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sábado, 9 agosto, 2025

Após 30 anos de dedicação, Passarinho se despede da Prefeitura de Adamantina

Aos 80 anos, João Benedito Passarinho encerra sua trajetória no serviço público deixando um legado de amor, história e compromisso com a cidade que o acolheu ainda criança

Ao IMPACTO, João Benedito Passarinho conta a trajetória de vida e confidencia o amor por Adamantina | Foto: João Vinícius Faustino/IMPACTO

Com lágrimas nos olhos e o coração cheio de gratidão, João Benedito Passarinho, de 80 anos, encerra sua jornada de 30 anos na Prefeitura de Adamantina. Figura carismática e querida, Passarinho é mais do que um servidor público: é parte viva da história da cidade.

De coração adamantinense, ele chegou ao município em 1949, com apenas cinco anos, vindo de Herculândia com os pais e sete irmãos. O patriarca, ferroviário, foi transferido para a então recém-instalada cidade. A família desembarcou no lendário “trem lastro”, o primeiro a chegar em Adamantina, que trazia ferramentas para a construção da linha férrea e impulsionaria o desenvolvimento local. Moraram em uma das 36 casas da colônia dos ferroviários e viveram à beira da linha do trem.

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Desde cedo, Passarinho conheceu o valor do trabalho. Ainda criança, ajudava a mãe na lavoura de algodão e amendoim, sempre conciliando com os estudos. Depois, passou por diversas ocupações: engraxate, funcionário de hotel, operário em torrefação de café, marceneiro e colaborador do IBC (Instituto Brasileiro do Café), além de atuar na Camda. Mas foi na empresa Sakai Cia Ltda. que alcançou grande destaque profissional, o que o levou a morar em Santópolis do Aguapeí e depois em Andradina. Apesar da distância, nunca deixou de lado seu amor por Adamantina.

Em 1991, realizou o sonho de retornar à cidade. Pouco tempo após se aposentar da iniciativa privada, foi convocado, ao passar no concurso público, para atuar na Prefeitura, onde iniciou no setor de Promoção Social e depois assumiu a Biblioteca Pública Municipal. Lá, uniu seu amor pela história com ações educativas e culturais. Tornou-se contador de histórias, mantendo viva uma tradição familiar herdada do pai e da avó, além de revelar seu talento para escrever cordéis e paródias.

Durante anos, também assumiu o papel de Papai Noel da cidade. A missão era mais que simbólica: movido por lembranças de uma infância modesta, em que nunca recebeu a visita do bom velhinho, fazia questão de realizar os sonhos de crianças em situação de vulnerabilidade. “Achava que Papai Noel não gostava de pobre”, confidencia emocionado.

Na biblioteca, Passarinho sonhava com a criação de um museu municipal. O desejo se concretizou no ano passado, com a inauguração do Museu e Arquivo Histórico de Adamantina, ainda em fase inicial de acervo. “O museu ainda não tem 10% das memórias que guardamos todo esse tempo”, afirma.

Mesmo após atingir os 75 anos, idade limite para atuar como servidor efetivo, continuou colaborando como terceirizado, sempre presente em ações culturais, voluntariado na igreja e em entidades sociais.

Agora, aos 80 anos, João Benedito Passarinho se despede oficialmente da Prefeitura. Mas sua história está eternamente entrelaçada com a de Adamantina. Mais do que décadas de trabalho, ele deixa um legado de afeto, dedicação e preservação da memória local.

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