
A saga da emancipação político-administrativa de Adamantina é única na região da Alta Paulista. Nenhum outro município enfrentou tantos entraves nem levou tanto tempo para ser oficialmente criado. O processo de fundação se estendeu por 11 anos, entre 1937 e 1948, como relata o historiador João Carlos Rodrigues em seu livro Reviver Adamantina.
Tudo começou em 1937, com a chegada de engenheiros, técnicos e funcionários da CAIC (Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização) à área até então conhecida como Espigão Aguapeí-Peixe. No ano seguinte, foi aberto um caminho ligando Tupã ao então povoado de Adamantina, dando início à ocupação efetiva da região.

Em 1939, teve início o desmatamento da mata virgem, seguido da divisão e comercialização dos lotes na chamada ‘Zona da Mata’. Porém, em 1940, as atividades de desenvolvimento foram abruptamente interrompidas por conta de mudanças na Divisão Territorial do Estado.
A situação se complicou ainda mais em 1944, com a criação do município de Lucélia, a apenas 8 km de Adamantina. Esse novo cenário travou o progresso do povoado por mais dois anos. O historiador João Carlos Rodrigues destaca que o prefeito de Lucélia na época, Luiz Ferraz de Mesquita, viu na possível emancipação de Adamantina uma ameaça ao seu projeto de consolidar Lucélia como centro regional.

A disputa política se intensificou em 1945, quando a CPEF (Companhia Paulista de Estradas de Ferro) fez sua primeira visita oficial a Adamantina. Na ocasião, o diretor Heitor Freire de Carvalho anunciou que a cidade seria “Ponto de Linha” da ferrovia, chamando-a de “Joia do Sertão”. A reação de Lucélia foi imediata: iniciou-se uma batalha judicial para impedir que os trilhos da ferrovia chegassem ao povoado. A disputa durou três anos, até que a CPEF ameaçou desviar a linha férrea, passando a seis quilômetros ao norte de Lucélia, o que fez a resistência ceder.

Segundo João Carlos Rodrigues, a luta pela emancipação contou com o apoio decisivo dos deputados estaduais Cunha Bueno e Salles Filho. Em 1947, várias caravanas de moradores foram à capital paulista pressionar pela criação do novo município. A vitória veio em 1948, quando um grande plebiscito foi realizado, culminando com a promulgação da Lei nº 233 em 24 de dezembro daquele ano, que criou oficialmente o município de Adamantina, desmembrado de Lucélia.
A instalação formal do novo município ocorreu em 2 de abril de 1949, com a posse do primeiro prefeito, Antônio Goulart Marmo, e dos vereadores eleitos. A “Cidade Jóia da Alta Paulista” finalmente nascia, após mais de uma década de persistência, resistência e articulação política.
