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Adamantina
sexta-feira, 18 abril, 2025

Os 100 dias da gestão José Tiveron

Em entrevista, o novo prefeito de Adamantina fez avaliação do período, esclarecendo temas que geraram dúvidas ou questionamentos por parte da população

Em entrevista concedida ao IMPACTO, o prefeito de Adamantina, José Carlos Martins Tiveron (Novo), fez um balanço dos primeiros 100 dias de governo. Ele apontou os principais desafios enfrentados, destacou as conquistas alcançadas até o momento e esclareceu temas que geraram dúvidas ou questionamentos por parte da população. Confira:

IMPACTO: Como avalia os 100 primeiros dias de sua gestão?

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José Tiveron: Os primeiros 100 dias foram marcados por trabalho intenso, diálogo constante e presença ativa em todos os setores da cidade. Estivemos nas ruas, no gabinete, nas escolas, nos postos de saúde, nas instituições públicas e privadas — ouvindo a população, conversando com lideranças e buscando soluções reais para os desafios do município. Essa escuta ativa e essa postura propositiva nos permitiram enxergar Adamantina como parte fundamental do Aglomerado Urbano de nossa macrorregião, composta por 55 municípios. Começamos a reposicionar a cidade como um polo regional, abrindo portas e construindo pontes com os governos estadual e federal, para garantir que nossa cidade avance com planejamento, eficiência e, principalmente, com justiça social.

IMPACTO: Quais os principais desafios do período?

José Tiveron: O maior desafio não foi estrutural, mas humano. Desde antes do dia 1º de janeiro, nos reunimos com nosso time de secretários, diretores, coordenadores e servidores para iniciar uma transformação de dentro para fora. A prefeitura não funciona apenas com projetos e obras — ela funciona com pessoas. E cuidar das pessoas que cuidam da cidade foi nossa prioridade inicial. Ouvir os servidores, valorizar sua trajetória, entender suas angústias e criar um ambiente de motivação e pertencimento tem sido o maior desafio — e, ao mesmo tempo, o caminho mais promissor. Só é possível oferecer um bom atendimento à população se quem atende também for bem tratado, respeitado e reconhecido. Uma gestão pública só funciona quando os setores trabalham juntos, com propósito, alinhados por uma visão comum: fazer Adamantina crescer com qualidade de vida para todos.

São mais de 1.200 servidores que fazem parte dessa engrenagem, e cada um é peça essencial para o sucesso da nossa cidade.

IMPACTO: E quais foram os principais avanços e conquistas?

José Tiveron: Nesses 100 primeiros dias, o trabalho coletivo das 14 Secretarias Municipais foi decisivo para colocar a casa em ordem e iniciar um novo ciclo de eficiência e protagonismo. Investimos em capacitação, qualificação técnica e valorização do servidor. Foram dezenas de reuniões, cursos, formações e momentos de integração entre as equipes, tudo com foco em melhorar o atendimento à população e aprimorar os processos internos da administração. Firmamos uma importante parceria com o Sebrae, que já está em andamento, por meio do Programa Cidade Empreendedora. Serão mais de R$ 750 mil investidos em ações de qualificação profissional para servidores, empresários e munícipes, com destaque para os cursos Empretec Rural e Urbano — exclusivos no Brasil. Esse investimento é uma semente que vai germinar ao longo dos próximos meses e transformar a cultura de gestão pública e empreendedorismo em Adamantina. Isso é só o começo. Estamos construindo, com responsabilidade e planejamento, uma cidade mais forte, mais eficiente e mais humana.

Prefeito de Adamantina José Tiveron | Foto: Estela Mendes

IMPACTO: Como receberam a Prefeitura de Adamantina, desde a gestão até a parte financeira?

