A geriatria desempenha um papel fundamental no contexto do envelhecimento da sociedade brasileira. Com o aumento da expectativa de vida e a consequente ampliação da população idosa, a necessidade de cuidados especializados torna-se cada vez mais evidente. A geriatria, como especialidade médica dedicada ao cuidado dos idosos, é essencial para garantir que essa parcela da população tenha uma qualidade de vida digna e saudável.
O Brasil, assim como muitos outros países, está passando por uma transição demográfica significativa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a população idosa está crescendo rapidamente. Em 2018, menos de 10% dos brasileiros tinham mais de 65 anos, mas a previsão é que até 2060 esse número aumente para 25,5%.
Conforme o médico e professor doutor Alessandro Ferrari Jacinto, “A geriatria se destaca por sua abordagem holística, que considera não apenas os aspectos físicos, mas também os mentais, sociais e emocionais dos pacientes idosos. Os Geriatras são treinados, na residência médica, para lidar com as complexidades do envelhecimento, incluindo doenças crônicas, problemas de mobilidade, e questões cognitivas como demências. Além disso, a geriatria enfatiza a importância da prevenção e da promoção de um envelhecimento saudável, incentivando hábitos de vida que podem retardar ou minimizar o impacto de doenças relacionadas à idade”.

Ele explica que outro aspecto crucial da geriatria é a promoção da autonomia e da independência dos idosos. Manter a funcionalidade e a capacidade de tomar decisões é vital para a autoestima e o bem-estar dos pacientes. A geriatria busca proporcionar um ambiente onde os idosos possam viver com dignidade, participando ativamente da sociedade e mantendo suas relações sociais.
No Brasil, a importância da geriatria é ainda mais acentuada devido às desigualdades sociais e econômicas. Muitos idosos dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) para receber cuidados médicos, e a falta de infraestrutura adequada e de profissionais com residência médica na área pode comprometer a qualidade do atendimento. Investir na formação de geriatras e na melhoria das condições de atendimento é essencial para enfrentar esses desafios e garantir que todos os idosos tenham acesso a cuidados de qualidade.
“Os geriatras brasileiros enfrentam uma série de desafios significativos no cuidado da população idosa. Atualmente, o Brasil possui, apenas, cerca de 1.400 geriatras, o que representa aproximadamente 6% do número necessário para atender adequadamente a população idosa. Essa insuficiência resulta em uma sobrecarga para os profissionais existentes e limita o acesso dos idosos a cuidados especializados”, pondera o doutor.
Em dezembro de 2020, foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas e, é liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o programa A Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030). Os principais objetivos desse programa incluem:
– Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação à idade e ao envelhecimento.
– Facilitar a capacidade dos idosos de participar e contribuir para suas comunidades e sociedade.
– Prestar atenção integrada e serviços de saúde primários que atendam às necessidades individuais dos idosos.
– Prover acesso a cuidados de longa duração para pessoas idosas que deles necessitem
Doutor Alessandro Ferrari Jacinto conclui: “a geriatria é uma especialidade vital para o envelhecimento saudável da sociedade brasileira. Ela não apenas trata doenças, mas também promove a prevenção, a autonomia e a qualidade de vida dos idosos. Com o envelhecimento acelerado da população, a demanda por cuidados geriátricos continuará a crescer, tornando essa área cada vez mais relevante e necessária para o futuro do país.