Descobri este som em 1998 (surgiram em 1994). Lembro certinho: eu, um primo e um tio estávamos no carro para um rolê. E aquele primo, vindo de cidade grande, já entrou logo dizendo para ouvirmos “O Rappa Mundi”. Ele continuou dizendo que o som era algo totalmente novo, e era. Ainda vivíamos “presos” à algumas tecnologias. Naquela época eram poucas as pessoas que tinham acesso à Internet, por exemplo. O que imperava eram as lojas de CDs (e seus altos preços) ou locações de DVDs. Ou melhor, uma gravação de DVD era um significativo passo.
O projeto O Rappa acabou em 2018. Marcelo Falcão completará 2 anos de carreira solo este ano. Suas músicas não trazem apenas uma “Uma súplica cearense” quando a “cera é tarrada”; suas músicas conectam o morro com o asfalto também (eles não são os únicos, me amarro nesta realidade: deve existir um enorme motivo para milhões de pessoas morarem nas periferias deste Brasil).
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O Rappa vai além do protesto, ele leva a mensagem do poder da Palavra do Deus que você segue de maneira multilateral. Os caras também abordam o cotidiano quando o trabalhador se locomove em sua “minhoca de metal” que corta a cidade; sem esquecer daquele futebol no Maraca ou defender as cores de pele tão conflitantes.
Reza a lenda que o nome da banda foi inspirado na expressão “olha a rapa” ou “olha o rapa”. Só se eu estiver muito enganado, ouvi dizer, nestes anos todos que acompanho os caras, que um dos integrantes trabalhava enquanto camelô. Vamos pela lógica: quem foge está devendo, como diz o povo. A expressão “olha a rapa” ou “olha o rapa” era para alertar a todos os ilegais a recolherem seus produtos.
Mas escolhi escrever esta semana sobre a O Rappa principalmente pra expor minha frustração no único show que fui deles. Eles trouxeram algo muito eletrônico o que não conectou ao som que eu sempre ouvi. Assisti o show, pois ainda assim eles não deixaram de transmitir a versatilidade que sempre foram. Viva O Rappa!