José Tiveron: Assumimos a Prefeitura após um período de transição que, embora tenha sido institucionalmente conduzido, apresentou limitações. A documentação fornecida, em muitos casos, não estava completa ou clara, e diversas informações foram passadas de forma verbal. Isso dificultou uma análise mais aprofundada dos departamentos logo no início. Ainda assim, contamos com o apoio dos servidores efetivos, que se empenharam dentro de suas atribuições para garantir a continuidade dos serviços. Não tivemos postura de confronto, mas de cooperação, priorizando sempre a resolução dos problemas. Com o avanço dos dias, identificamos que, embora o município não possua dívidas formalizadas, há diversos empréstimos e financiamentos contratados no final da gestão anterior. Esses recursos constaram como créditos em dezembro, mas agora, com o início da nossa administração, representam compromissos mensais que precisam ser honrados. Um exemplo é o financiamento da Usina de Resíduos Sólidos (RCC), cujas parcelas exigem atenção especial do nosso planejamento financeiro. Em relação à estrutura administrativa, encontramos a Prefeitura no limite da ocupação de cargos de direção e coordenação. Por apontamento do Tribunal de Contas na gestão passada, não é mais possível criar novas funções, o que gerou um vácuo em áreas estratégicas. Algumas secretarias seguem sem supervisão plena, comprometendo a gestão cotidiana. Mesmo diante dessas adversidades, temos servidores altamente comprometidos, que vêm se dedicando ao máximo para garantir o bom funcionamento da máquina pública. Destaco o trabalho das equipes da Saúde, Educação, Obras, Agricultura, Assistência Social, Planejamento e seus respectivos departamentos, que estão na linha de frente e lidam diretamente com a população e os espaços públicos da cidade. A eles, deixo nosso reconhecimento e gratidão.

IMPACTO: Quais foram os desdobramentos das seguintes questões?

TRANSPORTE ESCOLAR

José Tiveron: O transporte escolar é uma das prioridades da nossa gestão. Logo no início do ano, enfrentamos um cenário crítico, com superlotação e ausência de monitores, questões que se acumulavam há anos. Agimos com agilidade: redistribuímos ônibus da frota municipal e contratamos outros dois veículos por meio da empresa terceirizada já em atividade. Também ampliamos o número de monitores para acompanhar os alunos, chegando hoje a 20 profissionais atuando diariamente. Já convocamos mais dois aprovados em concurso público para reforçar a equipe. Esse é um trabalho contínuo, com foco na segurança e no bem-estar dos estudantes. Além disso, estamos renovando gradualmente a frota, que enfrenta sérios problemas mecânicos e elétricos. Um novo ônibus, adquirido com apoio de recursos federais e estaduais, está previsto para chegar nos próximos dias. E não vamos parar por aí — estamos estruturando projetos consistentes para pleitear mais veículos junto aos ministérios e secretarias estaduais. Reiteramos nosso compromisso com uma gestão responsável, transparente e sensível às necessidades da população. Temos muitos desafios, mas seguimos firmes na missão de entregar resultados concretos à cidade de Adamantina.

PASSARELA DO PONTILHÃO DA RUA JOAQUIM NABUCO

José Tiveron: A situação do pontilhão da Rua Joaquim Nabuco é um problema antigo e amplamente conhecido pela população, que há décadas convive com os riscos e limitações daquele trecho. Infelizmente, gestões anteriores não avançaram com estudos técnicos aprofundados nem apresentaram soluções concretas para garantir a segurança dos pedestres que utilizam o local diariamente, especialmente crianças, idosos e trabalhadores. Nossa administração decidiu enfrentar o problema com seriedade, responsabilidade e compromisso com a vida. Por meio da Secretaria de Planejamento, mobilizamos engenheiros, arquitetos e técnicos especializados que realizaram diversas visitas técnicas, avaliações estruturais e estudos de viabilidade. O objetivo foi identificar a melhor solução técnica para construção de uma passarela segura, acessível e duradoura. Já contratamos o profissional responsável pela elaboração do projeto, que realizou a vistoria no local. Essa etapa foi essencial para garantir que o projeto respeite as particularidades do terreno e da estrutura existente, oferecendo uma proposta que seja funcional, segura e compatível com o tráfego de pedestres. Esse é um exemplo claro do nosso compromisso em resolver problemas históricos com responsabilidade técnica e planejamento. A passarela do pontilhão da Rua Joaquim Nabuco não será apenas uma obra física, mas um marco simbólico de uma gestão que ouve a população, respeita a técnica e busca soluções definitivas para questões que por muito tempo foram negligenciadas. Nosso foco é entregar à população uma estrutura segura, moderna e dentro dos padrões de acessibilidade, devolvendo dignidade e tranquilidade aos que passam por ali todos os dias. Esse é o papel de uma gestão comprometida com o presente e preparada para o futuro.

