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domingo, 28 dezembro, 2025

VOX: a referência feminina na arte da cerveja artesanal

Confira a história de Renata Bachega

Em Adamantina, interior de São Paulo, uma engenheira de alimentos tem se destacado em um universo ainda majoritariamente masculino — o da produção de cerveja artesanal. Aos 35 anos, Renata Esteves Francisco Bachega não apenas domina os processos da indústria alimentícia, como também encontrou nas panelas de brassagem uma paixão que vai além do hobby: uma forma de se reconectar consigo mesma.

Foto: Nany Carrara/VOX

Durante o dia, Renata é responsável técnica em uma indústria de biscoitos. Mas, quando o expediente termina, é na fabricação de cerveja artesanal que ela se realiza de verdade. “Quem fabrica a cerveja é a Renata que tem sonhos a conquistar, ideias para pôr em prática. É a profissional realizada”, conta ela.

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Natural de São Bernardo do Campo, Renata chegou a Adamantina ainda criança. Curiosa desde pequena, apaixonou-se cedo pela área de alimentos — influência direta do pai, que sempre a incentivou a explorar o mundo das Exatas. “Sempre quis entender como os alimentos eram feitos. E quando descobri a engenharia de alimentos, foi amor à primeira vista”, lembra.

A paixão pela cerveja, porém, veio com o tempo — ou melhor, com as viagens. Em visitas frequentes a Ribeirão Preto, berço da produção artesanal no Brasil, Renata começou a explorar o universo cervejeiro de perto. Fez cursos, visitou cervejarias, conversou com especialistas e mergulhou no processo de produção. “Não bastava só consumir. Eu queria entender as embalagens, os ingredientes, as diferenças entre os estilos e, principalmente, desmistificar os mitos em torno da cerveja”, explica.

Foto: Nany Carrara/VOX

A virada aconteceu em 2022, quando Renata foi desligada de uma empresa onde trabalhava havia oito anos. Com um filho pequeno e em busca de redescoberta pessoal e profissional, decidiu voltar a fazer o que tanto amava — agora, com mais estrutura e apoio da família. Ganhou equipamentos dos pais, incentivo do marido e começou a produzir novamente. A primeira receita foi um presente para ele, em agradecimento. “Comecei a presentear os amigos e achava que elogiavam só por gentileza. Mas quando pessoas que eu nem conhecia começaram a pedir minha cerveja, percebi que estava no caminho certo”, conta, orgulhosa.

Hoje, Renata é uma das poucas mulheres da região a se destacar na produção artesanal. E faz questão de levantar essa bandeira. “Quando fiz o curso de Cervejeira Caseira, eu era a única mulher entre mais de 30 alunos. Felizmente, isso tem mudado. As mulheres estão ganhando espaço e reconhecimento. Já temos muitas cervejeiras premiadas no Brasil”.

Seus rótulos — que ainda não são comercializados oficialmente — já marcaram presença em eventos da região e caíram no gosto do público. O destaque vai para sua Fruit Beer de pitaia, que valoriza ingredientes de produtores locais. “Sempre busco ingredientes de qualidade e regionais. Além de dar identidade à cerveja, fortalece o comércio da nossa região”.

Foto: Nany Carrara/VOX

Mesmo ainda produzindo em pequena escala, Renata tem ambições maiores: disseminar a cultura cervejeira no interior paulista, desmistificar ideias pré-concebidas e mostrar que há um mundo além da cerveja ‘puro malte’. “Quero que as pessoas descubram que existem estilos diferentes, sabores únicos e que é possível beber melhor, mesmo bebendo menos”, diz.

O sucesso nas redes sociais também ajuda a espalhar a mensagem. Um de seus vídeos sobre curiosidades cervejeiras ultrapassou 4,3 milhões de visualizações no TikTok. “Foi aí que percebi que isso poderia ser mais do que um hobby”, afirma.

Entre fórmulas, fermentações e garrafas, Renata Bachega vai fermentando não só boas cervejas, mas também uma nova história — de coragem, reinvenção e, claro, muito sabor.

Foto: Nany Carrara/VOX
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