imagem é comum, quem não é feliz na internet?
Quem segue um “Influencer” projeta uma imagem fantasiada sobre ele, quem segue investe tempo e até dinheiro nessa pessoa, há a capitalização da imagem, mas, em determinado momento, esse “influencer” falha e toda a imagem construída é destruída e, então, começa o gozo do linchamento virtual. Essa história acontecerá quantas vezes?
O BBB é palco para o cancelamento, é onde “superamos o mestre” fazendo perder sua capitalização da imagem. Assim, o BBB é mostra pura de Política Neoliberal, onde a luta é para não ser eliminado, excluído e cortado da competição e, vejamos, a vida não é assim?
MEDO
A cultura do cancelamento gera um sentimento geral: o medo. Quando alguém passa pelo processo de cancelamento, pensamos: “ainda bem que não sou eu!”. Há também o processo de desculpas do cancelado, e, então, surge a dúvida: desculpa ou medo?
Por fim, sair da bolha, escutar o outro e, claro, entender a hierarquização da estrutura social de raça, classe e gênero é o caminho à geração de uma cultura saudável.