PASSAGEM DO TRANSPORTE COLETIVO

José Tiveron: A prestação de um serviço de transporte coletivo urbano eficiente, seguro e acessível exige responsabilidade, equilíbrio financeiro e compromisso com a qualidade de vida da população. Nos primeiros 100 dias de gestão, enfrentamos um tema delicado: a necessidade de reajuste na tarifa do transporte coletivo. A última correção tarifária havia ocorrido há mais de dois anos, e, nesse período, os custos operacionais aumentaram consideravelmente — impulsionados pelo crescimento do preço dos combustíveis, pela inflação nos itens de manutenção da frota, reposição de peças, pneus, lubrificantes e, mais recentemente, pela ampliação do serviço com a inclusão de dois novos ônibus destinados ao transporte escolar. Diante da iminência de descontinuidade dos serviços pela empresa concessionária, que alegava inviabilidade econômica para a continuidade do contrato, a administração municipal optou por uma solução responsável: a adoção de subsídio público parcial à tarifa, para evitar que o reajuste recaísse totalmente sobre o usuário do transporte. Essa medida garantiu que o transporte continuasse operando sem prejuízo à população, com qualidade, regularidade e responsabilidade fiscal. Mais do que simplesmente reajustar uma tarifa, a gestão atua com transparência e planejamento para garantir que o sistema de transporte coletivo atenda às necessidades da população — sobretudo das pessoas que dependem diariamente desse serviço para trabalhar, estudar ou acessar os equipamentos públicos de saúde e assistência social. Seguiremos monitorando os indicadores do sistema, ouvindo os usuários, buscando fontes alternativas de financiamento — como programas federais de mobilidade urbana — e estudando formas de tornar o transporte público mais integrado e funcional. Transporte digno é política pública essencial, e vamos cuidar disso com seriedade.

REMÉDIOS NA FARMÁCIA MUNICIPAL

José Tiveron: A transparência e o respeito à população começam com a verdade. E a verdade é que, ao assumirmos a gestão municipal, encontramos um cenário desafiador em relação ao abastecimento da Farmácia Municipal. O processo licitatório anterior para a compra de medicamentos estava em fase de finalização, mas com diversas lacunas que poderiam comprometer a continuidade da assistência farmacêutica. Diante disso, agimos com responsabilidade. A nova equipe da Secretaria Municipal de Saúde deu prioridade à abertura de um novo processo licitatório, abrangendo mais de 1.500 itens, para assegurar que a rede pública de saúde volte a operar com estoques organizados, abastecidos e com a previsibilidade necessária para atender à população de forma permanente. Trata-se de um processo técnico, detalhado e rigoroso — como deve ser quando se trata de saúde pública. É importante que a população saiba que a responsabilidade pelo fornecimento de medicamentos é compartilhada entre os entes federativos: União, Estado e Município. Ou seja, nem todos os medicamentos disponíveis na Farmácia Municipal são de responsabilidade da Prefeitura. Muitos deles, inclusive os de alto custo ou de uso contínuo, devem ser fornecidos pelo Governo do Estado ou pelo Governo Federal. Ainda assim, em diversas situações, o município assume a aquisição de medicamentos que são, tecnicamente, de responsabilidade estadual, justamente para não deixar o cidadão desassistido. Essa prática exige não apenas compromisso, mas também equilíbrio orçamentário, uma vez que esses recursos não retornam aos cofres do município. E mesmo assim, seguimos trabalhando de maneira ativa para garantir que o abastecimento seja regular e que as prateleiras estejam cheias — com os medicamentos certos, nas quantidades necessárias e com controle de validade rigoroso. Além disso, a Secretaria de Saúde tem atuado em diálogo direto com a Secretaria Estadual de Saúde, cobrando agilidade nos repasses e nas entregas, e garantindo que Adamantina esteja inserida nas políticas públicas de medicamentos em todos os níveis. Nosso compromisso é com a saúde da população — e isso passa, obrigatoriamente, por uma Farmácia Municipal funcionando de forma plena, humana e eficiente. Estamos enfrentando os desafios com trabalho técnico, planejamento sério e, sobretudo, com o olhar voltado para as pessoas que mais precisam do serviço público. Não há espaço para improviso quando a prioridade é cuidar de vidas.

