Fizemos essa semana, via Instagram, a primeira live oficial do Liceu de Inovação Tecnologia e Educação. Pautados no Setembro Amarelo nos propusemos a fazer uma série de entrevistas com profissionais da área para conversarmos sobre esse tema extremamente incômodo mas necessário, que é o Suicídio.
Sandra Helena Siqueira, terapeuta na área há mais de 30 anos e que atuou como sócia diretora de uma das mais respeitadas clinicas psiquiátricas de Salvador, abordou o assunto com muita coragem e propriedade. Afinal, vale a pena falar sobre isso?
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Claro que vale! Ela diz que falar e debater sobre esse assunto contribui muito para desmistificar o tema e perceber que o pensamento suicida, as tentativas e o ato em si são mais comuns do que imaginamos. No Brasil, a cada 45 minutos alguém se suicida, dentre esses, muitos jovens. Falar a respeito nos sensibiliza sobre o tema e nos faz mais atentos. O problema está sempre naquilo que não se fala, no que não se consegue expressar, no que fica escondido. Aí mora o perigo.
Sabemos que são múltiplas as causas do suicídio e dentre elas as patologias psiquiátricas tais como transtorno bipolar, depressão, dependência química e esquizofrenia compõem um grupo de risco importante.
E como perceber se alguém próximo está deprimido ou que pensamentos de morte e ruína estão tomando conta da mente de um amigo, filhos ou outro familiar? Sandra explica que a melhor atitude é a observação.
“Se a pessoa sempre foi extrovertida e sociável e do nada passou a ser introvertida, é bom ficar esperto. Se alguém engorda ou emagrece de repente ou ainda se deixou de sentir prazer naquilo que normalmente gostava muito, mudando de atitude, são indícios que no mínimo devem nos levar a ficar atentos. Pode ser início de um problema grave.
Pais e parentes próximos nem sempre conseguem perceber esses sinais, até porque, segundo a terapeuta, há uma tendência de que os pais “minimizem ou desculpem” o outro. Acham que isso vai passar. “Às vezes quem consegue ver é a escola, um amigo, um familiar”.
Realmente, o mais importante nesse contexto, é estarmos dispostos a escutar, compreender e dialogar. Uma capacidade aliás que vem sendo cada vez menos utilizada nesse mundo de tecnologia. Ter paciência e amor para escutar um amigo ou alguém angustiado é primordial e pode evitar consequências mais graves. Porque muitas vezes não somos sensíveis suficientes para ouvir o grito mudo de socorro de alguém que está próximo a nós.
É difícil para um pai ou uma mãe admitir – inclusive para si mesmo – que seu filho possa estar sofrendo, angustiado, depressivo. E na agonia da adolescência optar por terminar com isso de uma forma mais radical.
Recentemente soube que alguém muito próximo a mim, há alguns anos, havia tentado se suicidar. Eu havia estado com esse adolescente. Mas não percebi. Achei apenas que era mais uma crise normal da “aborrecência”. Não era. E nem mesmo ao ver os riscos no pulso, me toquei. E ainda comentei: “cuidado com isso. Você pode acabar se matando sem querer”. Não era sem querer. E o segredo durou muitos anos para vir à tona.
Aconteceu com alguém próximo a mim e eu não estava atenta. Pode acontecer com qualquer um de nós. Só que agora, é bom estarmos muito, muito atentos e darmos total atenção a todos os sinais.
O Setembro Amarelo e os profissionais da área de psiquiatria e psicologia vem para nos orientar, colocar o assunto às claras e salvar vidas.
Só temos que agradecer.
Quer saber mais sobre esse assunto: é só acessar nosso perfil no Instagran e as entrevistas no IGTV. Segue a gente lá ! @liceueducacional.