A Casa Afro de Adamantina completa neste mês de novembro, dois anos de existência, e é motivo de orgulho para o município e para os cerca de 300 voluntários da Associação Gangazumba de Cultura Negra, que é o coletivo ligado às ações realizadas no espaço cultural.
Com uma vasta coleção de conquistas importantes para a comunidade negra local, o espaço é hoje de tutela do município e uma das instituições vinculadas ao Sistema Municipal de Cultura, previsto na Lei Nº 4.244, de 05 de julho de 2023, que trata-se do principal articulador no âmbito municipal das políticas públicas de cultura, estabelecendo mecanismos de gestão compartilhada com os demais entes federados e a sociedade civil.
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A Casa é fruto da mobilização da Gangazumba, quando esta já desenvolvia ações enquanto sociedade civil. Mas somente em 2021, a partir da instituição da Semana da Consciência Negra através da Câmara Municipal e do trabalho do secretário de Cultura e Turismo, Sergio Vanderlei junto a articulação do prefeito Marcio Cardim com o governo do Estado de São Paulo, os avanços em prol da comunidade negra puderam avançar consideravelmente.
A dirigente da Casa Afro e fundadora da Associação Gangazumba, Meire Cunha, relembra a trajetória de fundação do espaço.
Ela conta que, após tomar conhecimento do trabalho da Associação Gangazumba, o prefeito Marcio Cardim ao se reunir com o então Secretário-Executivo do Centro de Equidade Racial do Estado de São Paulo, Ivan Lima, buscou dar início a articulação para a implantação de uma Casa Afro em Adamantina.
A parceria aconteceu e a partir dela, o município passou a buscar o local apropriado para abrigar a futura Casa. “Precisava ser na periferia para trabalhar mais próximo ao nosso público alvo, como em todo o estado acontece”, explicou Meire.
Assim surgiu a ideia da utilização do Centro Comunitário do Jardim Primavera, uma vez que o espaço estava abandonado e já era indicação do Estado ao Município, que fosse ocupado de alguma forma, devido ao seu abandono, não utilização e depreciação do espaço, o que vinha acarretando problemas à população. Na Ocasião Clovis Donizeti, que estava à frente do bairro convocou uma reunião com todos os moradores para explicar o que seria a Casa Afro, apenas 17 moradores compareceram.
Sendo assim, a Prefeitura começou a reforma do espaço e no dia 15 de novembro de 2022 foi então fundada a Casa Afro de Adamantina, a primeira implantada no estado.
Nestes dois anos de existência, segundo Meire, a Casa Afro abriga os seguintes projetos: aulas de Breaking, Capoeira do Bem, Capoeira “Vem Brincar Mais Eu”, grupo de bordadeiras “Casa da Mãe” e Projeto Batuque. Em datas sazonais, realiza a Feira Afro Indígena, exposição de Manifestações de Matriz Africana, festividades em alusão ao Dia da Mulher Latino Americana e Caribenha, Semana da Capoeira e Semana da Consciência Negra. Além disso, o espaço que se tornou referência de disseminação de consciência e cultura negra para municípios em toda região, recebe alunos de escolas de diversos municípios, sem mencionar o projeto de Letramento Racial gratuito oferecido à comunidade.
Outra conquista importante que Meire se orgulha e que só foi possível a partir da existência da Gangazumba e Casa Afro, foi a criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) que embora seja uma necessidade dos 645 municípios do estado de São Paulo e maior carro chefe de trabalho da Secretaria de Justiça e Cidadania da Coordenadoria de Políticas Públicas para Pessoas Negras, nem todos os municípios possui. A Lei que institui o Compir foi sancionada pela Câmara Municipal em 2023.
A partir da existência da Casa Afro, a dirigente Meire Cunha, avalia, que muitos avanços foram possíveis, tanto legais com a formalização de leis que valorizam e garantem direitos, como em dimensões humanas, por meio do empoderamento de artistas antes marginalizados, a socialização e, ainda, maior inserção de Pessoas Negras (pretas e pardas) na política, nas artes e no empreendedorismo. “A Casa Afro de Adamantina é hoje o principal espaço de protagonismo negro de Adamantina e uma referência para toda região”, finaliza Meire.
A Casa Afro de Adamantina é Municipal, e, portanto, tem características regionais, tendo criado seu ritmo próprio de trabalho, desenvolvimento sociocultural e permanece sendo a única instituição brasileira com essas características e de aliança Bipartite, sociedade civil, município, e também atende as adequações das exigências e orientações estaduais.