AUDITORIA DA PREFEITURA

José Tiveron: Ao assumir a administração municipal, a primeira medida responsável que tomamos foi realizar um levantamento técnico completo da realidade que encontraríamos — um processo conhecido no setor público como auditoria de transição governamental. Mais do que um termo burocrático, trata-se de um procedimento essencial para garantir a continuidade dos serviços públicos e a legalidade de todos os atos administrativos. Esse processo permite que a nova gestão tenha uma visão clara e precisa de tudo aquilo que foi deixado: contratos, convênios, licitações, execuções orçamentárias, folha de pagamento, patrimônio público e demais responsabilidades do município. A auditoria de transição, que também pode ser chamada de relatório de transição, é uma ferramenta de governança que vai muito além de buscar erros. Ela é um instrumento de diagnóstico — e como em qualquer diagnóstico sério, é preciso coragem para olhar com profundidade e compromisso para corrigir o que for necessário. Encontramos diversas situações que exigiram ação imediata. Muitas obras estavam paralisadas ou sem planejamento executivo; convênios foram firmados sem a devida estrutura para execução; havia dívidas sem cobertura contratual ou orçamentária, e equipamentos públicos recebidos inacabados. Em alguns casos, não havia sequer plano de operação, como foi o caso da usina de resíduos da construção civil. Mas não estamos aqui para apontar culpados. Nosso papel é outro. Não olhamos para trás com ressentimento, mas com responsabilidade. Assumimos a gestão com a consciência de que todos os desafios agora são nossos, e por isso decidimos agir com verdade, com técnica e com respeito ao dinheiro público. A auditoria é contínua. Não se trata de um único relatório, e sim de um conjunto de ações que nos permitem, dia após dia, tomar decisões fundamentadas, enxergar os gargalos herdados e projetar soluções definitivas. Quando houver falha, será corrigida. Quando houver erro, será exposto com transparência. E, se necessário, será feita a devida responsabilização legal — porque nosso compromisso não é com a aparência, mas com a ética, com a cidade e com cada cidadão que confia nessa gestão. Ao longo desses primeiros meses, reestruturamos setores, retomamos obras, regularizamos pendências, cuidamos das finanças com zelo e colocamos a cidade de volta no rumo certo. Seguimos firmes no propósito de reconstruir a gestão pública com base em transparência, técnica, planejamento e resultados concretos. Esse é o nosso modo de trabalhar. Não é espetáculo. É serviço. Não é discurso. É entrega. E o melhor ainda está por vir.

IMPACTO: Como está a situação da Cultura, o caso do maestro e os demais departamentos da pasta?

José Tiveron: A cultura de Adamantina está viva — e mais do que isso, está sendo reorganizada com seriedade, compromisso e planejamento. Assumimos uma pasta importante, que havia sido esquecida em alguns aspectos estruturais e carecia de diretrizes claras para a promoção cultural em todo o município. Nestes 100 primeiros dias, iniciamos um processo de reconstrução que valoriza não apenas os artistas e grupos já existentes, mas também amplia o acesso à cultura para toda a população. Sobre a situação do maestro da Banda Marcial, o processo licitatório está em fase final. É um processo público, técnico e criterioso, que está sendo conduzido com total transparência. Assim que finalizado, faremos a divulgação oficial. Sabemos da importância que a Banda Marcial tem para a identidade da cidade, principalmente para a juventude. Por isso, garantimos a manutenção das atividades com instrutores e com a professora coreógrafa, de forma que nenhum aluno ou aluna ficasse desamparado nesse início de ano. Além disso, reavaliamos todos os projetos e ações culturais em andamento e garantimos a continuidade dos que tinham relevância e impacto social. Isso inclui os cursos de teatro, palhaçaria, hip hop, projeto Batuque, entre outros. Também mantivemos a programação mensal do Domingo no Parque e o Rock na Praça, que passa a ocorrer a cada dois meses, além das oficinas e filmes do projeto Pontos MIS, realizados semanalmente. Outra frente fundamental foi a valorização da cultura nos bairros. Iniciamos 2025 com uma apresentação da Orquestra de Viola Caipira na Feira Livre da Estação Recreio, além de levar o tradicional trenzinho de carnaval para bairros como Jardim Adamantina, Primavera, Vila Jardim, Vila Cicma, Vila Endo, entre outros — democratizando o acesso à festa popular. Também realizamos o evento ComuniArte no Jardim Adamantina, com homenagem especial às mulheres, e participamos ativamente da integração entre campo e cidade, com ações culturais em diversos bairros rurais como Cana Verde, Monte Alegre, Córrego Tocantins e Alto da Boa Vista, numa parceria exemplar com a Secretaria do Meio Ambiente. Na área do turismo, já iniciamos o mapeamento dos pontos turísticos de Adamantina e demos início à instalação de sinalizações informativas. Foram solicitadas novas placas para complementar as já existentes, com destaque para a Casa Afro e o Museu, que são referências da nossa história local. Vale destacar que Adamantina já está certificada no Mapa do Turismo Brasileiro, e o Conselho Municipal de Turismo está devidamente registrado no Sistema de Informações do Ministério do Turismo, o que nos habilita a receber recursos e projetos federais voltados ao setor. Por fim, um dos maiores avanços foi a construção participativa do novo calendário de eventos da cidade. No dia 13 de janeiro, realizamos uma reunião ampla com 33 instituições, 4 secretarias municipais e o Fundo de Assistência Social, resultando em 153 eventos mapeados e inseridos no planejamento cultural de 2025. Essa articulação nos permite pensar a cultura não como algo isolado, mas como um eixo transversal de desenvolvimento social, turístico e econômico.

