Canção de mais sucesso escrita por Luiz Henrique Paloni, ‘Que sorte a nossa’ traz termo que não expressa a trajetória do músico. A “sorte” foi mesmo composta por talento aliado a dedicação. À VOX, o adamantinense conta sua história e os valores que o guiaram para se tornar referência, com quase 800 músicas gravadas por mais de 300 artistas.
por JOÃO VINÍCIUS FAUSTINO | fotos ARQUIVO PESSOAL
A definição de sorte recebe diversas variações dependendo do contexto de quem a interpreta, seja emocional, filosófico, religioso ou místico. No geral, a expressão é atribuída para resultados de acontecimentos da vida. Na música ‘Que sorte a nossa’, uma declaração de amor que descarta o acaso, é ressaltada a providência do destino.
Apesar dos inúmeros significados, a palavra sorte não pode ser utilizada para definir um dos compositores desta canção. Aos 42 anos, o adamantinense Luiz Henrique Paloni carrega em sua trajetória propósitos de uma família, que acreditou em seu talento e vocação musical. Atualmente diretor artístico, ele compôs uma história com a música ao lado do irmão Fernando Paloni, já falecido. E manter o legado construído é o que motiva diariamente a continuar, levando o nome de Adamantina para diversas partes do país.
TRAJETÓRIA
Ele tinha apenas oito anos quando foi matriculado em uma escola de violão. Incentivado pela mãe, uma apaixonada pela música, Luiz Henrique inicia sua trajetória ainda sem imaginar o que a “sorte” promoveria em seu futuro.
“Nesta época, meu professor de violão começou a me levar em alguns eventos da cidade, onde ele tocava. E no meio das apresentações, eu sempre cantava uma ou duas músicas, e assim fui pegando gosto. Logo depois, veio meu irmão com uma grande vocação para a música. Foi algo natural, quando percebemos já éramos uma dupla sertaneja”, conta.
De forma despretensiosa, nasce a dupla Luiz Henrique & Fernando. As apresentações em escolas e festas comemorativas da cidade cedem espaços para performances em palcos como de TV. Em 1993, os irmãos gravam o primeiro CD. “Foram anos incríveis e de muito aprendizado. Neste período em que estávamos gravando em São Paulo, o mesmo estúdio recebia Zezé Di Camargo & Luciano, Cristian & Ralf e Roberto Carlos. Tudo era novidade e, ao mesmo tempo, mágico por viver aquilo tão cedo”, relembra.
Aos poucos, eles foram conquistando espaço e a simpatia do meio artístico. E apresentações de destaque, como no Programa Raul Gil, se tornaram cada vez mais frequentes. “Do passado, tenho muitas lembranças boas. A música nos apresentou e nos abriu muitas portas. Fizemos muitos amigos no meio do caminho, pessoas que convivo e vou levar pra minha vida toda”.
Regionalmente, uma das principais canções foi ‘Deixa eu te amar’. Porém, o talento da dupla seria também reconhecido nacionalmente. E, em 2012, Luiz Henrique & Fernando gravam um DVD repleto de participações especiais, como Munhoz & Mariano, Marcos & Belutti e Bruninho & Davi.
No mesmo ano, os adamantinenses ainda emplacam uma composição na voz de Michel Teló, que se tornou até trilha de novela (Humilde Residência). Esta história, iniciada quando tinha apenas 11 anos, já contabiliza quase 800 músicas com sua assinatura, que totalizam mais de 3 bilhões de visualizações. Inclusive, a canção de mais sucesso é ‘Que sorte a nossa’ nas vozes de Matheus & Kauan’. “Foi uma das músicas mais executadas nos anos de 2016 e 2017”.
O trabalho de Luiz Henrique também abrangeu outros segmentos, como composições publicitárias, entre elas, Waka Waka, da cervejaria Brahma. “Música sempre foi uma paixão, nunca fomos deslumbrados com o fazer sucesso. A gente queria cantar, o reconhecimento é relativo. E o que alcançamos através da música foi ter sucesso de relacionamentos. Construímos grandes amizades”, destaca.
MÚSICA E FAMÍLIA
Para o trabalho atingir mais de 300 artistas, o adamantinense nunca perdeu a referência, que vai além de uma inspiração, como foi no início da carreira a dupla João Paulo & Daniel. Com forte ligação, a base familiar continua sendo o suporte para o desenvolvimento profissional, que hoje é focado na direção artística.
