O sábado (19) será especial para a história cultural de Adamantina. Artistas e amantes da literatura se reúnem para o lançamento do livro Flor e Ser, publicação que evidencia os escritos da adamantinense Geni Omin.
A publicação, que agrega 11 escritores da cidade, é um encontro de gerações que carregam em si o amor pela arte: jovens autores, com seus contos, crônicas e poesias, leem e comentam os textos de Dona Omin – como é carinhosamente chamada, a matriarca de Rolê Literário.
À frente desta iniciativa está a artista visual, cantora, compositora e professora Adriana de Lima Barochello. Ao IMPACTO, ela explica a trajetória do coletivo cultural que resultou na publicação, que também agrega o lado social, já que parte da renda será destinada para Casa do Garoto.
AS MOTIVAÇÕES
O Rolê Literário surgiu em um bate-papo de amantes da literatura, como Adriana Barochello, que desde jovem traz consigo o gosto pela leitura e escrita. “A literatura faz parte do meu dia a dia, amo as palavras, amo compor, amo expressar pensamentos por crônicas ou criar contos de ficção”.
Tal vivência despertou o desejo de cursar Letras. “Estudei na Unesp de Assis de 2012 até o início de 2016, com idas e vindas por causa de períodos turbulentos, precisei abandonar o curso na reta final, porém, recentemente voltei a estudar”, conta.
Em um dos encontros da vida, as histórias de Adriana e Dona Geni se cruzaram, e logo a identificação com a literatura as tornaram próximas. “Depois que a conheci e seus textos, sabia que merecia uma publicação, estava decidida a fazer isso. Dona Geni tem escritos muito especiais, uma escritora como ela merece ser lida por demais pessoas, uma riqueza da nossa cidade que precisa ser reconhecida”.
Em uma das conversas sobre a ideia da publicação, Dona Geni contou que preferia que tivessem outros autores incluídos. “Então encarei como uma missão”, conta Adriana. “A partir daí, apesar do tempo e dos movimentos imprevisíveis da vida, aos poucos tudo fluiu. Depois de uma longa pausa retomei o projeto, pois perdi meus pais no ano de 2018, e o luto duplo me afetou bastante. Então na praça Élio Micheloni, após o bate-papo com jovens entusiasmados com a literatura e com a arte, me senti bastante motivada”, relembra.
ROLÊ LITERÁRIO
Nestes bate-papos surge o Rolê Literário em 2019, uma extensão de um outro projeto que já existia desde 2017. “Nos Encontros Literários eu, Jurema, Dona Geni, Marcos, Passarinho e Guilherme nos reuníamos a cada 15 dias para comentar algum texto literário. Foram nesses encontros que li os textos de Dona Geni e me encantei. Na ocasião, em 2019, conversávamos sobre criações literárias, arte, então contei para o grupo sobre os Encontros Literários e a minha intenção de juntar textos de jovens escritores com escritos de Dona Geni. Falei um pouco sobre a escritora e sobre a ideia de publicar textos com outras pessoas. Eles gostaram e criaram um grupo de WhatsApp para nos comunicarmos e nos organizarmos melhor. Depois de mim e de Dona Geni, os primeiros autores a fazerem parte do projeto foram Arthur, VG e Valdir, por causa dessa conversa na praça”.
Aos poucos, novos integrantes foram fazendo parte da iniciativa, totalizando 12 escritores. “No livro Flor e Ser ao todo somos em 12 autores, mas a autora principal é Dona Geni, ela nos apresenta 11 textos. Cada autor também é representado por uma flor, que foi ilustrada por uma das jovens escritoras: Jaqueline Zaparolli. Decidimos tudo coletivamente. Nos reunimos várias vezes antes da pandemia para vermos como seria o processo criativo e estético”, disse Adriana.
E, paralelamente, o Rolê Literário foi ganhando forma, com objetivo de incentivar a leitura, a criação literária, publicar livros com escritores locais e regionais e também ajudar entidades filantrópicas.
“Fui a organizadora/idealizadora, depois de juntar todo mundo fiz a pré-revisão, montagem, mas nada disso seria possível sem cada pessoa que compõe o coletivo. Era apenas uma ideia na minha cabeça, o Rolê Literário é de fato uma construção coletiva. A Jaqueline Zaparolli, por exemplo, além de uma das autoras, fez ilustrações lindíssimas e também participa ativamente da organização. Taisa Maria Laviani fez a fotografia de capa e também está muito presente na organização e tem feito trabalho excepcional nas criações de arte e divulgação. Arthur Pereira, Valdir Cardoso e Vitor Felipe foram os que colaboraram para o projeto sair do mundo das ideias e se concretizar. Giovana Koga, Alissa Borges e Eduardo Andrade são pessoas muito ativas na organização. Os outros autores também participaram das decisões acerca do grupo, como disse, nossa atuação é em conjunto. Dona Geni é a grande inspiradora para a elaboração e desenvolvimento do livro. Nossas funções são rotativas e colaborativas, estamos aprendendo a conduzir melhor as coisas. Somos “jardineiros de primeira viagem”, mas com certeza criamos vínculos e isso tem nos direcionado de forma bastante assertiva”.
A PUBLICAÇÃO
No fim do ano passado, o coletivo recebeu recurso emergencial da Lei Aldir Blanc, sendo possível arcar com os gastos da edição e impressão (pela editora independente E-liber) e, também, fazer o evento de lançamento on-line marcado para às 15h deste sábado.
“Além de contar um pouco sobre o coletivo Rolê Literário, falaremos sobre o processo criativo do livro Flor e Ser. Teremos também atrações musicais. Rabay irá se apresentar na primeira parte da transmissão. Teremos um bate-papo com Jaqueline Zaparolli, ilustradora, e Taisa Maria Laviani, fotógrafa, e também com autoras e autores. Renato Souza, editor da E-liber, vai fala rum pouco sobre seu trabalho de edição e impressão artesanal. Ivoni Ramos falara sobre a Casa dos Garotos de Adamantina, já que parte do dinheiro arrecadado com a venda dos livros será doado. Eu e Eduardo Andrade também fecharemos a live com música”, explica Adriana.
O link do evento será disponibilizado nas redes sociais do Rolê Literário Adamantina. O grupo também está no Instagram: @oroleliterario.
“Quem é da cidade de Adamantina, gosta de literatura e queira participar do Rolê Literário é só entrar em contato conosco. Gostaríamos de agradecer a Secretaria de Cultura por facilitar a divulgação e por ceder o espaço do anfiteatro da Biblioteca Municipal para transmitirmos a live”, finaliza Adriana.