Seguimos trabalhando com o entendimento de que cultura não é gasto: é investimento. Ela constrói identidade, movimenta a economia, fortalece laços sociais e transforma vidas. É por isso que estamos cuidando dela com tanto carinho e responsabilidade.

IMPACTO: Como está o andamento de obras deixadas pela gestão anterior, como a usina de resíduos da construção civil e a ligação entre os bairros Jardim Brasil e Parque Itamaraty?

José Tiveron: Com relação à Usina de Resíduos da Construção Civil (RCC), desde o início da gestão, tratamos esse tema com muito respeito e responsabilidade. Recebemos uma obra inacabada e com diversas pendências técnicas e operacionais. Mesmo assim, em vez de buscar culpados, optamos por arregaçar as mangas e dar andamento ao que precisa ser feito, porque entendemos que o recurso público investido não pode ser desperdiçado, e a cidade precisa urgentemente de soluções sustentáveis para os resíduos da construção civil. Atualmente, estamos finalizando a construção do escritório administrativo e aguardamos a ligação de energia elétrica, que infelizmente teve um erro de projeto, mas que está sendo corrigido com o apoio técnico da Secretaria de Planejamento. Já recebemos o projeto da rampa de acesso ao equipamento e estamos programando a equipe para a execução dessa etapa. Também estamos aguardando a finalização do projeto da cobertura do maquinário, que será feita com mão de obra terceirizada. Além disso, ainda precisamos construir as baias para o depósito de materiais inservíveis, o que demanda planejamento, alocação de material e definição de se a execução será com equipe própria ou por contratação externa. Após a conclusão física da usina, daremos entrada no pedido da licença de operação junto aos órgãos competentes. Estamos trabalhando com total seriedade, inclusive realizando visitas técnicas a outras cidades com experiências bem-sucedidas, além de buscar consultorias especializadas para elaborar um plano de trabalho que assegure o correto funcionamento da usina, algo que não nos foi deixado pronto pela administração anterior. Nosso objetivo é transformar esse equipamento em um modelo de eficiência, reaproveitamento de resíduos e proteção ambiental. No que se refere à ligação entre os bairros Jardim Brasil e Parque Itamaraty, a intervenção também requer planejamento técnico e execução cuidadosa. Estamos apenas aguardando o término do período de chuvas intensas para dar início à implantação da galeria de tubos para o escoamento das águas pluviais. A previsão é que as obras comecem já no início de maio, uma vez que a drenagem adequada é essencial para garantir a durabilidade da ligação e a segurança dos moradores. Nosso foco é sempre garantir que a cidade funcione bem e que os recursos públicos sejam bem aplicados. O que foi deixado incompleto está sendo corrigido com trabalho técnico, respeito à população e visão de futuro. Porque cuidar da cidade, independentemente de onde começou o problema, é a obrigação de quem está à frente dela.

IMPACTO: Como está a relação com o Legislativo municipal nestes 100 dias?

