Às vésperas do feriado da Independência, o grito que ecoou em Lucélia foi de angústia e incerteza de parte de seus cerca de 20 mil habitantes, precisamente os clientes da agência da Cooperativa de Crédito Rural Cazola – Sicoob Credicazola, no centro da cidade.
A agência, na avenida Internacional, principal via comercial da cidade, no dia 5 de setembro teve decretada sua liquidação extrajudicial e, nesta semana, permanecia fechada, exibindo nas portas de blindex o comunicado do BC (Banco Central), assinado pelo presidente Ilan Goldfjan.
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Em Lucélia e nas cidades próximas, a liquidação extrajudicial da Cooperativa de Crédito Agrícola fundada em junho de 1994, a Credicazola, que posteriormente passou a operar com a bandeira Sicoob, foi o assunto que dominou as conversas no fim de semana prolongado.
A drástica medida do BC se deu em virtude da “situação de comprometimento econômico financeira da instituição, bem como a grave violação às normas legais e regulamentares que disciplinam sua atividade”. Também foi decretada a indisponibilidade de bens dos ex-administradores.
Dos seis ex-administradores com bens em indisponibilidade, cinco residem em Lucélia e um, Jair Padial de Godoi, mora em Adamantina. Os outros são Gilberto José de Arribamar, José Carlos Tazinazzo, José Roberto Andrela, Marcos Antônio de Souza e Nelson Pinotti.
A agência Sicoob Credicazola tem como interventor com amplos poderes de administração e liquidação Edison Alexandre Benedito, conforme nomeação do BC. A liquidação extrajudicial em instituições financeiras segue um regime especial e não o procedimento falimentar comum.
Essa condição liquidante visa a tornar o processo mais rápido, a medida que não há necessidade de ações judiciais. Talvez seja esse um consolo aos clientes, como um adamantinense que ficou com R$ 39 mil temporariamente bloqueados no banco em Lucélia e suspendeu a compra de um carro novo.
A liquidação extrajudicial tem a mesma finalidade do processo de falência, a extinção da instituição. Começa com a instauração de um regime executório no qual há a apuração do passivo e do ativo, para que se promova a venda desse, e consequentemente, se realize o pagamento dos credores.
Enquanto isso, as atividades do Sicoob Credicazola de Lucélia ficam paralisadas. Entre os serviços que prestava estavam previdência privada, crédito consignado, empréstimos, aplicação, poupança e consórcios de imóveis e veículos.
Seguro garante depósitos até R$ 250 mil
Na segunda-feira (10), por meio de ‘Comunicado Oficial’, o Sistema Sicoob informou que “as aplicações e depósitos de cooperados filiados à referida cooperativa estão garantidos até o limite de R$ 250 mil por CPF e CNPJ pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop)”.
Segundo conta no site do Sicoob Credicazola, “após a identificação dos depositantes e dos respectivos valores, a ser fornecida pelo liquidante [Edison Alexandre Benedito], o FGCoop divulgará em seu site e publicará na imprensa local edital com informações sobre datas, horários e locais dos pagamentos aos titulares de depósitos garantidos, na forma e condições previstas no Regulamento do Fundo”.
O Sistema Sicoob acrescenta que “os cooperados poderão obter informações sobre as operações junto a cooperativa com o liquidante. Cabe destacar que se trata de uma situação isolada que não interfere no patrimônio e na liquidez de outras cooperativas do Sistema”.