Chegamos a marca 110 mil mortes por Covid-19 e é espantoso imaginar que o próprio povo brasileiro que antes rezava e estava em luto por 7 mil mortes na Itália, hoje pede a reabertura de todos os espaços sejam comerciais, educacionais e outros. A Pandemia possui muitas fases, no início a negação do que está acontecendo, depois o desespero, até mesmo a raiva, que levou o número de violência doméstica sobre a mulher aumentar em 40%… porém, hoje vamos comentar o sentimento de frieza e a importância do capital no contexto atual.
GUARDA-MORTO?
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Uma morte que aconteceu na sexta-feira (14), iria ser normalizada, se não fossem as redes sociais, como as mais de 110 mil mortes, porém, nesse caso o tratamento foi diferente.
Manoel Moisés Cavalcante, 53 anos, promotor de vendas, trabalhava dentro da Sede do Carrefour no Recife, sofreu um infarto e veio a óbito no local, onde o hipermercado optou por cobrir seu corpo com guarda-sóis, tapumes, fitas e caixas de cerveja.
Segundo relatos de internautas o corpo ficou aguardando o IML (Instituto Médico Legal) por mais de 4 horas enquanto o hipermercado continuou a funcionar normalmente.
FOI MAL!
Depois de todo o ocorrido, depois dos lucros e, somente, depois da grande comoção dentro da internet, principalmente na terça-feira (18), o Carrefour tomou um posicionamento, lamentando pela morte, pedindo desculpas pela continuidade dos serviços, oferecendo assistência a família, se redimindo, explanando que prestou serviços de primeiros socorros ao Manoel e, mais, agora, segundo a empresa, caso haja mais algum falecimento dentro de seus estabelecimentos eles fecharão.
PANDEMIA SALVANDO A ECONOMIA!
“Eu fiquei indignada. O ser humano não vale nada, as pessoas só se importam com o dinheiro. Acho que era uma questão de respeito. Seria muita coisa se eles tivessem baixado as portas, mas no momento, não pensaram no ser humano, só pensaram no dinheiro. É um sentimento horrível”, comentou a esposa do Manoel, Odeliva Cavalcante, com quem foi casada por 29 anos.
Se analisarmos os dados, o sofrimento da senhora Odeliva mostra uma realidade distante do trabalhador brasileiro, somente no Brasil, 42 bilionários aumentaram suas riquezas – de maio a junho deste ano – em mais de 34.000.000.000 de dólares, muitos zeros, não?
Portante, a lógica do capital continuará dentro ou fora da pandemia, com mais ou menos 110 mil mortes, o lucro precisa chegar na mão dos donos dos monopólios e cabe a nós considerar um corpo no mercado normal ou não.