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segunda-feira, 17 novembro, 2025

Anti-inteligência

Confira o conteúdo assinado pelo engenheiro José Michelini Neto

Conhecia a antimatéria. Assim, de ler em livros e textos avulsos. Hoje descobri a anti-inteligência. Aniquila a inteligência. No caso de que aqui trato, também é uma energia e que aniquila uma outra. Somos tidos como os únicos seres com elevado de inteligência no planeta. Mas também somos os únicos a usá-la no sentido inverso. Há tempos, numa roda de conversa entre homens, fiz a pergunta – “qual é a melhor coisa do mundo?”. Um machista nem pensou – “a mulher”. Discordei. Ficaram todos espantados. Eu disse – “então, a melhor coisa do mundo é bicho-de- pé”. Riram, e um até condescendeu – “é uma coceirinha gostosa mesmo”. “Não é isso” expliquei. “É que… de que adianta conquistar uma mulher, se o bicho não estiver de pé?” Concordo que o orgasmo sexual é o prazer mundano maior. O nirvana carnal. Mas é, por muitos, trocado por vícios como tabaco, álcool, ou drogas outras que encurtam o prazo deste prazer maior. Anti-inteligência.

Podemos também questionar qual é o bem maior que temos na vida (já estou pressupondo a vida como existente; fica, portanto, excluída a opinião de ser esse bem a própria vida). Acho que um bem bastante plausível de voto é o Amor. Falo do amor universal, não de paixão, de prazeres mundanos efêmeros. Mas não temos por usual cultivarmos esse Amor. Anti-inteligência. Uma das razões desse não cultivo é nossa indiferença em relação à natureza. Não vivemos integração, interação com essa fonte de ensinamento, de equilíbrio, inspiração, vida. E somos parte dela. Nada evoca e inspira tanto o mistério e o sagrado como a floresta; nada inspira tanto o desafio com a montanha, o mar, o trovão, a chuva, o sol de verão; nada inspira tanto a liberdade quanto os campos e o vento a acariciar nossa epiderme; nada inspira mais a contemplação do que o movimento contínuo de um rio; nada inspira mais a harmonia que a sucessão das estações; nada é mais poético que o turbilhão do Vazio. Nada inspira tanto o Amor, a Fé, a Vida quanto a vivência disso tudo pois estamos todos na mesma nave, sob as mesmas Leis Universais. Mas tomamos a natureza como nossa servidora para nosso conforto e acumulação. Faz-me lembrar a nossa pátria história. A antiga metrópole não enviou aqui pessoas para que se integrassem à nova terra, mas para que a explorassem. E nos deixou terríveis legados dos quais ainda não nos livramos. Comemos o planeta como glutões (essa fala é do Ailton Krenak) sem nada repor e sem permitir sua regeneração. E é nossa fonte de alimento, água e ar. Nossa fonte de vida. A Terra dá seus sinais, seus alertas, mas nos negamos a abdicar de felicidades criadas, efêmeras e artificiais. O funesto prazer em disputas vaidosas para ser o maior, o melhor, no nível individual, nos faz idiotas consumidores de bens fúteis. Ao nível estatal, disputas territoriais, crescimento econômico. Fatores que fazem exaurir o planeta de seus recursos, sem reposição, sem tempo para regeneração, e condenando a vida na Terra. Anti-inteligência.

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Agora estamos com a COP30 acontecendo. Que seus atores a tratem com seriedade e inteligência. Sem se dedicarem a seus próprios “bichos-de-pé”, vaidades, negacionismo, e sim para manter A VIDA PLANETÁRIA EXUBERANTE E NATURALMENTE “EM PÉ”.

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