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Adamantina
quinta-feira, 3 julho, 2025

Genocidas

Ao amigo Fernando Soares Correa

Adamantina contabiliza 86 mortes por Covid. No Brasil já são 470 mil. Somos o segundo país em mortes no mundo. Infelizmente, quando este artigo for publicado os números serão maiores.

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Um amigo e antigo articulista dos jornais da cidade me ensinou que artigo de opinião em cidade pequena deve discutir temas locais. Seguirei o conselho. Vou falar de Adamantina, ou melhor, de parte dos adamantinenses.

Na última eleição presidencial, 15.088 eleitores (82,7%) deram seu voto ao atual presidente. A despeito de o candidato usar um linguajar violento, homenagear torturadores e afirmar que não sabia nada de economia ou saúde, a Cidade Joia e a maioria das cidades acreditaram que esse era o caminho. Contudo, não falemos aqui sobre 2018, mas de 2021.

O que preocupa não é mais o voto na última eleição, e sim o contínuo apoio que parte da população ainda dá a um governo que fatalmente deu errado. Não é recomendável discutir a sanidade mental do presidente, mas daqueles que ainda o veem como uma espécie de salvador, lhe conferindo atributos quase divinos.

Mussolini tem sempre a razão!, diziam os fascistas na década de 1930. Nas redes sociais, alguns adamantinenses parecem se comportar como os seguidores do ditador italiano. Memes do antigo capitão, adorado como mito, são compartilhados numa espécie de carta branca para tudo o que ele pensa e faz.

Há pouco tempo cidadãos locais fizeram manifestações contra as instituições e chegaram ao ridículo de, em frente ao Tiro de Guerra, pedir intervenção militar. Muitos deles eram antigos ocupantes de cargos públicos, eleitos pelo voto popular, mas que agora não se envergonham de pedir o fim da democracia.

Ouvir a rádio local chega a ser um teste de tolerância. Que a pequena imprensa aprende desde cedo ser lucrativo adular o poder público não é novidade, mas os elogios ao presidente e à sua desastrosa política beiram ao delírio. Essa mídia não se constrange de maltratar o ouvido e o cérebro dos ouvintes.

E a temerária atitude de profissionais da saúde que prescrevem medicamentos sabidamente ineficazes contra o coronavírus? Entre a ciência que os formou ou a politização da doença, preferem a segunda opção. Tratam a saúde pelo viés ideológico.

Poderíamos ter mais vacinas, mas não temos porque o presidente não as comprou. Sabemos que o remédio recomendado pelo “capitão” não funciona, que as máscaras são importantes, mesmo ele não as usando. Sabemos que não devemos nos aglomerar, mesmo assim ele causa aglomeração. Mas tais adamantinenses não se importam. Seja na rádio, nos consultórios, nas redes sociais ou nas conversas de família, ainda defendem aquele que promoveu a doença e com ela faz piada. Genocidas!

Essa multidão está do lado da morte e da mentira. O apoio de cada uma de tais pessoas repousa em cada sepultamento que poderia ter sido evitado se tivéssemos a vacina antes; se tivéssemos uma política de saúde, que nos foi negada! Suas postagens, suas falas, seus arroubos de cumplicidade não serão esquecidos.

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