Cerca de 200 ex-funcionários que prestavam serviços para a Usina Companhia Flórida, a antiga Floralco, em Flórida Paulista, retornaram para os estados do Piauí (a 2,3 mil km de distância) e do Maranhão (a 2,4 mil km), onde residiam, após fazerem um acordo com a empresa, na noite desta terça-feira (22).
O grupo, conforme o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, já não tinha mais alojamentos para dormir nem o que comer. Os trabalhadores aguardavam o pagamento dos salários atrasados, o acerto das rescisões trabalhistas e a viabilização do retorno para os seus respectivos estados.
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“Ontem [22], eu fui com mais dois trabalhadores ao Ministério Público do Trabalho [MPT] para falar com a procuradora que está cuidando deste caso, porém, ela não estava. O pessoal do MPT me informou que ela estava a par do assunto e que tomaria as providências cabíveis. Eu busquei a Justiça porque a situação em que eles [os ex-funcionários] estavam era crítica. Além de não terem comida, eles estavam havia seis dias na porta da empresa dormindo no relento”, afirmou nesta quarta-feira (23) a presidente do sindicato, Roseli Carlos de Melo Esposo.
Ainda segundo ela, quando retornou para a empresa foi informada de que uma proposta havia sido feita para o grupo de trabalhadores. “Quando retornei, fiquei sabendo que a empresa havia oferecido R$ 650 para cada trabalhador, mais o ônibus para eles retornarem para suas cidades de origem, com a promessa de que o restante do valor seria pago mais pra frente”, pontuou.
Diante do valor oferecido, o sindicato se mostrou contra a proposta. “Eu disse para eles que esse valor era muito baixo, que eles mereciam receber mais. Isso porque ali havia ex-fruncionários com direito a receber no mínimo o valor de R$ 2 mil pelos dias trabalhados, fora as rescisões. Outros teriam o direito a até R$ 6 mil. Ou seja, essa quantia não daria nem 10% do que era devido. Valia a pena lutar pelos direitos deles”, ressaltou Roseli.
“As leis deveriam agir mais quanto a isso, eu fiquei muito indignada e triste com o que aconteceu com estes ex-funcionários”, desabafou a representante.
A presidente do sindicato disse que foi informada de que o grupo teria feito o acordo no fim da noite. “Eu liguei para um dos trabalhadores e ele me contou que optaram por aceitar, porque a maioria havia aceito e que eles estavam com medo de perder a oportunidade de poder ir embora. Eu acredito que eles tenham tomado essa decisão devido à pressão sofrida. O psicológico destes homens estava muito abalado com tudo que estavam vivendo ali”, argumentou.
Ela disse ainda que o trabalhador com o qual conversou teria dito que “documentos foram assinados” por eles. “Como a empresa não solicitou a presença do sindicato, eu não sei qual o conteúdo desta ‘papelada’ que foi assinada. De repente, poderia até estar escrito que todos os valores devidos aos trabalhadores foram pagos, o que não é verdade. Mas aí já não compete mais a nós e, sim, à Justiça”, falou a presidente.
MPT
O G1 tentou contato nesta quarta-feira (23) com o Ministério Público do Trabalho (MPT), porém, foi informado de que só haverá expediente na instituição na próxima segunda-feira (28).
Outro lado
O G1 entrou em contato com a Usina Companhia Flórida, a antiga Floralco, e foi informado pelo Departamento de Recursos Humanos (RH) que foi feito um acordo com os ex-funcionários e que eles foram embora. Entretanto, o departamento alegou nesta quarta-feira (23) que não poderia dar mais detalhes, já que os representantes da diretoria não estavam na unidade.