Gustavo Adamo Marques De Pietro, 20 anos, 3º Ano de História na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Neste texto, vou abordar o filme Medida Provisória (2020).
“Medida Provisória” é um filme brasileiro que aborda de forma intensa questões políticas e sociais de um futuro próximo. Dirigido por Lázaro Ramos, o filme é ambientado em um futuro distópico em que o Governo Brasileiro com uma justificativa de reparar a dívida histórica pelo passado escravista, aprova a medida provisória 1888 (Referência ao ano de assinatura da Lei Áurea), obrigando que pessoas negras sejam mandadas para o continente Africano.
A trama se desenvolve em torno de um trio formado por Antonio (Alfred Enoch), sua esposa Capitu (Taís Araújo), e seu primo André (Seu Jorge), e sua resistência para continuar na sua Pátria custe o que custar. A partir desse pretexto, o filme aborda feridas históricas tais como o racismo, uma memória recente do período escravocrata e a manipulação da opinião pública.
O elenco é formado por grandes nomes do cinema brasileiro e internacional, tais como Alfred Enoch, Taís Araújo e Seu Jorge, que entregam atuações sólidas e emocionantes. Destaque também para o trabalho de fotografia , que cria um ambiente opressivo e claustrofóbico, refletindo a atmosfera de medo e incerteza que permeia a história.
No entanto, o filme ousa ao tentar abarcar muitas temáticas em seu roteiro, mas é uma ousadia que vem para o melhor. Medida Provisória enquanto filme comercial consegue oferecer o entretenimento prometido, mas seu acerto vem no seu outro intuito: O de pautar reflexões.
Além disso, em certos momentos a trama se apressa mais do que deveria, na qual eu aponto uma natureza teatral do cinema brasileiro, o que pode afetar a imersão do espectador na história. Outra coisa que priva o filme de uma qualidade melhor é a falta de orçamento, o filme retrata uma situação de guerra civil, mas isso é sub-representado por falta de investimento.
No geral, “Medida Provisória” é um filme importante e relevante, que aborda feridas latentes em um contexto político e social grave como o atual, (pra não falar das situações de trabalho analogo a escravidão que pipocam de vez em sempre na atualidade). Apesar de seus problemas, é uma obra que vale a pena ser vista e discutida.