Gustavo Adamo Marques De Pietro, 20 anos, 3º Ano de História na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Neste texto, vou abordar o filme O Jovem Marx (2017).
Esse filme foi escolhido num contexto do mês de maio, que além de possuir o mérito de conter meu aniversário, também é considerado ao redor do mundo o mês dos trabalhadores, tanto por conter o dia internacional dos trabalhadores (1º de maio) quanto por conter o aniversário de Karl Marx, pai do que viria a ser chamado de Materialismo Histórico Dialético, que pauta muitas lutas proletárias e sindicais. Durante o Mês de Maio serão publicadas colunas todas semanas, como forma de comemoração pela luta mundial que acomete a classe trabalhadora.
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O filme O Jovem Marx adapta pras telonas a biografia (ou parte dela) de um dos principais pensadores do que viemos a nomear de Socialismo Científico. Com direção de Raoul Peck e roteiro de Pascal Bonitzer o filme possui muitos méritos, entre eles está a seletividade do período histórico representado. O filme começa com Marx publicando no jornal e termina com ambos (Marx [August Diehl] e Engels [Stefan Konarski]) escrevendo o famoso Manifesto Comunista.
Outro dos méritos do filme além do casting dos personagens e a Química entre os atores em set, é mostrar os personagens não apenas como homens e mulheres, mas, acima de tudo, como humanos, com qualidades, defeitos e manias, sem endeusá-los nem endemonia-los. Tem uma cena em que a dupla aprecia um bom charuto, coisa que pega a pessoa que conhece a história apenas por cima desprevenida.
Mas sem dúvida, isso é um filme panfletário. Se partirmos do pressuposto que nenhuma produção cinematográfica é imparcial, visto que é uma expressão cultural, isso se torna menos relevante em relação aos outros méritos do filme. Se pararmos pra pensar que Top Gun é uma propaganda militar dos EUA, isso ainda sim não tira o mérito da qualidade do filme.
O Jovem Karl Marx procura mostrar as ideias que movimentam os personagens e como elas se aplicam na realidade cotidiana. Isso pode ser visto logo nas cenas iniciais nas quais Marx narra um conceito de propriedade enquanto, em terra alheia, camponeses pobres catam galhos de árvores do chão para usar como lenha e são punidos como criminosos ou, mais adiante, quando cita sua famosa frase “Os filósofos limitam-se a interpretar o mundo. O mais importante é transformá-lo” (que representa sua ruptura com os Jovens Hegelianos).
Sou de opinião que o filme deveria se chamar Os Jovens Karl Marx e Friedrich Engels, visto que é impossível falar de um sem falar de outro. Além de um grande acerto do filme ser a representação de Friedrich Engels, não o mostrando apenas como um “sidekick” de Karl Marx, mas também como um pensador independente. Talvez não devesse focar apenas na juventude dos personagens, deveria ter ido além, até a velhice. Vai ver não havia capital suficiente…
O Jovem Karl Marx é falado em inglês, francês e alemão, para atingir os principais pólos de cinema do mundo e, além do mais, o uso desses idiomas dá um caráter internacionalista ao filme. O filme é um bom exemplo de adaptação de biografias pras telonas, talvez não o melhor por falta de verba, dá pra perceber algumas limitações, mas ainda sim é um ótimo filme para se ver quando o intuito é se aprofundar nas vidas dos dois Filósofos.