Conversão em local proibido, não utilizar sinto de segurança, não dar seta, usar celular enquanto dirige e não respeitar a sinalização. Quem circula pelo trânsito de Adamantina já observou alguém cometendo uma destas infrações ou desrespeitou a sinalização de trânsito alguma vez.
Em uma hora, em dois cruzamentos da avenida Rio Branco – um com semáforo e outro com pare –, o especialista em Segurança do Trânsito e consultor independente em Engenharia de Tráfego e Transporte, Horácio Augusto Figueira, constatou números assustadores de infrações de trânsito na cidade. A avaliação foi realizada na terça-feira (30), no período da manhã.
“No cruzamento com semáforo em que o condutor realiza movimento de conversão, onde se precisa dar seta para indicar se vai virar a direita ou esquerda, cerca de 50% dos motoristas cometeram algum tipo de infração. Ou esqueceram-se de dar a seta, estavam sem cinto, falando ao celular ou eventualmente arrancaram no vermelho antes de dar o verde. Por isso sou contra o regressivo vermelho. No verde, maravilha. Vermelho é largada de Le Mans, de Formula 1. Ainda faltam três segundos, e o motorista já vai para cima do pedestre. Então estou propondo retirar a contagem regressiva do vermelho, nos semáforos de Adamantina”, diz.
O especialista, que proferiu palestra na Semana de Engenharias da UniFAI (Centro Universitário de Adamantina), promovida em parceria com o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) e AEAANAP (Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Nova Alta Paulista), participará do projeto que busca adequação do trânsito local.
Segundo ele, os índices registrados na cidade não surpreendem. “Em São Paulo é no mesmo patamar, dependendo do cruzamento é igual ou até pior. Em outros municípios que fiz pesquisas encontramos a mesma situação. Então mostra um comportamento do brasileiro, que, quando sabe que não tem fiscalização distribuída por toda a cidade e não tem consciência, se sentem impunes, não respeitam as regras e cometem as infrações. E não é minoria, é em torno de 50%”, relata Figueira.
Já no cruzamento com “pare” a situação é similar de São Paulo, com mais de 100% de infração. “Como?”, podem questionar. “O motorista não respeitou a sinalização, não deu seta, não está utilizando o cinto e ainda está falando ao celular. Na pesquisa, em torno de 30 minutos, observei dois condutores que em um único movimento cometeram quatro infrações. Foi o tempo de três segundos, mas se o condutor roda a cidade inteira comete infrações em todas as esquinas. Ele vai acabar atropelando pedestres, se envolvendo em acidentes e gerando problema”, explica.
Outra situação encontrada durante a rápida avaliação foi de crianças sem cadeirinhas no veículo, conforme determina o Código Brasileiro de Trânsito.
“Observei aqui também uma criança no carro sem sinto de segurança. Em pé no banco traseiro do carro. Se o pai ou a mãe dá uma brecada, está criança vai morrer, vai voar pelo para-brisa. O pai vai dizer que é acidente. Não, o pai é assassino, sem saber, inconscientemente. Dizem: mas é pertinho, cidade pequena! Apresentei os índices do estado de São Paulo de mortes por 100 mil habitantes. Não é somente o caso de Adamantina, mas de todas as cidades pequenas. Os municípios com menos de 50 mil habitantes são os que têm mais mortes no trânsito por 100 mil habitantes, incluídas os da Nova Alta Paulista. Algumas não têm casos nem na área urbana e nem em rodovia. Mas, outras cidades, possuem índices maiores que de São Paulo. Se divide o número de óbitos por 100 mil habitantes, esta é a conta. A média da região está dando 20, na cidade de São Paulo o índice é de seis mortes por 100 mil habitantes”, constata.
Para melhorar a situação o especialista aponta duas medidas: conscientização e fiscalização. “Acredito na mudança. Todo mundo supostamente é habilitado. Temos que relembra-lo a todo instante, com campanhas e placas indicativas expositivas, que a Prefeitura deve colocar por toda a cidade com frases sem utilizam a palavra “não”. Por exemplo: seta, use sem moderação! E elas devem ser trocadas rotineiramente de lugar. A fiscalização tem que ser aleatória. Se divide a cidade em áreas, por exemplo, 40 setores, e se a corporação militar designar dois policias por turno, se implanta este sistema em uma semana. E se tiver agentes de trânsito, eles que fariam a fiscalização. Cada área será sorteada. A fiscalização tem que ser todos os dias, até aos finais de semana. Tem que ser aleatório, sorteio randômico, se repetir vai novamente. O que mudará no comportamento? A sociedade perceberá que a fiscalização pode ocorrer em qualquer ponto da cidade, tira o controle do cidadão”, finaliza