“Por ter meus pais desde o início nos apoiando e gerindo a nossa carreira, não tivemos grandes dificuldades, apenas as comuns como a de qualquer outra empresa. A parte burocrática meu pai sempre cuidou, a nossa preocupação era cantar”, disse Luiz Henrique.
Em 2015, o acontecimento mais duro desta trajetória, marcada, até então, por “momentos maravilhosos”. “O que mais marcou foi quando meu irmão ficou doente. Precisamos pausar nossa carreira, depois ele veio a falecer e resolvi não seguir na música como artista, porém, nunca deixei a arte. Hoje, continuo de outra maneira, construindo histórias na música para manter o nosso legado”.
Em paralelo, Luiz Henrique atua em negócios familiares, contando com apoio dos colaboradores, como enfatiza. “Mas, a música é algo que está dentro de mim. Por isso, continuo, também pela família e, principalmente, pelo meu irmão, por tudo que fizemos juntos”, ressalta.
Atualmente, ele não mora em Adamantina, porém, mantém ligação com a cidade. “Dizem que Santo de casa não faz milagre, mas aqui fez. Muita gente nos apoiou. Não moro mais em Adamantina, porém, sempre que posso eu volto, é a minha cidade, amo Adamantina”.
E, certamente, os adamantinenses devem pontuar: “Que sorte é nossa em poder contar com este talento!”
ALGUMAS CANÇÕES COM ASSINATURA DE LUIZ HENRIQUE
‘Amiga da minha irmã’ (também na voz Michel Teló), ‘3, 2, 1’ (Marcos & Belutti), ‘Fecha o porta mala’ (Israel & Rodolfo), ‘Terapinga’ (Fernando & Sorocaba), ‘Não abro mão’ (Maiara & Maraisa), ‘Ele quer ser eu’ (Henrique & Juliano), ‘Sem avisar’ (Henrique & Juliano), ‘Nem foi e já voltou’ (Marília Mendonça), ‘Lugar inusitado’ (Paula Mattos/Gaab), ‘Principalmente pessoas’ (Yasmin Santos/Diego & Victor Hugo), ‘Bloqueia eu’ (João Bosco & Vinícius), ‘Tentativas’ (Marília Mendonça), ‘Vai trabalhar virada’ (Felipe Araújo/Mumuzinho), ‘Vou desligar’ (Bruno & Marrone), ‘Suas fotos’ (Bruno & Marrone), ‘Luzes de São Paulo’ (Fernando & Sorocaba), ‘Cachaça e Nutella’ (Fernando & Sorocaba), ‘Gordinha’ (César Menotti & Fabiano), ‘Reprise’ (Sorriso Maroto), ‘Príncipe encantado’ (Yasmin Santos), ‘Pronta pra trair’ (Yasmin Santos), ‘Tonelada de Solidão’ (Marcos & Belutti/Ferrugem), ‘100% nem aí’ (Marcos & Belutti), ‘Agro rotina’ (Bruno & Barreto), ‘Primeiro eu’ (Lauana Prado), ‘Coisa rara’ (Lauana Prado), ‘Coisa de ex’ (Paula Mattos), ‘Matéria de amor’ (Paula Mattos e Matheus & Kauan), ‘Vai ser mancada’ (Henrique & Diego), ‘Se cuida’ (Zé Neto & Cristiano), ‘Não tem pra ninguém’ (Michel Teló), ‘Fora da casinha’ (Michel Teló), ‘Cancela o sentimento’ (Marcos & Belutti/ Marília Mendonça), ‘De ex a esquecido’ (Marcos & Belutti), ‘Nada mal’ (Israel Novaes/Matheus & Kauan), ‘S.O.S. Cama’ (Thiago & Graciano/Maiara & Maraisa), ‘Rodou mais um’ (Matheus Marcolino/Ludmilla), ‘Caçador de bocas’ (João Gustavo & Murilo), ‘Desisto ou insisto’ (George Henrique & Rodrigo), ‘Isso é o amor’ (Breno e Caio César), ‘Que sorte a nossa’ (Belo), ‘Mãe eu tô gostando dela’ (Marcos & Belutti), ‘Cortina transparente’ (Marcos & Belutti/Dennis DJ), ‘Me dá o amor que eu mereço’ (Fernando & Sorocaba), ‘Sou do interior’ (Fernando & Sorocaba), ‘Menina de 30’ (Maiara & Fernando), ‘Aclimação’ (Marcos & Belutti) e ‘Meu coração não é hotel’ (Lauana Prado/Gusttavo Lima).