José Tiveron: A relação tem sido pautada pelo diálogo e pelo respeito institucional. Desde a transição de governo, deixamos claro que o Executivo e o Legislativo devem caminhar juntos em tudo o que for de interesse da população. E temos conseguido manter esse compromisso. É importante dizer que o papel da Câmara Municipal vai muito além da aprovação de projetos. É ela quem representa, nas sessões e nos debates, a voz de cada bairro, de cada comunidade. Sabemos que é natural que existam divergências — isso faz parte da democracia. Mas temos trabalhado com uma premissa muito simples: respeito, transparência e construção conjunta. Já conseguimos aprovar matérias importantes nesses primeiros 100 dias e estamos mantendo um canal aberto com todos os vereadores, sem distinção partidária. O interesse coletivo está sempre acima de qualquer diferença política. Além disso, nossa equipe técnica tem feito questão de apresentar os projetos com embasamento, ouvir sugestões e acatar mudanças que sejam boas para a cidade. Essa abertura é fundamental para construir uma gestão moderna, que não governa sozinha. Nossa expectativa para os próximos meses é aprofundar ainda mais essa parceria, com pautas que melhorem a infraestrutura, ampliem os investimentos e beneficiem principalmente quem mais precisa do poder público. A boa política acontece quando os poderes se respeitam e trabalham juntos. E é isso que estamos fazendo.

Vice Lúcia Haga e prefeito José Tiveron | Foto: Estela Mendes

IMPACTO: Como avalia a receptividade da população diante de uma nova gestão após oito anos?

José Tiveron: A receptividade da população tem sido uma das maiores demonstrações de que estamos no caminho certo. Depois de oito anos de uma mesma forma de gestão, as pessoas naturalmente criam expectativas, dúvidas e também esperanças em relação ao novo. E o que temos sentido nas ruas, nos bairros, nas reuniões, nas visitas técnicas e em cada atendimento no Paço Municipal é uma receptividade crescente, marcada por diálogo, cobrança e, acima de tudo, disposição para colaborar. Temos recebido muitas palavras de incentivo, mas também muitas demandas represadas há anos. E o mais importante: a população tem reconhecido que não estamos escondendo os problemas — estamos enfrentando. Seja no esgoto a céu aberto, nos buracos, nos pontos de alagamento, nas estruturas públicas sucateadas, nos processos administrativos mal conduzidos ou na ausência de planejamento, temos assumido as responsabilidades que a gestão pública exige, com coragem e transparência. A verdade é que a população reconhece quando há seriedade. E mesmo com pouco tempo de governo, esse reconhecimento vem por meio de um detalhe muito simples: voltamos a dar resposta. Voltamos a ouvir, a prestar contas, a explicar o porquê das coisas e, principalmente, a agir. Isso tem feito toda a diferença. O apoio da população não se mede apenas por aplausos — se mede pela confiança que ela está reconstruindo. E essa confiança é o maior patrimônio que uma gestão pode conquistar.

IMPACTO: E o que essa população pode esperar dos próximos meses de mandato?

José Tiveron: Pode esperar uma administração que não se esconde. Uma gestão que segue com o pé no barro, com os olhos nos dados e com o coração voltado para a dignidade das pessoas. Os próximos meses serão decisivos, porque boa parte do que encontramos exigiu uma reconstrução profunda — estrutural, legal, orçamentária e até moral. Estamos finalizando auditorias, reorganizando contratos, redirecionando recursos, buscando parcerias com os governos estadual e federal, retomando obras paradas e lançando as bases para novos projetos. Já estamos com diversas frentes de trabalho abertas: manutenção de vias, recuperação de pontes e estradas rurais, revitalização de espaços públicos, estudo para ampliação da coleta de lixo, modernização da iluminação, regularização fundiária, e um olhar muito atento à saúde e à educação, que estão entre as prioridades da nossa gestão. E mais do que obras físicas, a população pode esperar uma reestruturação da máquina pública, com valorização dos servidores, capacitações técnicas e reorganização dos fluxos administrativos. Não se governa bem com improviso. Por isso, estamos estruturando tudo com responsabilidade — para que, mesmo quando sairmos, os serviços continuem funcionando. Estamos comprometidos com o que é essencial: devolver a dignidade à população, o respeito ao dinheiro público e a eficiência ao serviço público. Nos próximos meses, as mudanças começarão a aparecer com mais força — e não apenas em placas ou inaugurações, mas na vida das pessoas.

 

 

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