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Adamantina
terça-feira, 30 dezembro, 2025

Adamantina entre a cautela e a paralisia

Confira o conteúdo assinado pelo jornalista Eduardo Graboski

Governar uma cidade é mais ou menos como dirigir. Você pode até sair do lugar na primeira marcha, mas se insistir nela por muito tempo, o motor grita, o carro treme e todo mundo percebe que algo está errado. É exatamente essa a sensação que Adamantina passa hoje.

A atual gestão, em seu primeiro mandato e ainda em fase de “aprendizado político”, até começou andando. O problema é que parou. A cidade segue em ritmo de teste, como se governar fosse um grande estágio probatório sem data para acabar.

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O discurso é de responsabilidade, cautela e boa vontade. Na prática, é medo de trocar a marcha e acelerar. Medo de errar. Medo da crítica. Medo do “vão falar”. E quando o medo manda, a cidade fica estacionada com o pisca-alerta ligado.

Há um erro primário, quase didático: trocaram técnica por política. Muita gente do segundo escalão, que conhecia a máquina pública, sabia onde apertar, onde soltar, onde destravar, foi substituída. Não houve diálogo com quem já estava ali e tinha experiência. Preferiu-se começar do zero, e o zero, como sabemos, não anda sozinho.

Resultado? Processos travados, decisões lentas e uma cidade que parece presa em looping burocrático. Tudo demora. Tudo empaca. Tudo vira “vamos ver”, “estamos analisando”, “no momento não é prioridade”. Tudo vira desculpa. O desenvolvimento fica para trás.

E aí chegamos ao ponto mais simbólico desse governo: a cultura.

Adamantina praticamente desligou a tomada cultural. Programação reduzida ao osso, eventos sumiram, a cidade ficou silenciosa demais. Não é economia, é visão curta. Cultura não é gasto supérfluo, é identidade, movimento, autoestima e até desenvolvimento econômico. Sem ela, a cidade perde alma. E cidade sem alma vira só CEP.

Enquanto isso, cidades menores ousam, arriscam, erram, acertam e seguem. Adamantina observa. Observa tanto que parece ter parado no tempo.

Falo isso sem prazer algum. Nasci e cresci em Adamantina. Mesmo morando fora, minha ligação segue intacta: família, amigos, memória, raiz. Justamente por isso incomoda ver a cidade se contentando com pouco, se encolhendo no cenário regional e aceitando a mediocridade como se fosse virtude administrativa. Ou moral.

Talvez morar fora dê mesmo outra perspectiva. Menos acomodada. Mais ousada. Mais fora da caixa. Porque quem ama a cidade não quer só que ela funcione, quer que ela avance.

Boa vontade não governa sozinha. Governar exige decisão, risco e entrega. Exige sair do discurso confortável, trocar a marcha mesmo que ela esteja emperrada, e pisar no acelerador do desenvolvimento. Porque se continuar nesse ritmo, Adamantina não só perde o timing, corre o risco de transformar a paradeira no novo normal. E aí, meu amigo, nem troca de marcha resolve.

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