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quinta-feira, 25 dezembro, 2025

Brasil: o avião que não decola

Confira o conteúdo assinado pelo engenheiro Osmar Pereira da Silva Junior

O Brasil é como um grande avião, imenso, com asas largas e motores capazes de atravessar oceanos. Ele está ali, parado na pista, sob o céu aberto, esperando o momento de decolar. Quem olha de fora enxerga o potencial. Quem está dentro sente a expectativa. Ainda assim, a decolagem insiste em não acontecer.

Será que estamos utilizando o combustível correto para este avião?

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Somos um país abençoado. A terra brasileira produz em abundância, transforma sementes em alimento e sustenta milhões dentro e fora de nossas fronteiras. Das lavouras que se estendem até onde os olhos alcançam às mãos que trabalham o campo com dedicação, o Brasil alimenta o mundo. Debaixo do solo, guardamos riquezas minerais que poucos países possuem, matéria-prima estratégica para o presente e para o futuro. E, acima do solo, construímos uma indústria que resiste, inova e mostra ao mundo do que somos capazes.

Empresas como a Petrobras, que desafia o impossível ao explorar o petróleo em águas profundas; a Vale, que conecta o Brasil às cadeias globais de produção; a WEG, símbolo de tecnologia, eficiência e inovação reconhecida internacionalmente; a Embraer, que literalmente coloca o país nos céus do mundo; entre tantas outras gigantes nacionais, são provas de que o Brasil pode voar muito alto.

E então vem a pergunta que ecoa como um silêncio incômodo na cabine: por que esse avião ainda não voa como poderia? Por que, com tantas virtudes, ainda não alcançamos o patamar de desenvolvimento que nossa própria grandeza sugere?

Talvez porque, ao longo do tempo, tenhamos confundido esperança com idolatria. Depositamos nossos sonhos em pessoas, em discursos, em promessas, quando o verdadeiro caminho do desenvolvimento exige algo mais profundo. Não é a direita nem a esquerda que fazem um país avançar, mas a maturidade coletiva de entender que nações fortes se constroem com trabalho, planejamento, conhecimento e responsabilidade. Políticos passam. O país fica.

O Brasil não precisa de heróis. Precisa de projetos. Precisa de decisões técnicas, de visão de longo prazo e de respeito à inteligência de seu povo. Precisa, sobretudo, valorizar quem transforma ideias em realidade.

E talvez esteja aí o combustível que falta para essa decolagem: o investimento na engenharia brasileira. É a engenharia que transforma recursos em progresso, que desenha caminhos onde antes havia obstáculos, que constrói pontes, cidades, indústrias, sistemas de energia, saneamento e desenvolvimento. Valorizar a engenharia é valorizar o futuro. É apostar no conhecimento, na ciência, na inovação e no trabalho sério como base de um país mais justo e próspero.

Se o Brasil é esse avião pronto para voar, a partida dos motores não virá de discursos apaixonados, mas de ações concretas. Quando investirmos na engenharia, na educação e na valorização dos profissionais que constroem o país todos os dias, talvez finalmente sintamos o som dos motores ganhando força e o chão ficando para trás.

Neste Natal, que possamos refletir sobre o país que temos e, principalmente, sobre o país que podemos construir juntos. Que o espírito de renovação, esperança e responsabilidade inspire o Brasil a abastecer seus motores com conhecimento, trabalho e união. Feliz Natal, e que o próximo ano seja o início da tão esperada decolagem.

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