Em 7 de abril de 2019, o músico Evaldo tem seu automóvel fuzilado por 82 disparos. Foi um dia em que não dever-se-ia dormir. Após mais de dois anos a Justiça Militar condena 8 militares pelo ocorrido, que matou Evaldo Rosa e Luciano Moraes, catador de recicláveis. A condenação da violência por parte do Estado é rara. As cenas estão no cotidiano: disparos efetuados, corpos no chão e não se sabe, realmente, se era ladrão e, mesmo que fosse, é preciso pôr fim ao Estado de Exceção. No final, quem lucra com a espetacularização da morte?
RELEMBRE O CASO
No estado do Rio de Janeiro, por volta das 14h30, os 12 militares circulavam ao se depararem com um Honda Civic sendo roubado, logo, a missão muda o rumo. Ao efetuarem a primeira rajada de tiros em direção aos assaltantes, acertam o carro de Evaldo, um Ford KA, baleando, assim, o músico e desesperando sua esposa, filho, sogro e uma amiga, iam a caminho de um chá de bebê.
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Com o corpo baleado, a família resolve parar alguns metros adiante, solicitando ajuda. É o momento em que acontece a segunda rajada, tornou-se capa de revista: ‘82 tiros’. Sendo que 62 atingiram o veículo do Evaldo. Foi baleado, também, o catador Luciano, que prestava socorro no local, levando-o a óbito 11 dias depois.
Foi um dia que o Brasil parou. Porém, continuou depois. Como todos os outros dias.
JULGAMENTO
O julgamento, adiado 4 vezes, teve início as 9h e estendeu-se até a madrugada desta quinta-feira (14). Dos 12 militares, 4 foram absolvidos por não dispararem no ato. O Tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiava a ação, foi condenado a 31 anos e seis meses em regime fechado; os demais militares em 28 anos de reclusão em regime fechado.
Todavia, há recursos para a defesa dos militares. Ao final, que a justiça permaneça efetivada.
“Eu sei que não vai trazer o meu esposo de volta, mas não seria justo eu sair daqui sem uma resposta positiva”, desabafa Luciana, viúva de Evaldo.
O SHOW DA VIOLÊNCIA
Crimes como esse estão presentes em inúmeros momentos na nossa história recente. Existe um show de horrores transmitido a você todos os dias, a mídia lucra. Os jornalecos policialescos celebram a cada operação que gera óbitos, levando-se a crer que para o fim da violência é preciso matar e morrer. Tais programas trabalham com o medo, influenciam no psicológico das massas e o Estado, que não conseguem resolver os problemas do povo, agradece o extermínio, é menos um João ou Maria para lidar.
Por fim, a militarização, o excesso de armas e a violência estatal não cessará todo esse espetáculo hediondo onde o palco são as favelas e os bairros vulneráveis. Logo, caros leitores, é indispensável subverter e combater tal pensamento obsoleto.