Quando novembro chega, o comércio se enche de luzes, cartazes e promessas. É a Black Friday, esse fenômeno que parece transformar vitrines e sites em convites para o olhar e o impulso em guia das decisões.
As telas piscam, os preços caem e o coração acelera: será agora a chance de comprar o que sempre quis? Talvez. Mas, às vezes, o que reluz é só reflexo de uma boa jogada de marketing, pois “nem tudo que reluz é ouro”.
Por trás dos números e das etiquetas, existe um jogo de emoções. As empresas conhecem bem o poder do “último dia”, do “estoque limitado”, do “só até hoje”. Mas o consumidor também tem poder — o de dizer “não”, o de pesquisar, o de esperar. E, acima de tudo, o de lembrar que direito não é favor.
O Código de Defesa do Consumidor não é um manual frio de artigos, é um escudo silencioso que protege escolhas feitas com confiança.
Assim, a Black Friday é um teste de paciência e consciência, tendo em vista que comprar pode ser prazer, mas também armadilha, por isso, vale respirar antes do clique, comparar antes do carrinho e desconfiar dos milagres digitais.
A internet, com toda a sua praticidade, abriga tanto oportunidades quanto ciladas. Sites falsos, links suspeitos e mensagens “imperdíveis” aparecem como atalhos, mas muitas vezes levam direto à dor de cabeça.
Guardar comprovantes, anotar prazos e exigir clareza não são atos de desconfiança — são gestos de autocuidado. Ser consumidor é, de certa forma, exercer cidadania. É lembrar que por trás de cada compra existe uma relação que deve ser justa e equilibrada.
A Black Friday pode, sim, ser uma boa chance de economizar, mas também pode ser um espelho: ele mostra o quanto sabemos dominar nossos desejos, reconhecer nossos limites e valorizar o que realmente importa. Porque no fim das contas, o melhor desconto é aquele que não custa a nossa tranquilidade.
Email: [email protected]








