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sábado, 22 novembro, 2025

A construção civil e as emissões de gás carbônico: um olhar sobre a COP30 e os avanços da engenharia brasileira

Confira o conteúdo assinado pelo engenheiro Daniel Robles

Com a edição da COP30, realizada pela primeira vez na cidade de Belém, há uma oportunidade singular para debater o papel da construção civil no combate às mudanças climáticas. O setor, responsável por cerca de 37% das emissões globais de CO₂ relacionadas à energia, é, globalmente, um dos grandes desafios para alcançar as metas do Acordo de Paris, que visam limitar o aumento da temperatura média da Terra a 1,5°C.

No entanto, o Brasil se destaca neste cenário por apresentar resultados significativamente melhores na relação entre construção civil e emissões de gases de efeito estufa (GEE). A matriz energética limpa e a criatividade na engenharia brasileira têm demonstrado que é possível equilibrar desenvolvimento urbano e sustentabilidade num país que, apesar de suas contradições, traz soluções viáveis e inovadoras para os desafios climáticos.

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CONSTRUÇÃO CIVIL: O DESAFIO DAS EMISSÕES GLOBAIS

No cenário global, a construção civil é um setor crítico para as emissões de carbono. A maior parte do impacto vem de dois vetores principais:

  • A produção de materiais, como cimento, concreto e aço, que possuem processos industriais com alta pegada de carbono.
  • O consumo energético das edificações, que incluem aquecimento, resfriamento, iluminação e operação ao longo da vida útil do imóvel.

A China, por exemplo, é responsável por 50% da produção mundial de cimento e lidera como a maior emissora do setor, alimentada pelo uso massivo de carvão como base energética. Na Europa e nos Estados Unidos, o impacto está relacionado principalmente à operação dos edifícios, que consomem intensivamente energia para climatização.

Diante desse quadro, a COP30 busca ampliar o debate sobre como descarbonizar globalmente o setor e garantir que as metas climáticas sejam viáveis até 2030. Assim, pautas como o financiamento climático para países em desenvolvimento e a implementação de tecnologias limpas serão centrais nas discussões.

Diferentemente de muitos países desenvolvidos, o Brasil apresenta vantagens competitivas no setor de construção civil quando o assunto é sustentabilidade. A matriz energética brasileira, composta por cerca de 80% de fontes renováveis, é uma das principais razões que explicam a menor pegada de carbono do país. Como resultado, a construção civil brasileira contribui com apenas 6% das emissões nacionais de GEE, um número significativamente inferior à média global de 37% para o setor.

Entre os fatores que fazem do Brasil um modelo para o mundo, destacam-se:

  • A produção energética limpa: A utilização de hidrelétricas, energia solar e eólica reduz consideravelmente as emissões associadas à operação de edifícios.
  • Uso criativo de materiais: Engenheiros brasileiros têm explorado soluções inovadoras, como a madeira engenheirada (CLT), que é menos intensiva em carbono do que o aço e o concreto, além de ser um sumidouro natural de CO₂.
  • Resiliência nas construções: Projetos modernos e certificados por programas de sustentabilidade, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), têm ganhado espaço no mercado imobiliário e se consolidam como exemplos de boas práticas.

A engenharia brasileira tem sido essencial para impulsionar soluções sustentáveis na construção civil. Em um setor historicamente marcado pela dependência de cimento e concreto, os engenheiros vêm promovendo importantes avanços em diversas frentes:

  • Tecnologias mais limpas na fabricação de cimento: Parte expressiva das emissões da construção no Brasil ainda vem do cimento, mas projetos de modernização em indústrias do setor estão reduzindo significativamente a dependência de combustíveis fósseis.
  • Eficiência energética em edificações: A aplicação de sistemas passivos de climatização, como ventilação cruzada e aproveitamento da iluminação natural, reduz o consumo total de energia de edifícios.
  • Materiais alternativos e recicláveis: Perspectivas como o uso de resíduos da construção em novos projetos vêm diminuindo o impacto ambiental e promovendo a economia circular. Os engenheiros têm liderado essa transformação ao desenvolver novas metodologias e tecnologias baseadas nesses princípios.

Esse protagonismo da engenharia verde coloca o Brasil como uma possível referência na implementação de soluções sustentáveis, criando uma base renovada para o setor global de construção civil.

Com a COP30 sendo realizada na Amazônia, o Brasil terá a oportunidade de destacar como suas práticas e políticas no setor podem inspirar outros países. A relevância da pauta se concentra em pontos como:

  • Redução de emissões no setor de cimento e aço, com a introdução de metas mais ousadas e inovação tecnológica.
  • Ampliação de materiais sustentáveis, como madeira engenheirada, que possuem uma alta capacidade de armazenar carbono.
  • Investimentos internacionais em construção sustentável por meio do financiamento climático para apoiar tecnologias verdes em países em desenvolvimento.

Além disso, o Brasil tem a chance de promover a justiça climática, alocando esforços em urbanização sustentável e inclusiva, especialmente nas comunidades mais vulneráveis e nas regiões periféricas das cidades.

Enquanto o setor de construção civil representa um dos maiores desafios no contexto da mudança climática, a engenharia brasileira e a matriz energética limpa do país mostram que alianças entre inovação técnica e sustentabilidade são possíveis. A COP30 em Belém é uma oportunidade para o Brasil liderar o debate global sobre descarbonização na construção civil, demonstrando que o país não é apenas um exemplo, mas também um pioneiro na busca por um futuro urbano mais sustentável.

Através dos seus Engenheiros, o Brasil não está apenas enfrentando os desafios climáticos, mas também provando que um rendimento sustentável pode ser alcançado sem comprometer o crescimento econômico. É hora de o mundo aprender com as soluções brasileiras e a COP30 sem dúvida é o palco perfeito para esse aprendizado.

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